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quarta-feira, 21 de junho de 2017

Enquanto houver passarinhos, há esperança...







No meio da tragédia, se há coisa que aprendemos é que a vida continua. Ela não pára e nós temos de prosseguir. E no processo, aprendemos (ainda mais) a valorizar o que é importante.
Porque a vida dá-nos lições todos os dias e algumas delas, doces. 
Hoje aconteceu um episódio fantástico na clínica, no meio do negro dos dias que se têm vivido. No momento, pouco depois da hora do almoço, estávamos apenas eu, a colega, o doutor e a paciente. No fim da recepção, consulta, tratamento e pagamento, esta voltou um tempo depois com uma caixa que nos deixou em cima do balcão, com o maior sorriso nos lábios: "Não é por mais nada, apenas pela vossa simpatia." E saiu. Foi lindo!! Eram três pasteis de nata, um para cada um de nós. Oh delícia!
Mas o mais interessante é constactar que, de entre os pacientes que mais se mostram gratos pelo nosso atendimento, a sua gratidão não se deve apenas ao atendimento em si, que sim, prezamos que seja ao nível da excelência, sem excepção, mas pelo mesmo sentimento de gratidão que existe dentro de cada um.
Aqueles que mais nos agradecem a nossa simpatia, são eles próprios os mais simpáticos. Creio que, sem o notarem, apenas vêem em nós a amabilidade que eles próprios trazem e assim fluem estes bons sentimentos de uns para os outros, enchendo os nossos dias e fazendo o nosso trabalho valer a pena. Se nos dizem que com isso lhes damos parte da saúde, talvez me lembre de, para a próxima, lhes dizer que eles são a nossa motivação para ir trabalhar todos os dias!


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O meu dia










Deste meu dia de trabalho, foi isto que me inspirou e que eu respirei, deixando-me inebriar pela beleza deslumbrante do outono, com as suas cores, cheiros e sons. É por isto que eu vivo, lembrando um amigo que dizia: "Se não tivermos uma causa para viver, como teremos uma causa pela qual morrer?"

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Lagar

No final do ano passado não fiz a habitual "romaria" ao lagar para comprar azeite. Aliás, toda a metade do ano passado saiu fora do meu habitual. Mas no meu trabalho vou-me deparando com preciosidades destas, já em desuso, mas que me fazem recuar a tempos idos, aos velhos cheiros e cores e maneiras de fazer azeite. Tão mais puro, então... Ficam estes pedaços de ruínas para nos lembrarem que talvez seja possível lá voltar...



sábado, 14 de janeiro de 2012

Que susto

Podia ter enquadrado melhor a imagem, por forma a dar uma melhor ideia da situação. Isto foi o que vi ao entrar no meu carro e fechar a porta. Olhei para o lado do "pendura" e eis que vi esta cabeçorra enorme a olhar para mim, como que a querer entrar janela adentro. Sim, foi um susto o que apanhei, e quando voltei a mim, só consegui rir e sacar rapidamente da máquina para registar o momento, não fosse o animal sair do meu horizonte, o que aconteceu logo a seguir... O meu trabalho é uma aventura!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Registos do dia de hoje



Foi um dia lento. O trabalho parece que não andava para a frente e cheguei até um pouco mais tarde do que é costume. Deu tempo para reparar em muitas coisas. O céu estava azul, bem azul, com algumas nuvens fofinhas. Diante de mim surgiu o campanário de uma igreja, coisa pela qual sou deliciada. Campanários fazem parte do meu imaginário infantil, não sei bem porquê. Fontes de água fresca que jorra sem parar, coisa rara nos dias que correm. Casas antigas com gente dentro, talvez nas limpezas para receber as visitas do fim-de-semana, a avaliar pelos tapetes pendurados nas janelas. A vida gira e gira sem parar, sempre no seu ritmo certo; incerto, só o nosso próprio ritmo, às vezes.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Trovoada

Durante a tarde havia um prenúncio de tempestade. Apressei o passo durante o trabalho para não me chover em cima. As nuvens iam-se avolumando à volta, ficando cada vez mais carregadas, mais negras. Ao longe ouvia-se o som dos trovões. Depois começaram a ver-se raios a rasgar o céu.

Gosto tanto de trovoadas. Gosto de sentir o risco que envolve ouvir e ver tamanha força da natureza. Adorava conseguir fotografar um raio a rasgar o céu, mas ainda não consegui essa proeza. Quando falo estas coisas, a maior parte das pessoas arrepia-se e olha para mim como quem diz: "olha, esta é doida" e respondem sempre: "Ai eu não gosto nada de trovoadas, eu tenho muito respeito." Mas eu também tenho respeito! Todo o respeito. Porque sei quem criou a natureza, quem tem sobre ela todo o poder. E é por isso mesmo que eu descanso, que não tenho medo, ou pelo menos, não o medo que me leva a esconder e a fechar os olhos para não ver. É aqui que eu sei que temor e medo são duas coisas bem distintas.

Onde eu estava ainda havia sol, mas lá ao fundo já chovia. Nesta altura já estava em direcção a Tomar, e sentia-me mais reconfortada, sabendo que a casa estava perto.

Consegui acabar o meu trabalho debaixo do vento que juntava as nuvens, do barulho dos trovões e da luz dos relâmpagos, mas não me chegou a cair uma gota de água em cima. Terminei, fui buscar a minha carraçinha e regressámos a casa sãos e salvos, cheios de fome e aconchego.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Que dia tão rico

Este foi um dia cheio de surpresas.
Em jeito de começo, o cinzento dos dias foi deixado para trás e hoje, finalmente, esteve sol à séria.
E parece que, com ele, tudo se exibiu em esplendor e fez sobressair o seu melhor.
Durante este meu dia de trabalho fui ter a uma casa, como já fui tantas vezes. Fica num beco. É velhota. Tem um quintal ao lado com algumas sementeiras e ao fundo, um monte de tralha. Quem a habita é um casal também velhote. Geralmente é ele que me atende, porque anda sempre cá por fora no quintal. Curvo, com roupas velhas, ninguém dá nada por ele. Hoje não estava cá fora e tive de entrar quintal adentro e bater no vidro da janela para me fazer ouvida. A porta estava aberta e a luz do sol inundava o interior. Fiquei extasiada. Lá dentro, em cima do sofá e pelas paredes, uma colecção enorme de quadros, emoldurados ricamente. Representavam paisagens, na sua maioria de Torres Novas e algumas praias. E na entrada estava aquilo que, durante a quadra do Natal foi a aldeia do presépio, toda em cortiça. Naquele velhote, estava o poder de dar vida a materiais e telas de uma forma tão amorosa e impressionante. Fiquei tão comovida. Foi a mulher que me disse que era tudo obra dele e ele, que tinha vindo à porta, escondeu-se. Talvez por humildade, talvez por timidez, ou até mesmo por antipatia, sei lá. Mas sem dúvida, um coração a descobrir.
Da parte da tarde, passei numa rua onde, desde sempre, vi um senhor, também velhote, a cuidar de um quintal enorme, cercado por muros e rodeado de casas. Uma espécie de oásis no meio do deserto. "Sabe, isto não é meu. Mas moro aqui perto e os donos, que moram longe, deram-me esta terra toda para cuidar." E a verdade é que o quintal estava sempre repolhudo, uma beleza. Isto já foi há uns anitos e ultimamente não tenho visto o senhor e o quintal parece até um pouco abandonado. E pensei: se calhar o senhor está doente ou então já morreu. É que já morreu tanta gente durante estes anos neste serviço, algumas que me deixam saudade e a pensar na vida. Mas é assim mesmo e não podemos fazer nada... E qual não foi a minha surpresa quando, hoje, vi o senhor! Lá estava ele, agarrado à bengala que nunca lhe vi mas ainda assim, com a enxada na outra mão a cavar a terra. Fantástico! Fiquei tão feliz.
E para finalizar, quando fui buscar a minha riqueza, já quase escuro, todas as cabeças olhavam para o ar. É que, lá no alto do telhado, numa antena de televisão, estava um pássaro numa melodia única. Há tanto tempo que não ouvia um cantar tão bonito. Não reconheci a espécie uma vez que estava a escurecer e se só se lhe via a silhueta. Nada o demovia. Nem o barulho dos carros, nem o barulho das crianças a sair da escola, nada. E encantava todos com o seu canto. Impossível passar despercebido, aquele consolador de almas.
Que dia!
Há por aí tanta gente com dons incríveis e que ninguém conhece. Antes, pensava que era um desperdício esconder tamanhas vocações da Humanidade, que certamente ficaria mais rica se as conhecesse. Hoje, penso um bocadinho diferente. A maioria das vezes, a nossa Humanidade são os que estão à nossa volta, bem próximos de nós. No anonimato, certamente que, com os dons que Deus nos deu, sejam eles quais forem, enriquecemos e mudamos vidas à nossa maneira, sem que nos apercebamos. E somos felizes assim. Por vezes, não é por fazer toda uma Humanidade feliz que se é importante ou reconhecido. Basta tocar um coração para se mudar uma vida. E basta este pouco para se ter o maior galardão de todos: o do amor.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

E mais trabalho





Adoro o meu trabalho!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Trabalho

Existe lá coisa mais pacífica do que estar a trabalhar e deparar com imagens destas?

Esquece-se todo o cansaço da caminhada e o desespero de não se encontrar ninguém em casa.

Assim, o mundo até parece perfeito.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Capela

Ao longe, parece uma simples casa em ruínas. Ao perto, assume um ar mais religioso. E o nome da rua não deixa dúvidas: Rua da Capela. O único edifício desta rua. Não sei há quanto tempo aqui está, mas esta foi uma capela. E tão bonita.
Tirei estas fotos a semana passada, naquele dia frio em que a água deitava fumo. No caminho de volta, rumo a Ourém, numa curva, olhava sempre para estas ruínas. Naquele dia, resolvi ir ver mais de perto. Não resisti.
E que bem me senti. Estava frio, mas o meu casaco deixava-me confortável. Só apetecia rodopiar de braços abertos e gritar yupiiii!!!!!






sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Fogo na água

Adoro o meu trabalho! Porque me permite passar por sítios lindos e ainda registá-los na minha máquina. Adoro o frio. Bom, talvez não adore assim tanto, mas gosto mesmo muito.

Hoje ia a caminho de Fátima e reparei no fumo que saía da terra. Sabia que por ali passavam riachos. Não resisti a parar.

Fantástico passar por ali. Eu andava saltitante. Só me apetecia deixar o carro para trás, largar o trabalho e ir desbravar terreno por ali. Nem sentia frio, tamanha era a excitação. E se estava frio!

Desconfio que, durante o Inverno, há sítios por aqui nestas encostas que não chegam a ver a luz do sol durante todo o dia. A estrada permanece constantemente molhada e tem de se ir com atenção redobrada.


Ao chegar a Fátima vi, numa curva, alguém a tirar fotos. Achei engraçado e perguntei-me a mim mesma: será que aquele também tem um blogue? Olhei pelo retrovisor e só deu para ver branco na base do espelho. Novamente pensei para comigo: que nuvens tão bonitas. Ele também deve ter a mesma fixação que eu pelas nuvens. Foi então que, deste ponto alto onde me encontrava, fui à procura das tais nuvens...

Pois não senhor. Apesar de a qualidade das fotos não ser a melhor, o que eu vi e aquele senhor estava a fotografar, era a neve lá nas montanhas.

Ao vivo, era lindo de ver. Tentei saber onde era mas nenhuma das respostas me satisfez. Alvaiázere? Impossível. Sicó? Idem. Lousã? Também não. A última resposta que obtive foi Pampilhosa. Talvez. Só sei que era lindo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Encontro com a solidão

Durante estes anos de trabalho, fazendo inquéritos, sou eu a ir ao encontro das pessoas, muitas vezes tirando-as do seu sofá ou distraindo-as dos seus afazeres. Muitas histórias teria eu para contar, todas de índole humana. Pessoas que passam ao lado de muita gente sem ninguém dar por elas, mas cheias de histórias ricas, algumas tristes, outras com capacidades e habilidades de artista e que quase ninguém conhece.
Mas a história de ontem é diferente. Não fui eu a ir ter com ninguém, foi alguém a vir ter comigo. Estava eu a fazer um intervalo num dos cafés do costume e comia qualquer coisa enquanto adiantava a parte escrita do meu trabalho. Entrou um senhor no café. Um ar normal. Um pouco escuro o que ele transmitia, mas ainda assim normal. Passeou pelo café, olhou para mim, pediu licença para falar comigo, e eu fiquei sem saber o que dizer. Se era para os peditórios do costume, eu estava ali a trabalhar e não queria ser interrompida.
Mas não. O senhor só queria mesmo era falar. Ele foi falando, chorando de vez em quando, falando e falando. Não era louco. Sabia muito bem o que sentia e em que situação estava. "Sinto-me sozinho, sinto-me triste, às vezes sinto-me esquizofrénico." No entanto, na aparência, e a acreditar em tudo o que possuía, era uma pessoa abastada. Mas sozinho.
Senti-me tão impotente. Mas ele só queria falar. E olhava para mim, fundo nos olhos. Falei-lhe umas palavras de encorajamento, ainda lhe falei de Deus, mas senti-me impotente na mesma. De que vale falar de Deus a um esfomeado se não lhe der um pedaço de pão? Só depois da barriguinha cheia é que ele poderá ter ouvidos para ouvir sobre tão grande amor. Este senhor precisava de muito mais do que eu lhe consegui dar, é a verdade.
Foi mais uma situação que me marcou. Vim para casa pensativa. O que pensei ainda está em processo. É cedo para pôr em palavras. O que escrevi foi meramente factual. Para que conste. Para que não se esqueça que somos muito pouco neste mundo e que, sozinhos, somos menos ainda. Para que olhemos para os outros com todo o respeito, porque cada um encerra dentro de si um mundo infinito. E que, se o descobrirmos, muitas acções que às vezes até são condenáveis, acabam por ter uma explicação. E aprendemos a entender, a respeitar, a aceitar, a amar e quem sabe, com esse amor, ajudar a mudar para melhor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Hoje


Se há coisa que adoro, é trabalhar com este tempo. Nublado, fresco, verde. O fumo que sai das chaminés invade o ar e mistura-se com as nuvens baixas. O cheiro é aconchegante. Em cada aldeia, uma igreja, cujo sino troa pelos ares. Em cada lugarejo, um café central, onde as pessoas se juntam em busca de calor e alimento e reclamam do tempo. É tão inspirador...