sábado, 30 de abril de 2011

Momentos só meus





A provar que, depois de cada tempestade, o sol vem sempre ajudar a secar as lágrimas que caíram.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Trovoada

Durante a tarde havia um prenúncio de tempestade. Apressei o passo durante o trabalho para não me chover em cima. As nuvens iam-se avolumando à volta, ficando cada vez mais carregadas, mais negras. Ao longe ouvia-se o som dos trovões. Depois começaram a ver-se raios a rasgar o céu.

Gosto tanto de trovoadas. Gosto de sentir o risco que envolve ouvir e ver tamanha força da natureza. Adorava conseguir fotografar um raio a rasgar o céu, mas ainda não consegui essa proeza. Quando falo estas coisas, a maior parte das pessoas arrepia-se e olha para mim como quem diz: "olha, esta é doida" e respondem sempre: "Ai eu não gosto nada de trovoadas, eu tenho muito respeito." Mas eu também tenho respeito! Todo o respeito. Porque sei quem criou a natureza, quem tem sobre ela todo o poder. E é por isso mesmo que eu descanso, que não tenho medo, ou pelo menos, não o medo que me leva a esconder e a fechar os olhos para não ver. É aqui que eu sei que temor e medo são duas coisas bem distintas.

Onde eu estava ainda havia sol, mas lá ao fundo já chovia. Nesta altura já estava em direcção a Tomar, e sentia-me mais reconfortada, sabendo que a casa estava perto.

Consegui acabar o meu trabalho debaixo do vento que juntava as nuvens, do barulho dos trovões e da luz dos relâmpagos, mas não me chegou a cair uma gota de água em cima. Terminei, fui buscar a minha carraçinha e regressámos a casa sãos e salvos, cheios de fome e aconchego.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O nosso feriado

Tive a ideia de reaproveitar um velho cesto de piquenique que estava a servir só para guardar tralhas velhas e para decoração e a carraçita ficou numa empolgação maior que a minha, ainda nem sei bem porquê. Começámos o dia de ontem lentamente, com o sol a entrar todo pela casa dentro e a tirar medidas, a cortar tecido e a colar. Ele dava opinião em tudo, metia o nariz em tudo, numa excitação que nunca imaginei que uma tão simples transformação pudesse causar.

Depois de forrado, queria ter dado os retoques finais, como colocar ali um bolso com o resto do pouco tecido que tinha sobrado, mas a ideia de meter o cesto em acção num piquenique no campo deitou por terra todo e qualquer projecto para embelezar o dito.

Não queríamos ir longe porque já se fazia tarde e então foi preparar os restos de comida que havia no frigorífico, transformá-los em manjar requintado de piquenique e ala que se faz tarde.
Piquenique que se preze tem de ter cestos de verga e toalhas aos quadradinhos. E a nossa é bem antiga, já do tempo da minha avó materna.

Fomos até à Barragem do Carril, ou melhor, um pouquinho antes, onde há uma ponte romana, com árvores frondosas, mesas e bancos de pedra para poder sentar e comer. Não podíamos ter escolhido melhor sítio. E o dia não podia ter estado mais bonito.

A nossa refeição não foi tomada com calma. Não, porque a carraçinha não parava. Ora porque havia uma aranha, ora porque havia uma flor, e agora era um mosquito, ali era um pau, acolá uma pedra. Tudo tinha interesse quase científico e claro, um de nós tinha de ir confirmar tudo. Mas comemos bem. Foi muito bom.

Com tudo isto, tempo para olhar para o céu e descansar foi muito pouco. Companheira fiel de aventuras, lá fui mais a carraçita explorar a área.

Sempre tive fascínio por pontes romanas, não sei bem porquê. Tento descobrir dentro de mim, e acho que este fascínio remonta ao tempo em que eu era pequenina e folheava os livros sobre Portugal e via as imagens do norte, sítio onde eu nunca tinha ido, e onde tudo me parecia tão verdejante, tão refrescante, tão antigo, e tão acolhedor.

Andámos pelo campo, apanhámos flores e até um grilo! Oh recordar da minha própria infância. Lembro-me de andar aos grilos com o meu pai. Lembro-me de ficarmos quietos à escuta, a seguir o canto deles até à toca onde eles se escondiam e lá ia o meu pai com uma palhinha fazer cóceguinhas para ele sair e assim poder apanhá-lo. E depois punhamo-lo naquelas gaiolas de plástico minúsculas, mas coloridas, à espera que ele cantasse. Era um encanto. Hoje, voltei a ter um grilo em casa. O tisoiro preocupado com os vizinhos e eu a querer dormir. É que o bicho canta que se desunha. Agora está ali caladinho, mas chega a noite e abre a goela que até dá vontade de fugir.

Ainda molhámos os pézinhos no riacho. Bom, foi mais do que os pézinhos. A carraçita tirou as calças porque cada vez se ia molhando mais, e eu não tirei as minhas porque uma senhora nunca perde a compostura, mas bem mal fiz porque me molhei toda também. Especialmente quando vimos lagostins e a carraçita trepava por mim acima num misto de medo, excitação e curiosidade.

Finalmente, já de regresso a casa, o tisoiro com flores na lapela. Foi uma tarde muito bem passada.

domingo, 24 de abril de 2011

Não contem a ninguém...

... mas cabrito ou borrego? Não... Salada...

... feijão frade...

...batatinha cozida...

... e pataniscas!

Não foi uma tradicional refeição de Páscoa, mas...


... com pão e vinho sobre a mesa, esta foi com toda a certeza uma refeição portuguesa!
E já agora, Folar?

Qual quê, Tarte de Maçã e já não foi nada mau. E até estava bem deliciosa e fofinha.

Pois é, não contem a ninguém, mas esqueci-me de planear a refeição de Páscoa. Estes têm sido dias cansativos de trabalho e de emoções e não houve lugar na minha cabeça para grandes celebrações. Até deu pena ver a cara do sogrinho ao entrar cá em casa e perceber que nem um naco de borrego ele ia comer. "Estive para te falar ontem, mas como tu costumas tomar conta disso tudo..." Ainda tentámos salvar a situação planeando um jantar de Páscoa mas ele já tinha outros planos. Mas o que conta mesmo é sermos agradecidos pelo que temos e esta foi uma refeição 5 estrelas. Muito saborosa e muito animada, graças a Deus!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O meu herói

Um dos criminosos pendurados ao seu lado também zombava: "Se és o Cristo salva-te a ti mesmo, e também a nós!"
Mas o outro criminoso repreendeu-o: "Não tens temor de Deus, nem mesmo sofrendo a mesma condenação? Nós merecemos a morte pelos maus actos que cometemos, mas este homem nada fez de mal." E acrescentou: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino".
E Jesus respondeu: "Garanto-te que hoje estarás comigo no paraíso".
Lucas 23, 39-43

Três homens, cada um na sua cruz. Dois criminosos e um santo. Perante o Filho de Deus, os outros dois estavam em iguais circunstâncias. Ambos tinham cometido atrocidades, eram criminosos, por isso tinham sido julgados e agonizavam ali, todos juntos. Mas comovo-me ante a clareza da revelação que um deles teve. Tomando consciência da sua condição, teve um vislumbre da essência de Jesus. Isto porque ninguém, a não ser em zombaria durante o calvário, ousou chamar-Lhe rei, e este criminoso clamou misericórdia ao pedir-Lhe para se lembrar dele quando entrasse no seu REINO. Pouco tempo antes de morrer, este homem teve uma viragem tremenda na sua vida. Deixou o inferno em que tinha vivido e que estava a ser a sua morte, para obter a coroa da salvação, gozando da vida eterna com Jesus. De todas, esta é, para mim, a coroa mais preciosa. Porque ela nos dá acesso à VIDA que realmente merece ser chamada de vida.
E Páscoa é isto: revelação, morte e vida. E com ela a paz.
Obrigada Jesus.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Verdes pastagens


"Eu sou a porta. Quem entrar por mim salvar-se-á. E entrará, sairá e encontrará pastagens. O ladrão só quer roubar, matar e destruir. Mas eu vim para dar vida, e com abundância."

Palavras de Jesus em João 10, 9-10.

Que mais posso eu dizer se Ele já disse tudo?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Barulho

Ontem foi um dia barulhento. A manhã até foi calma. Mas o almoço, ai o almoço... Éramos só nós os três e o sogrinho, mas parecia um arraial. Todos queriam falar ao mesmo tempo e cada um tinha de falar mais alto para se fazer ouvir. Acreditem, quando chegámos à sobremesa eu já estava cansada! Mas feliz. Uma das coisas que verdadeiramente valorizo e aprecio hoje em dia são as refeições. Porque há sempre muita conversa e muita animação. E com a carraçinha mais crescida, já um homenzinho, é um encanto. Sentado no seu lugar, a comer de faca e garfo e a participar na conversa, é o máximo. Tem sempre a sua opinião, tem sempre uma palavra a dizer, nem que seja fora de contexto, mas não interessa, importa é participar.
Desde pequenita que desejo refeições assim. Lembro-me de muitas vezes me escapar para casa dos meus tios e primas lá na aldeia, justamente à hora da refeição. Que pontaria. Mas não era por mal. Quase sempre sentia nessa altura que estava a invadir um espaço privado. Mas era precisamente isso que me encantava. Eles conversavam. As refeições eram animadas, em contraste com as da minha casa que, quando o eram, era pelos motivos errados e para quebrar a rotina das que eram feitas completamente em silêncio.
Hoje essa memória está cada vez mais distante e como exemplo do que tenho de construir no presente. E é uma alegria imensa quando nos acotovelamos para falar enquanto comemos demoradamente, sem pressas, a apreciar tudo. Entendo que a mesa é um lugar de comunhão.

sábado, 16 de abril de 2011

Agradecida




Sou grata, todos os dias, por mais um dia de vida. Principalmente por mais um dia de vida com os meus queridos e com saúde. Mais principalmente ainda, por mais um dia de vida debaixo da graça de Deus. Sou grata por cada dia que posso ver esta paisagem e brincar nela. Vivo agradecida por tudo o que tenho e tento não me acinzentar por aquilo que não tenho. E acrescento que com estas palavras não me refiro a nada de material. Mas também tenho de acrescentar que, apesar de viver assim nesta gratidão, os meus dias não são todos cor-de-rosa e nem acordo todos os dias saltitante, linda, fantástica e maravilhosa. Há algumas noites em que me deito amuada com o tisoiro ou com vontade de deserdar a carraçinha. Há dias de muitas preocupações que me/nos tiram a paz. Também tenho dias destes. Mas consigo filtrar os dias que passam, e de todos, tento retirar o melhor e continuar agradecida porque pude aprender qualquer coisa mais. Sempre grata porque o meu coração pulsa de vida e vida abundante. Não a vida perfeita, mas a que neste momento sei ter e entrego a Deus a cada dia com alegria. Por isso, enquanto conseguir admirar, sentir e cheirar esta paisagem, o meu conceito de felicidade não mudará muito.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O descanso dos guerreiros





Para negar o cansaço ainda presente, para o distrair, para o alegrar, para lhe dar outra cor e ânimo, aproveitámos um fim de tarde, altura em que já está menos calor nestes dias quentes fora de época, para dar uma volta de bicicleta. Bom, mas bom mesmo. Que privilégio é ter pedaçinhos de campo e jardins à nossa volta, à espera que tiremos deles o melhor partido. Andar ao ritmo da carraçinha é um desafio, ele andar ao nosso é uma luta inglória. Por isso, lá pedalamos nós, uns à frente outros atrás, uns desafiando os outros e enganando para passar à frente, nós a ajudá-lo nas descidas mais íngremes e a incentivá-lo nas subidas mais penosas. E ele a encher-nos de felicidade com tanta energia, com tanta alegria, com tanta descoberta. Muitas são as coisas boas da vida, mas certamente uma delas é a de sermos pais.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Perdida de amores, encantada de odores








No meio do cansaço, é isto que me acalma. Isto e saber que a minha carraçinha me acompanha e que vai crescendo com a natureza, com os seus perfumes, os seus encantos, as suas lições, as suas matizes, e até alguns dos seus segredos. Abençoados, é o que nós somos.

domingo, 10 de abril de 2011

Pensamento do dia

Na verdade, todos os dias são o dia do Senhor, mas neste, que foi convencionado como sendo O dia do Senhor, desejo a todos um dia de paz e alegria partilhando convosco isto que ouvi, ao entrar no carro e ligar o rádio:

Um santo tem sempre passado.
Um pecador tem sempre futuro.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

...e sai mais uma "fornada"...


Estava a ver que tinha de pensar apanhar uns destes para a próxima "fornada" de queijinhos frescos, mas afinal não foi preciso.

Com a prática chego lá e estes já saíram melhores que os anteriores. O sabor continua o mesmo. Perfeito para comer fresquinho no fim de uma tarde quente e cansativa, com a luz já esbatida e a olhar pela janela...