sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Recordações das férias















O Verão foi embora, embora o tempo o desminta. As manhãs e as noites já estão mais frescas, a rotina escolar começa a entrar nos eixos e as recordações que tentámos dar à estação que passou permanecem e eu gosto de registar e lembrar. 
Neste passeio estava calor, a Boneca descontrolada, a carraça meio desobediente, mas recordo com aconchego as calças penduradas na oliveira a substituir um espantalho, a velha casa de pedra sempre linda banhada pelo sol da tarde, as uvas que se apresentavam quase maduras para a colheita, as velhas casas abandonadas à espera de melhores dias enquanto recordam os que já passaram, a fonte inactiva e da qual a carraça tentou tirar água em vão, o velho moinho que ainda tira água e que gira ao sabor do vento num chiar bem chato para quem vive perto, os pormenores das casas antigas que guardam tesouros de antigamente, as casas em restauro que vão preservando a história que se faz dia após dia desde tempos sem memória, as flores lindas que sobrevivem às mais árduas condições e embelezam os muros mais tristes. Enfim, tudo isto faz parte dos nossos passeios e guardamos com carinho estas recordações de férias de Verão.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Boa tarde!


















Dei um passeio pela floresta e voltei mais alto do que as árvores.

David Henry Thoreau

domingo, 25 de setembro de 2016

Domingo de gratidão

Domingo. Dia de abrandar. Dia de contar as bênçãos da semana que passou. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato. Esta semana fui grata por:



  • Cortar as zínias da minha varanda e enfeitar com elas a mesa da velha máquina de costura, fazendo-me sorrir de prazer.


  • Apreciar as mariquices que me disponho a fazer, só porque sim, só porque me apetece rodear de coisas giras.


  • Saborear os meus batidos, com as misturas mais saborosas, agora que a moda pegou cá em casa. Adoro!


  • Apreciar os meus crisântemos na janela sob a luz da tarde - maravilha das maravilhas, para mim.


  • Ver a carraça a tomar o pequeno almoço na varanda, tal como a mãe, antes de ir para a escola.
  • Acordar com o sol quase a nascer e sentir a quietude da manhã.
  • Lanchar um chá quentinho com bolachas barradas com doce feito por uma amiga, numa junção de sabores perfeita: laranja, melão, meloa e pêssego. Obrigada, querida Paulinha.
  • Apreciar a luz linda deste Outono e agradecer da minha varanda a possibilidade de ter uma pausa para o fazer.
  • Arranjar uma pequena secretária para o quarto da carracinha e vê-lo muito entretido e empenhado a usá-la para fazer um desenho lindo, o primeiro dos muitos que ele quer incluir na sua pasta de desenhos.
  • Lanchar em casa de amigos de longa data, algo que há muito não fazíamos. Os adultos aproveitaram para pôr a conversa em dia, as crianças para brincar muito e na volta, voltámos para casa de coração cheio :)
  • Ir à Agriloja e ver, lá num canto à espera de ir para exposição, as salamandras que irão estar em destaque nesta estação, a fazer-me sonhar com uma na minha casa, a aquecer o ambiente de todas as maneiras. Adoro esta altura do ano.
  • Passar pelo recinto da Feira de Santa Iria com a carraça e ver que já lá estão alguns camiões dos carrosséis para montar a edição deste ano. É um ritual já nosso, viver com a máxima antecipação possível a expectativa da chegada da Feira de Santa Iria. Agora é manter o ritual e passar pelo recinto, todos os dias, para ver o andamento da montagem de toda a parafernália que compõe este evento anual na nossa cidade.
  • Ter o meu trabalho reconhecido - faz muito bem à alma e faz-me querer trabalhar cada vez melhor.
  • Andarmos de olhos postos no chão à procura de folhas de Outono para um trabalho de expressão plástica da escola. O da carracinha foi um dos 4 ou 5 melhores :)

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Dornes

















Foi aqui que viemos conhecer o Sr. Hilário, o tal senhor de quem só conhecia o nome e a voz. Em Dornes. Concelho de Ferreira do Zêzere e aldeia que visito desde criança, sendo o meu pai dali de perto. Hoje, representa para mim um lugar de escape, evasão, relaxe. Não há como não ansiar esta paz, este sossego, esta vida calma, este passar do tempo sem pressa. Água e terra, juntos, sempre juntos. Com muito, muito potencial, inexplorado, claro, ou não estivéssemos nós em Portugal. Mas talvez seja isso parte do seu encanto, esta beleza quase virgem, este estar tão longe da civilização e onde é permitido parar no tempo e segurá-lo na mão para o saborear com gosto. Neste ambiente pouco explorado, é permitido sonhar tudo e planear na cabeça um sem fim de projectos lindos que podiam ser postos em prática aqui. Mas não são. Não saem da nossa cabeça, seja por falta de tempo, de empenho, de força ou, essencialmente, da direcção da própria vida. Talvez Dornes tenha nascido para permanecer assim calma, sossegada e encantadora para poder acalmar, sossegar e encantar todos os que ali vão.
Depois de umas banhocas bem barulhentas e fantásticas fomos, ao fim do dia ter com o Sr. Hilário. Conhecemo-lo pessoalmente, mas foi o colega que nos levou na viagem pelo rio, mais de uma hora de verdadeira simpatia e classe, um senhor encantador, de pele curtida pelo sol, voz calma e que nos levou a ouvir o silêncio no meio da água, nos explicou curiosidades locais referentes à geologia, gentes, cultura, acontecimentos, curiosidades e que guardou o melhor para o fim: o dar o "leme" à carracinha, que não estava nada à espera e que pegou nos comandos do barco com a maior cara de felicidade. Quem queria lá estar era eu! Foi há poucas semanas, ainda as aulas não tinham começado e agora, que o Outono já começou, sabe bem recordar bons momentos das férias que lhe quis proporcionar. E foi bom, muito bom, poder mergulhar o corpo em águas calmas e conhecidas e terminar o dia a navegar sobre elas. Dornes vale sempre a pena e dela retiro sempre os melhores momentos da minha vida.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Bom dia!




Sejamos gratos pelas pessoas que nos fazem felizes
Elas são os jardineiros encantadores que fazem as nossas almas florescer


domingo, 18 de setembro de 2016

Domingo de gratidão


Domingo. Dia de abrandar. Dia de contar as bênçãos da semana que passou. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato. Esta semana fui grata por:


  • Receber uma mesa de máquina de costura antiga e trocar tudo de sítio na varanda para lhe dar o destaque merecido.
  • Ir à horta ao fim do dia e sentir o cheiro da produção madura, mais que pronta para a colheita.
  • Voltar para casa com o carro carregado de produtos da horta e de cheiros de frutos, legumes, ervas e flores.
  • Voltar para casa, nessa mesma viagem, com a carraça a cantar no banco de trás uma canção da Tina Turner a plenos pulmões e num inglês só dele - hilariante!
  • Partilhar os nossos legumes com os amigos.
  • Ouvir da minha carracinha, num momento infeliz para mim, um "nunca que te esqueças que eu te adoro" com muita convicção e maturidade, que me fez guardar no coração este tesouro inesquecível e dar novo alento para continuar.
  • Apanhar amoras silvestres e passar um tempo à noite a separá-las para as congelar.
  • Congelar coentros pela primeira vez - temos tantos, que seria um desperdício não tentar mais esta experiência - para os usar em futuras experiências culinárias.
  • Acordar a meio da noite com o barulho da chuva torrencial a cair no telhado. Oh sensação boa, da qual já tinha tantas saudades!
  • Cheirar o ar e a terra molhados pela manhã - dos melhores aromas do mundo!
  • Ouvir da boca da minha carracinha que estava a adorar o cheiro da terra molhada e sentir que a esta estava mais fofinha quando a pisava - sai à mãe, o meu lindo :)
  • Ir no carro e reparar na lua a nascer, vermelha e enooorme - uma bênção da natureza.
  • Sentir pela primeira vez, este ano, a nostalgia do Outono - adooooro! - e agradecer pelo fresco do fim da tarde que pedia o aconchego de um casaco e querer voltar a ter crisântemos na minha janela para apreciar o aroma e a cor na estação fria; isto para não falar no céu que voltou a ser azul e nos castelos de nuvens que o enfeitam.
  • Fazer mais uma prenda para uma colega que, para já não fugir ao habitual, praticamente gostou mais do embrulho do que da prenda! Acho que me vou começar a empenhar no ramo dos embrulhos - pode ser que enriqueça :)
  • Ir buscar os livros escolares da carracinha é sempre um momento nostálgico, especialmente quando o tempo está húmido, como pertence aos dias de Setembro. Adoro o cheiro dos livros novos e do material escolar - e ele também. Adoro o cheiro de papelarias e livrarias, mas nesta altura do ano, adquirem um odor ainda mais intenso :)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Água Formosa


















Primeiro dia de aulas, hoje. Primeiro dia em que a rotina irá começar a instalar-se para dar lugar a um ritmo mais direito, hábitos mais certos, horários estabelecidos. É bom. Gosto de sentir que posso saber com o que contar, minimamente. Por outro lado, acaba a liberdade de gerir o tempo e as actividades conforme as possibilidades. Mas tudo tem o seu tempo e lugar próprios e tudo é bom.
Setembro marca não só o início do ano lectivo, como também o início do objectivo a que me propus: conhecer as nossas 27 Aldeias do Xisto, maravilha para quem quer conhecer o interior mais tradicional e preservado do país. 
Escolhi Água Formosa como ponto de partida por ser a que se encontra mais perto de nós, e não desiludiu. 
O dia estava muito quente. 42º, apaziguados pela perspectiva de ir a banhos ali perto, no Penedo Furado, o que acabou por não se concretizar. Mas eu aproveitei o melhor que consegui diante das circunstâncias e sonho já com a próxima visita a uma outra aldeia.
Água Formosa fica num vale perto da água, como convém a uma população que precisa de sobreviver. E ali, tem de tudo para sobreviver. Pedra para construir uma casa, terra para semear e água para viver, sol para se alimentar - a aldeia está estrategicamente localizada de modo a ser banhada pelo sol durante grande parte do dia. A água ainda corre, apesar da seca. A população residente, escassa e envelhecida, cuida da sua terra e previne já o Inverno que aí vem, limpando a levada da erva que a quer dominar, limpa o forno comunitário que cozeu pão recentemente no forno rústico de palha e telhos, cuida das flores plantadas em vasos junto à fonte e cuida de outras coisas que não vi mas que acontecem, certamente, num ritmo pacato. 
O percurso à volta da aldeia não o fiz por completo - para meu desgosto - mas previa-se todo lindo por igual, mesmo debaixo do calor intenso.
O aglomerado de casas era um convite à vivência caseira e a vontade era entrar em cada uma. A maior parte apresentava-se bem tratada e cuidada. Os pequenos pátios e/ou varandas tinham mesas com cadeiras e flores coloridas para alegrar os momentos de descanso de quem pode usufruir do espaço com vista sobre a ribeira e a serra.
A loja estava fechada, as casas estavam fechadas, as ruas vazias, mas a horta estava regada e de quando em vez ouvia-se um barulho vindo de um lado qualquer, prova da habitabilidade do local.
Muito calor, mas muito bonito. Fez-me sonhar, como me faz sonhar todo e qualquer passeio que dou, porque a finalidade de um passeio é renovar as nossas doses de energia, esperança, força e alegria e voltarmos revigorados para casa.