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terça-feira, 22 de novembro de 2016

O nosso azeite







Ai, como eu gosto deste clima frio e húmido, cinzento e agreste. Um dos melhores dias da minha memória recente foi precisamente o último Domingo. Choveu praticamente o dia todo, mas que bem que soube ficar aninhada no sofá a continuar o cinzento da mantinha de Outono, entrecortada por conversas ocasionais ao sabor da inspiração. A salamandra eléctrica sempre a bombar, o forno a fazer um bolo e a cunhada a bater à porta para falar qualquer coisa. Há muito tempo que não tinha um dia assim, inteiro, tão quieto e tão saboreado. A chuva caía lá fora, o vento uivava de vez em quando e a tarde escura transformou-se em noite, trazendo consigo o descanso.
Não tenho estes momentos, muito menos estes dias, como adquiridos. A vida pode mudar a qualquer instante e com o emprego que tenho, a minha "mangueira de bombeira" tem de estar sempre pronta para qualquer eventualidade e a qualquer hora. Como tal, é com gratidão e satisfação extras que vivo dias assim.
O Outono prepara-nos para a introspecção, para o recolhimento, para o voltarmos a conhecer-nos a nós próprios, para a renovação das forças que se esgotaram com o fulgor do Verão. E é no Outono que vivo com mais intensidade, porque me sinto mais quieta para apreciar os bons momentos. Como o que vivemos há semanas atrás, quando fomos trocar a nossa azeitona pelo azeite do lagar.
Fomos à tardinha, já era noite, que os dias agora são mais curtos. O frio cortava, nesse dia. E num espaço amplo como o do lagar, mais ainda, pois o ar ali circula livremente, e castiga quem não se mexe!
Adoro ir ao lagar! Sempre gostei, desde pequena. Só tenho uma grande pena por não podermos ver o processo completo da moedura da azeitona, devido às leis actuais. Mas o cheiro, ai o cheiro, esse ainda é o mesmo. Assim que abri a porta do carro, caí em êxtase. Só por aquele cheiro tinha valido bem a pena ter lá ido!
A azáfama era enorme, num entra e sai de carrinhas carregadas de sacas de azeitona, de carrega e descarrega, pesa e tira, espera e troca. No nosso caso foi rápido. Bastou esperar a nossa vez e fazer a troca da azeitona pelo respectivo azeite, num compartimento à parte.
Tudo ali era aproveitado. A torneira por onde saía o azeite tinha um "pucarozinho" para não desperdiçar nem um pingo e despejar o líquido para dentro do nosso garrafão também era feito com muito cuidado, lentamente, até à última gota. Líquido precioso, se o estávamos a pagar, quem nos estava a vendê-lo respeitou isso muito bem.
Aliás, foi algo a que fui sensível este ano: eram rapazes novos quem estava a trabalhar no lagar, com garra, com desenvoltura e com muito respeito pelo que faziam. Nesse aspecto, foi como voltar lá atrás no tempo. Mudaram as técnicas, a essência não. Pelo menos não naquele lagar. E isso deixou-me muito feliz.
Não há sabor que bata o do azeite vindo do lagar. Não há sabor que bata o das batatas com couves regadas com o azeite novo. Não há cheiro como o do lagar. Nem há maior gosto que ver a carraça a molhar o pão no azeite.
Por tudo isto, por todas estas experiências e vivências, o Outono é uma estação maravilhosa!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Lagar

No final do ano passado não fiz a habitual "romaria" ao lagar para comprar azeite. Aliás, toda a metade do ano passado saiu fora do meu habitual. Mas no meu trabalho vou-me deparando com preciosidades destas, já em desuso, mas que me fazem recuar a tempos idos, aos velhos cheiros e cores e maneiras de fazer azeite. Tão mais puro, então... Ficam estes pedaços de ruínas para nos lembrarem que talvez seja possível lá voltar...



segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lagar

Hoje foi dia de ir ao lagar e trazer azeite. Daquele com cor, aroma, textura e sabor de azeite. À séria. Meu Deus...



Foi bom demais sentir aquele perfume no ar e aquela cor de ouro a jorrar para dentro dos garrafões. A carraçinha estava numa agitação só. Queria ver tudo, saber como tudo se processava, adorou ver as máquinas a trabalhar e fez milhões de perguntas. E fez questão de nos ajudar com os garrafões. Andava tão mimocas diante da alegria de ver uma coisa nova e boa. Foi muito bom.