Não podíamos deixar de visitar a nossa Feira de Santa Iria. De passear pelas barracas a ver os diferentes artigos à venda e as animações. Já nem falo da feira das passas, que essa perdeu toda a sua tradição. Sempre me lembro de ver toda a Rua dos Arcos, de um lado e doutro cheia até lá cima, com gente a vender passas dos mais variados frutos. Agora, resume-se a meia dúzia de pessoas na Praça da República, que nem iluminação têm à noite e que está completamente descaracterizada. Uma pena.
Mas o charme das barraquinhas persiste. E aqui faço um tributo à minha mãe que, pelo quarto ano consecutivo, não vem à feira connosco. Sempre que passava por aqui com ela, ela estava sempre atenta. E não deixava passar uma feira sem me oferecer uma utilidade doméstica. Já era da praxe. Eu fingia que não percebia nela a intenção, ela fingia-se desinteressada e assim passeávamos, a namorar todas aquelas peças que fazem o brilho de qualquer cozinha ou dona-de-casa. Já fiz bolos de arroz dentro daqueles arquinhos próprios, e ela escolheu logo os inoxidáveis para não se estragarem, e a verdade é que continuam impecáveis até hoje. E já peneirei muita farinha naquelas peneiras pequeninas, que às vezes também serve para apresentar o pão à mesa, juntamente com um paninho bonito. Momentos que não voltam, mas ficam...
Já andávamos a ressacar o cachorro quente, que só faz sentido comer aqui na feira, e não há como este. Pão caseiro cozido ali à nossa frente em fornos redondos, com a salsicha, batatas fritas e todos os molhos a que temos direito. É só uma vez no ano... Isto para desenganar quem pensa que vem à feira e pode comer lagosta, sapateira, caviar e outros acepipes requintados, como me foi dado a perceber em conversa. Aqui come-se o belo do frango assado, bifanas, sardinhas assadas, cachorro quente, castanhas assadas, churros, farturas, algodão doce, pipocas, e a boa da água pé. Aqui come-se à grande e à portuguesa.
Para a carraçinha, estes poucos momentos foram vividos com intensidade, em especial quando andou com as primas nos carrinhos-de-choque e nas motas-de-choque, que isto hoje em dia há de tudo em tamanho pequeno, para os pequenos usufruírem o que no meu tempo de miúda só viviam os grandes. Valeu a pena vê-los tão felizes. Ele, descansado no cuidado das primas; elas, orgulhosas da responsabilidade de guiarem o primo pelas loucuras que elas já conheciam. Muito bom de ver e de sentir.
Espero que o dia de ontem tenha sido de alegre festa, a comemorar mais uma "primavera" ;)
ResponderEliminarBeijos a todos e um especial para ti.
Um obrigada sincero! Este ano não foi especial, mas foi um dia bom como todos o são.
ResponderEliminarBeijinhos.