quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo

Hoje recebi um presente. Não foi este. Este foi oferecido antes do Natal pela minha carraçinha. Fez lá na escola e o embrulho é lindo.
Mas hoje, depois de uma semana meio conturbada, recebi um presente, um presente de valor eterno.
Para encurtar a história, desde que a carraçinha nasceu, e na altura em que comprava a Pais&Filhos, deparei-me com o Projecto Famílias Pais&Filhos. O projecto visa apoiar famílias carenciadas com bens materiais, entregues em mãos na instituição Ajuda de Mãe ou pelo correio. Aquilo sempre me tocou, porque li vários testemunhos de famílias ajudadas e de famílias que ajudaram. Ficava sempre emocionada com as leituras até que, há 2 anos, resolvi embarcar nesse projecto.
Já vamos na ajuda à segunda família, porque a primeira conseguiu reorganizar-se e deixou de necessitar do nosso apoio. E o presente que recebi hoje foi a notícia de que esta segunda família seguiu os mesmos passos e está agora a voar sozinha. Que bom!!! Tão bom!!! Isto leva-me às lágrimas.
Como tão pouco faz alguma diferença na vida das pessoas. A nossa ajuda é muito básica. Limita-se a fraldas, leite, produtos de higiene. Dentro do que posso dar, que sei ser tão pouco, estas pessoas fazem-nos sentir como se lhe déssemos o mundo. Talvez elas vejam as coisas assim. Eu vejo como Deus é tão bom neste ciclo da bênção. Se eu própria sou abençoada tantas vezes, esta bênção tem de ser repartida com outros. Na volta, o prazer de saber que estou a fazer uma pequena diferença na vida de alguém é o maior presente de todos. Preenche-me totalmente.
Deixo-vos hoje com esta mensagem, que tem por verdadeiro objectivo mostrar o quão feliz estou com a notícia de hoje e mostrar como vale a pena, sempre, mesmo sem recompensa, mesmo sem retorno, pensar em quem está ao nosso lado.
Que o próximo ano possa ser um círculo de bênçãos sem fim na vida de todos.
Feliz Ano Novo!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Trabalho

O meu primeiro esquema de trabalho na minha loja, quando ela ainda estava aberta. Estava eu a bordar um quadro quando entra uma senhora a perguntar se eu bordava para fora por encomenda. Ela queria uma toalha para o enxoval da neta e trazia a toalha, linhas e esquema. Era isto que ela queria.

O efeito era muito simples mas muito bonito também e as pessoas que entravam gostavam tanto, que perdi a conta às toalhas e panos de tabuleiro que bordei com este esquema.

Estes já seguiram para a minha cliente. Cliente dessa altura, que ficou amiga até hoje. Daquelas amigas com quem tomar um cházinho com bolo morno numa chávena bonita, é um prazer demorado. Muito bom.
E segue-se esta toalha rústica com papoilas de uma Para Ti de há muitos anos atrás. Está a ser um prazer. Demorado também, porque a toalha é enorme. Está a ficar bonita e vai ficar linda no fim, quando estiver pronta, pronta a servir um belo jantar com gente alegre à volta da mesa.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ano Novo

Passado o Natal, já se fala no novo ano que aí vem. Já a semana passada me perguntaram quais são as minhas resoluções para 2011. E a resposta é sempre a mesma: não tenho!

Há muito que me deixei disso. Fazer planos para um ano inteiro, acho que é uma frustração. Muitos deles não se chegam a concretizar porque não controlamos todas as circunstâncias da vida. Além do mais, grande parte das resoluções, sendo de origem não material, são de concretização diária ao longo da vida, e isso tanto pode ser uma resolução para 2011 como para daqui a vinte anos, dependendo do tempo que cada um demora a processar os projectos dentro de si e a pô-los cá para fora.

Não penso nisso. Não como passas, não peço desejos, não faço planos dessa ordem. Vivo um dia de cada vez. A minha resolução é sempre igual: viver mais do mesmo. Ou seja, se morrer hoje já morro feliz, e enquanto não parto, o meu maior desafio é crescer enquanto ser humano, vencer os meus medos, as minhas inseguranças e as minhas fraquezas e virar-me mais para o próximo. De resto, como diz a velha frase, não tenho tudo o que gostaria mas, definitivamente, tenho tudo o que preciso. E o que preciso é o que tenho para ser feliz e isso basta-me.

E o meu desejo é que cada um possa aperceber-se das bênçãos que tem à sua volta, deixar-se inundar por elas e viver uma vida bem projectada e bem perspectivada, sem pressas, sem ambições inúteis, sem sentimentos infrutíferos. A vida é muito mais do que aquilo que muitas vezes fazemos com ela.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Pequeno-almoço

Se há coisa que adoro, são os pequenos-almoços a seguir à noite de Natal. É puxar a película transparente que se pôs para os doces não apanharem pó para trás, fazer uma caneca de leite bem quentinho com chocolate e ir depenicando.

Não há melhor. Sem pressas, degustar toneladas de colesterol. Mas que sabem tão bem porque só são apreciadas uma vez por ano.

Para as amigas brasileiras que vêm aqui, quero deixar uma nota engraçada à volta do nosso "pequeno-almoço". Quando visitámos o Brasil, há muitos anos atrás, os nossos amigos fartavam-se de rir connosco quando dizíamos que íamos tomar o pequeno-almoço, que vocês aí dizem café da manhã. Então o Gigde tentava ser solidário mas em vão, e só conseguia convidar-nos para o "pequeno-café", "grande-almoço", "almoço da manhã". Eu e o meu marido só riamos e ele atrapalhado, mas bem que gozou connosco, enquanto a Sônia encolhia os ombros porque já conhecia tudo isto, ela que já tinha cá estado comigo umas semanas.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Consoada

Eu bem avisei a mana que esta era uma ceia de Natal, não um banquete de casamento.

Mas, como podem ver pela ementa, ela não me ligou nenhuma. Acho que, mais uma vez, ela pensou que o mundo ia acabar, e estava na intenção de levar os restos para o outro mundo que começasse.

Adorei quando entrei na cozinha e as sobrinhas me guiaram para a parede, onde já estava a ementa colada, para que constasse. Voltei a folha e...

Adorei! Estas miúdas não param. É tão bom rir. Espero que todos se tenham divertido, rido, feito rir, posto a conversa em dia, abraçado, chorado, pulado, cantado, espero que todos tenham vivido todas as emoções a que têm direito e se não viveram, se Deus quiser, para o ano haverá mais Natal!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal a todos!

Desconfio que esta semana terei pouco tempo de vir aqui. Não por causa do stress que envolve toda esta quadra, porque me recuso a fazer parte completa desse mesmo stress. Esta é uma época de repouso tanto quanto possível, de paz, de quietude. E toda a azáfama que envolve os preparativos para acolher as famílias deve ser feita com alegria, e não com a ansiedade e o nervosismo que vejo nos amontoados de gente na rua e nos centros comerciais.
Não vir aqui deve-se ao tempo que tenho dado às sobrinhas, numa tentativa de lhes voltar a dar a paz que o tornado varreu dos corações delas, do meu trabalho que se intensifica nesta altura, do meu filho que anda de saúde meio periclitante e claro, da minha própria gestão do tempo com tudo isto e com o Bolo Rei, rabanadas, velhoses, coscurões, pão, etc. Menos mal, que este ano não me calha a ceia. Vamos todos recambiados para casa da mana.

A todos, desejo um Feliz Natal! Relembrando que o verdadeiro sentido do Natal é Jesus. Relembrando que Ele nasceu para nos dar uma nova vida e uma vida diferente. Uma vida leve neste mundo pesado, uma vida com perdão, com alegria, com paz, com misericórdia, com serenidade, com amor. E sobretudo, uma vida com esperança, esperança aqui, e esperança numa vida eterna com Ele. Ele nasceu porque Ele é bom. Ele nasceu por isto e para isto. Não para nos servir, tal e qual o génio da lâmpada, para satisfazer os nossos desejos. Às vezes achamos que devemos ter as coisas à nossa maneira, mas nem sempre a nossa maneira é a maneira dEle.

Como tal, diante das adversidades da vida, enquanto a tempestade passa, se nos deixarmos levar por Deus, será muito mais fácil. Se lutarmos contra a tempestade, lutaremos com as nossas próprias forças e o nosso esforço será em vão ou então sairemos esgotados desta tarefa. Carregados por Deus, seremos guiados na direcção certa e ainda consolados pelo caminho. É muito mais frutífero.

E agora vou pregar para outra freguesia, que o meu filho reclama fome. Como dizia a sogrinha: é no comer que está o espantar das doenças. 'Bora lá!
Mais uma vez, Feliz Natal a todos!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Amigo mágico

Eu estava na cozinha a preparar o jantar. A carraçinha andava de volta de mim a tagarelar e a ver o que eu estava a fazer. O pai entra na cozinha, no momento em que ele estava a dizer: "Eu tenho um amigo mágico..." Disse aquilo com tanto mimo, que eu perguntei: "Ai é, filho? Quem é?" "És tu, papá." Que bom... Estas são as maiores declarações de amor em todo o mundo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Muito, muito frio

Estavam 3 graus negativos quando fui pôr a carraçinha à escola, hoje. Brrrrr.... Divertimo-nos pelo caminho a fazer fuminho com a boca, mas até doía. Ele não tinha frio, como homem quente que é e bem agasalhado que estava, mas eu tinha as mãos engadanhadas. Brrrrr....
No caminho para Caxarias, não resisti a parar. Vi tantos campos branquinhos, telhados cobertos de gelo e gente vestida como se fosse para o Pólo Norte. Lindo!




O sol brilhava, mas a meio da manhã, as nuvens foram surgindo, altas.

E ao meio-dia ainda estava assim:


Adoro este tempo! Ainda falei com um senhor que costumo inquirir, que tinha tirado umas fotos giras de todo o gelo que tinha visto, toda animada que estava. "Giras?! Giras é na Alemanha!" Pois, mas cada um goza o que pode, certo? E eu fiz o meu melhor neste dia, a apreciar toda a beleza gélida que se encontrava à minha volta. A beleza daqueles cristaizinhos de gelo sobre a erva, ninguém me tirou! E depois, como o meu trabalho é andar, não tive assim tanto frio, n'é?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Malandra


"Oh mãe, porque é que a lua há bocado estava na escola e agora está aqui no avô?"
"A sério, filho? Malandra..."
Já me fez esta pergunta umas quantas vezes. Eu já lhe respondi. Conclusão: os meus conhecimentos de astronomia infantil deixam muito a desejar! Mas adoro estas perguntas. Só me fazem ter vontade de abraçá-lo e responder a tudo o melhor possível. "Onde é a cama do sol?"

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A nossa tarde

Foi uma boa tarde, a de ontem. Estava frio e depois de sair da escolinha, a carraçinha e eu fomos ao avô entregar umas coisas e ficámos. Estava-se tão bem. O sol dava algum calorzinho e estava-se bem cá fora a admirar todas as maravilhas da natureza que resistem às agruras do frio. O alecrim, por exemplo, que está cheio de flor.


A carraçinha tomou conta do pedaço e fomos ficando, até porque o avô estava de feição e acompanhou-o em todas as brincadeiras.


Ele foi martelar, serrar, tudo foi arranjado por ali... ou não... Mas a verdade é que a minha riqueza leva jeito na coisa e ainda vamos ter aqui um carpinteiro sem igual.

E eu ia deambulando por ali. Andava tão contente, que qualquer ervinha me chamava a atenção.

As árvores já estão praticamente despidas por ali. O sogrinho acha que é triste. Eu não. Acho que é próprio da natureza. E se o Inverno leva as folhas e as flores, traz o aconchego da lareira, do cheiro da terra molhada, do orvalho na erva, do brilho limpo do sol, do encosto a uma parede soalheira em busca de calor e de uma boa conversa, e tantas outras coisas. É tudo uma questão de perspectiva. Ou talvez pense assim por ainda não ter oitenta anos. Sei lá...


Com as árvores despidas, os ninhos aparecem a descoberto, mas agora já não há problema, porque os ovos já não existem e os passarinhos já foram embora. O modo como a natureza age de forma tão perfeita, encanta-me. E dá que pensar. Aqui, a carraçinha, não contente por o ninho ter caído para o chão por falta do amparo das folhas, quis que eu o voltasse a pôr no ramo. Será que ele pensa que o passarinho está com saudades de casa?

É só esperar mais um bocadinho, e já se vão comer laranjas daquelas bem doces, de lamber os dedos do sumo que fica.

E mais outro bocadinho, e vão ser saladas e sopas cheias de agrião. Todos os anos apanhamos aqui uma barrigada deles. Abençoado ribeirito que passa aqui junto ao muro. Faz-me lembrar quando eu era mais nova e o meu pai nos levava a uma nascente perto do Agroal e lá apanhávamos carradas de agriões. São tão bons...

Ficámos até o sol se pôr. O frio já estava mais intenso.

Tempo ainda para registar o cata vento que o sogrinho engendrou. Em dias de vento não se pode estar ali. É uma chiadeira... Acho que um bocadinho de óleo faria milagres por ali, mas ninguém me liga...

A lua espreita, anunciando a noite que vem. Não apetece ir para dentro. Mas fica escuro e mais frio e estamos quase a ir embora. Só mais um bocadinho, para brincar à casa assombrada com o avô. Escondem-se lá para dentro e só ouço barulhos estranhos. Vou escutar à porta a ver se está tudo bem. Ouço rir. Eram os fantasmas que estavam a tentar assustá-los, mas acho que estes eram brincalhões porque os faziam rir...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Minhas casinhas velhinhas




Passo por elas tantas vezes durante o trabalho. Chamam sempre a minha atenção e têm sempre o seu encanto, faça chuva ou faça sol.
Como já é aqui sabido, tenho um fraquinho por casas velhas. Não sei bem porquê mas, ao pensar nisso, ocorre-me sempre uma comparação com aquilo que eu sinto pelas pessoas.
Sou uma pessoa um pouco fechada, não sou do tipo que conhece um grupo de pessoas e fica logo amiga de toda a gente. Mas, no meu coração, não rejeito ninguém. Gente pobre, com aspecto pouco popular, metidas a um canto ou com elas próprias, apontadas pelos outros por este ou aquele feito ou este ou aquele defeito, são aquelas de quem me aproximo mais facilmente. É assim desde a escola primária até à universidade. Até hoje.
A rejeição dói e desconstrói. Ser julgado sem se conhecer o coração, dói e desconstrói.
A prioridade é conhecer o coração, o que exige treinar a visão naquilo que não se vê. E já tive tão boas surpresas. Cada pessoa é um mundo a descobrir. O corpo, a roupa, até muitas palavras, são só fachada. Quando se abre a porta e se permite entrar, poderemos encontrar um interior por pintar, rebocar, reconstruir, pôr portas e janelas. Se houver possibilidade de pormos mãos à obra, ficamos sujos nesse processo, mas vamos limpando esse interior e deixá-lo a respirar melhor e a ficar mais belo. Muitas vezes, só o entrarmos já muda todo o cenário. Quanto a nós, depois é só tomar um banho e ficamos todos como novos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fim-de-semana

Depois de termos ido cantar os Parabéns à mãe e avó, fomos procurar musgo para os presépios. Foi um fim-de-semana intensivo. As sobrinhas e a mana não estão a superar muito bem o pânico causado pelo tornado e então passámos o máximo de tempo possível juntos. Pelo menos a A., que estava a deixar de comer (e olhem que ela é uma enfardadeira - sai à tia!), mais relaxada, com todos juntos cá em casa, comeu a desforrar. Valente!

A catequista delas afirmou que fazia mais sentido pôr o menino Jesus nas palhinhas na noite do dia 24. E eu pensei: olha... pois é... Era giro viver na expectativa da chegada do Salvador. Mas ninguém lhe ligou, nem a ela nem a mim. E lá deixámos o menino Jesus.



A carraçinha estava em ânsias para fazer o presépio, mas afinal foi a I. que pôs aqui todo o seu empenho. E que bom que foi. Entre gargalhadas, tropeções, conversas e comida, passámos mais um fim-de-semana de apoio à família.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Capela

Ao longe, parece uma simples casa em ruínas. Ao perto, assume um ar mais religioso. E o nome da rua não deixa dúvidas: Rua da Capela. O único edifício desta rua. Não sei há quanto tempo aqui está, mas esta foi uma capela. E tão bonita.
Tirei estas fotos a semana passada, naquele dia frio em que a água deitava fumo. No caminho de volta, rumo a Ourém, numa curva, olhava sempre para estas ruínas. Naquele dia, resolvi ir ver mais de perto. Não resisti.
E que bem me senti. Estava frio, mas o meu casaco deixava-me confortável. Só apetecia rodopiar de braços abertos e gritar yupiiii!!!!!