segunda-feira, 30 de junho de 2014

Ameixas







Ameixas, ameixas, ameixas. É só do que se fala por estes dias. Ameixas e batatas, claro, que o tempo está demasiado incerto para deixar as batatas já criadas debaixo da terra, não vão elas apodrecer, e então toca a cavar a terra desenfreadamente, como se não houvesse amanhã, para salvar as batatas que já estão gordinhas e prontas a encher a barriguinha. E como têm um sabor delicioso as batatas novas...
Mas é de ameixas que vou falar hoje. Ele é das amarelas, das vermelhas, das Rainha Cláudia, das de Sto. António, etc. Muita ameixa há por estes dias. Daqui a um tempo serão os tomates, mas agora são as ameixas.
Então é apanhá-las, já bem madurinhas, quase transparentes quando contra a luz do sol do fim de tarde, antes que venha a chuva incerta e elas caiam e apodreçam. Não, nós não vamos deixar que isso aconteça e então toca a apanhar ameixas, fazendo acrobacias mirabolantes para chegar aos ramos mais altos da ameixeira, onde estão as mais bonitas.
Barriga e doce são o maior destino delas. E cá em casa só cheira a doce, a cozinha está em desordem, a bancada e as mãos peganhentas. É um esterilizar de frascos enquanto elas cozem no açúcar, em lume muito brando. É um mexer de vez em quando para testar a consistência do doce. Huuummm... O aroma é tão bom, tão quente. E o sabor também. Quase duas horas ao lume, numa monotonia de mexer a colher de pau de quando em vez, mas é reconfortante estar com a barriga ao lume e viver a expectativa do que vai sair da panela para consolar o paladar com tostas barradas e leite quente com café e presentear os amigos com algo feito por nós.
Nesta minha nova vida, recomeço a perceber o ritmo das estações, que cada uma dá o seu produto próprio e que, criado e dado no tempo certo, tem outro sabor, o sabor do autêntico e do saudável. Recomeço a perceber que é uma delícia retirar o produto da terra e preservá-lo para o tempo que vem. Isso significa que é possível depender da terra para retirar dela aquilo que realmente precisamos para a nossa subsistência.
Viver assim, num ritmo mais lento mas intenso, faz-me ter um sentimento de desapego cada vez maior pelos supermercados. Não estou a virar fundamentalista, aliás este é um sentimento que me invade há alguns anos, ainda eu apenas sonhava o pouco que já vivo agora, mas é deveras frustrante chegar ao supermercado e trazer produtos mais baratos apenas porque eles se reproduziram rapidamente à custa de químicos e mais quimicos e não do tempo e do sol, para poderem produzir mais e assim rentabilizar a produção. Sim, irrita-me imenso estar inserida nesta cultura do produto rápido, quando o verdadeiro objectivo é o lucro de quem o produz e nem percebemos que ao pouparmos dinheiro em alimentos mais baratos, vamos gastá-lo mais tarde em médicos e farmácias.
Bom, mas é de ameixas que aqui vim falar hoje. Muitas, invasivas, ameixas por todo o lado na cozinha, mas é tão bom! Faz-me tão feliz saber que a terra nos abençoa e nós só temos de ser bons mordomos daquilo que ela nos dá. Estou muito grata por estes momentos únicos. Estou muito grata por poder perceber que o que fazemos hoje, tem consequências no amanhã e quero eu que o amanhã seja um pouco melhor. Basta trabalhar e prover. O resto acontecerá.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Este dia - de tão diferente, igual a tantos outros














Galinhas, galos, cantos e recantos, velharias, flores, terra. O mundo a que eu aspiro é já vivido por outros há muito tempo. Aquilo que eu anseio é já um modo de vida para muitos, seja por opção ou por falta dela. Encontrar o meu lugar neste mundo por estes dias é um desafio. Um desafio aliciante, com altos e baixos, alegrias e sobressaltos, mas sei que estou a aprender muito e sobretudo, a carregar em mim o fruto de uma pessoa, creio, mais amadurecida e resolvida. Tem sido muito bom tocar na terra, moldar o corpo ao trabalho ainda de iniciante e adaptar o espírito ao que é simples e suficiente. E nas horas vagas que faço acontecer, busco com todo o meu ser pela história e pelos conteúdos daquilo que ainda não conheço e delicio-me com o que encontro. E é tão bom sair desses momentos com o coração saciado e convencido de que estou a encontrar o meu lugar neste mundo ainda não totalmente revelado mas que me está a formar e tornar uma pessoa mais produtiva. De que forma, ainda não sei, mas também que piada tinha encontrar logo todas as respostas para todos os caminhos? O caminho faz-se caminhando, assim como a vida se faz vivendo, daí que a emoção esteja em moldar o dia de acordo com o que se descobre e vive nesse dia, e um dia vai dar lugar a muitos dias e quando vamos a ver, já vivemos um monte de dias úteis e preenchidos daquilo que nos deu vida e nos levou a dar vida a outros. É isto que faz sentido. De resto, continuemos a viver, um dia de cada vez.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Esta tarde







Uma tarde calma, que o nosso contexto não dá para mais. Usufrui-se o que se tem e o que se pode e graças a Deus por isso. Um regresso ao passado feito de uma forma inesperada, cheio de sol e nuvens cinzentas, como tem sido esta nossa Primavera e início de Verão. Mas esquecendo as intermitências do tempo, foi bom revisitar, ao fim de tantos anos, a igreja que um dia foi "minha", onde um dia, segundo a crença católica, fui baptizada com 5 anos e onde passei a minha adolescência aos Domingos a ir à missa para esconder o verdadeiro pretexto para encontrar amigos e descobrir a vida. O importante é que cresci com o temor a Deus e isso é algo que se constrói ao longo da vida, fruto da educação dos pais e fruto do próprio coração e não de paredes ou de denominações religiosas. Um regresso ao passado também na forma de contemplação dos velhos telhados que me viram crescer e esta sensação que não me abandona sempre que passo por aqui, onde sinto que os cheiros, a luz e o verde das árvores são diferentes e especiais neste local. Será mesmo assim ou será o meu coração que vê assim? Não sei e não me importo. Importa-me apenas a verdade e a vida. E a verdade é que a vida que vivo neste momento está cada vez mais resolvida com o passado. Tempo ainda para um vislumbre do que um dia já foi um sonho que não se concretizou mas que evoluiu no contexto de casa e de campo e que agora se traduz na forma de uma caravana no meio daquilo que já foi mato e que agora é um terreno cheio de vida e de sonhos.

domingo, 22 de junho de 2014

Esta manhã







Por entre raios de sol tímidos e nuvens cinzentas carregadas de água, fomos esperando o dia acontecer lentamente, cuidando da vida que existe na nossa casa. A manhã estava fresca, mas como a casa é quente, abrir as janelas foi tarefa apetecida. Enquanto víamos as pessoas com roupa primaveril a fugir da chuva que caía sem clemência, esperávamos o que o dia tinha para nós. E foi um dia bom. Mas também foi bom apreciar esta manhã mansa, na paz que aquieta os corações e os anseios nele contidos. E dar graças por todas as belezas que possuímos e que nada mais são do que as nossas riquezas sem valor.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Tributo

A minha fotografia


Esta foi uma semana difícil. Está a chegar ao fim e eu não sei como vão continuar os dias. Mas sei da importância das coisas simples e eternas, manifestadas no amor em forma de amizade. Foram alguns os consolos que me chegaram esta semana, sem saberem que o eram, mas sabia Deus que eu precisava de consolo. Nada que não se resolva, nada do outro mundo, simplesmente na hora da dor, dói e é por isso que escrevo assim.
Bom, isto para dizer que uma dessas coisas simples vem de alguém a quem presto homenagem hoje. Alguém que não conheço pessoalmente e com quem não troquei qualquer palavra para além dos comentários nos respectivos blogs. Tudo muito simples, mas constante, e essa regularidade tem para mim um peso enorme, que se manifesta em consolo. Este post é para si, Chica.
Ao longo do tempo, quase desde o início deste blog, a Chica tem feito a sua visita regular ao meu blog, deixando quase sempre um comentário. Não escreve muito, mas deixa o coração. De tal maneira que, sempre que vejo uma joaninha, a Chica vem-me ao pensamento. E não sei como pô-lo em palavras, mas o meu agradecimento vai em forma de oração, para que Deus consiga falar no seu coração o sentimento que eu não consigo escrever. Obrigada pela sua presença!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Que dia é hoje?



_ Que dia é hoje? - perguntou Pooh.
_ É hoje. - guinchou Piglet.
_ O meu dia favorito. - disse Pooh.

sábado, 7 de junho de 2014

Mais do mesmo


Mais do mesmo para quem apenas assiste. Mas para quem vive, há novidades todos os dias! Como chegar "a casa" e ver este ferreiro, de cores lindas, com as costas da cor da ferrugem luzidia.


E como ver que as batateiras já têm flor e estão quase prontas para arrancar.


E um espectáculo mesmo é espreitar o pica pau. De cortar a respiração.


Vem visitar-nos todos os dias e mal ele sabe que já é famoso e que a internet é o mundo dele, eh eh.


Com a parede do espelho também forrada com o mesmo papel floral, a nossa linda ganha outra vida e convida a ficar. Mas o exterior é tão apelativo, a terra chama-nos a toda a hora e há sempre imensos afazeres lá fora.


Como fresar a terra que está pronta.



Oh pra mim a pegar o touro de frente, como diria o meu padeiro agricultor. Falta-me a experiência, sem dúvida, mas com o tempo hei-de pegar-lhe o jeito, tenho a certeza. Vontade não me falta e é tão bom aprender a fazer de tudo um pouco.


Tempo ainda para admirar a obra da natureza em conjunto com a do Homem. Aproveitamos um tronco de oliveira oco, entalamo-lo entre dois sobreiros que, conforme vão crescendo, vão apertando o tronco e dando-lhe mais estabilidade para o fixar bem à terra. E depois é ver as flores crescer e dar cor e vida.


E também para observar as crianças, que brincam, inventando jogos e brincadeiras cuja imaginação ultrapassa qualquer filme de ficção.


Mas é tão bom vê-los a crescer em amizade.



Entretanto a noite cai. Hoje fica-se até mais tarde. A noite está serena o os pirilampos não tardam a vir visitar-nos, enchendo o ar de luzinhas de Árvore de Natal.



Foi o melhor que consegui. Tentei de outras maneiras tirar uma boa foto mas a verdade é que é bem mais divertido observar a vida do que "perder" tempo a tentar fixá-la dentro de uma máquina fotográfica. Porque as emoções só se vivem uma vez.

domingo, 1 de junho de 2014

O que fazes na vida ecoa na eternidade


Uma boa semana para todos, cheia de alegrias e bons pensamentos.