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segunda-feira, 14 de maio de 2018

Oração


A beleza das pedras que se nos apresentam pelo caminho...

Graças dou a Deus por me conhecer e me respeitar. Por me ter feito um ser pensante e com um coração que não se quer afastar dEle. Por me amar diante das minhas diversas formas de O amar e por não me querer fazer diferente daquilo que sou. Graças Lhe dou por me ter chamado para a liberdade, a liberdade de ser e caminhar comigo, mesmo fora da redoma. Graças Lhe dou por me permitir percorrer este caminho e descobrir e conhecer o que me é dado aqui e agora. Bem sabe Ele que eu sou eu e que homem nenhum me obrigará a ser diferente disso. Bem sabe Ele que admiro o Seu Filho acima de todos os homens porque Ele foi o Homem, mas que me permite, por isso mesmo, ser a mulher que tenho de ser, aqui e agora. Aqui e agora, o único momento que existe e em que sou. Obrigada, bom Deus, pela vida, pelo caminho e pela verdade e por te encontrares no meio da diversidade. Estou encantada conTigo. Porque sei que todos os caminhos me levarão ao Caminho, todas as vidas me levarão à Vida e todas as verdades me levarão à Verdade. Graças te dou pelo Teu amor, que é infinito como tu.


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Porque Ele vive





"Ainda por um pouco, e o mundo não me verá mais; 
vós, porém, me vereis; 
porque eu vivo, vós também vivereis." 
João 14:19


Não acredito em acasos.
Em mais uma fase difícil da vida, eis que Deus, na Sua simplicidade, me faz ver que eu não estou sozinha. Assim como que por acaso, nesse acaso no qual não acredito, encontro no Pinterest (!) uma citação que remete para esta Palavra. E por isso mesmo, não me sai da cabeça um corinho antigo que costumava cantar na igreja e que diz:

"Porque Ele vive
Posso confiar
Porque Ele vive
Não temerei
Em Suas mãos está o meu futuro
Porque Ele vive
E com Ele eu viverei"

Assim, simples, com uma melodia igualmente simples mas que, cantada com o coração, chega aos céus. 
As fases difíceis parecem não me querer abandonar. Tenho estado a ser posta à prova de uma maneira mais ou menos severa - depende do ponto de vista, claro. Mas sim, saúde debilitada no seio familiar e um emprego quase desemprego, apenas porque somos meros números, mesmo tendo dado a vida para manter as portas abertas de uma casa que precisa de números e foi isso que quisemos manter. Mas agora tudo está a ser posto em causa...
Uma das colegas refere o meu "um dia de cada vez" para encontrar algum conforto e pergunta-me "como se faz isso". E a minha melhor resposta é simplesmente:
o meu "um dia de cada vez" é confiar em Deus, na certeza de que tudo Ele sabe e que, o que quer que deixe acontecer na nossa vida, sabe que vamos dar a volta à situação e irá prover uma solução. Sim, não muda nada, mas dá ânimo para prosseguir com alguma serenidade...
Um dia de cada vez...


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Peniel é um lugar no meu ser! II





Vamos, hoje, continuar a nossa conversa sobre Jacob?
Relembro a passagem bíblica:

Assim, passou o presente diante da sua face; ele, porém, passou aquela noite no arraial.
E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboc.
E tomou-os, e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
Jacob, porém, ficou só: e lutou com ele um varão, até que a alva subia.
E vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura da sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacob, lutando com ele.
E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares. 
E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacob.
Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacob, mas Israel: pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. 
E Jacob lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.
E chamou Jacob o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e minha alma foi salva.
E saiu-lhe o sol quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.
Por isso, os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto ele tocara a juntura da coxa de Jacob no nervo encolhido.
Génesis 32, 21-32




Retomando onde fiquei na conversa anterior, dependendo do estágio da vida em que estamos, poderá chegar uma hora em que surgem dentro de nós poderes de uma latência tão poderosa, que se tornam patentes as obrigações de andar num caminho de retorno; e por mais que ainda engendremos dissimulações, que tentemos fazer gestão desse processo de reencontro, de volta, de retorno, por mais que preparemos caminhos presentes, por mais que façamos isso tudo, por mais que nos defendamos, por mais que venhamos apavorados, por mais que digamos "tomara que eu consiga passar, tomara que seja apenas uma experiência necessária, uma catarse psicológica, uma necessidade da alma para que eu me reconcilie com o meu passado, para que fique só nisso... sem nada mais profundo..." Tal coisa sairá do nosso total controle pela misericórdia de Deus.




Voltando a Jocob, o seu último acto é colocar a família do lado de lá, mas a angústia está tão grande, que ele larga todos e vai para a escuridão, para a escuridão de Jaboc, vai para o nada, desaparece, vai para um lugar onde ninguém o pode ver, ninguém o pode encontrar sob hipótese alguma. 




É ali naquele lugar de escuridão que vem ao encontro dele, Deus com cara de um homem, um anjo, e eles começam a lutar. A lutar forte e feio. A noite toda.




Quando o sol começa a nascer, o Anjo diz-lhe "deixa-me ir", e ele diz "não te deixarei ir se tu não me abençoares". 




Aí o Anjo pára e diz: "como é o teu nome?" Como se o Anjo não soubesse.




A luta toda era uma luta para curar o carácter de um homem, cujo nome era a expressão exacta do carácter dele. E ele disse: "o meu nome é Jacob - o meu nome é espertalhão..."




Aí o Anjo diz: "Já não te chamarás assim, mas de hoje em diante Israel, que quer dizer: Príncipe de Deus, pois com Deus e com os homens tu lutaste, e prevaleceste".




Mas antes que se diga que o abençoou ali, o Anjo tocou no nervo da coxa, e deslocou o tendão da coxa de Jacob.




Porque esta terceira geração vai ter de carregar essa marca do amor que fere, da graça que magoa, da salvação que nos faz coxear erectos para que as próximas gerações se lembrem e nunca mais comam do nervo da articulação da coxa, como um memorial eterno.




E quem acha que por ser filho de Abraão e de Isaque, e acha que carrega uma bênção por osmose, e que basta ter nascido daquele de quem nasceu e, por isso, pode andar em dissimulação, fazer o seu próprio caminho, engendrar os seus próprios planos, fazer a administração da proximidade ou da distância de Deus - como é a síndrome desta terceira geração - para a geração dela própria e para a salvação das que vêm, Deus frequentemente põe uma marca no nosso andar.




No vau de Jaboq estabeleceu-se o paradoxo dessa bênção espiritual, que é quando a vitória de Deus é ser vencido pelo homem e a vitória do homem é ser vencido por Deus, e quando tudo o que Deus quer é que o homem a Ele se agarre de tal forma que Deus não se possa livrar, e tudo o que o homem precisa é da bênção que o faça coxear, lembrando a vida inteira a quem ele pertence de facto.



Quem passou por esta experiência ou irá passar, dirá: "Hoje eu olho para o meu caminhar e vejo que coxeio, e muita gente diz "ali vai o coxo", mas eu sei o que vi, eu sei o nome deste lugar, eu sei que o nome deste lugar na minha alma se chama Peniel, porque lutei com Deus e Deus lutou comigo, e eu vi a Deus face a face e a minha vida foi salva".




Que os "netos de Abraão e os filhos de Isaque" não se tornem cínicos pelo caminho, antes sejam curados de toda a dissimulação, de todo o trauma de reservas ou de todo o desejo de fazer gestão; fiquem curados de todas as lembranças, de todas as overdoses e que tomem hoje a decisão de que o mundo começa a partir do atravessar desse "Vau de Jaboq" na sua alma, dessa noite só sua e de Deus, da escuridão desse encontro, desse conflito de Graça, e que as novas gerações sejam salvas na lembrança de que, nas nossas vidas, apesar de nós, nós nos engatámos com Deus e Deus nos abençoou e Ele nos salvou de nós mesmos, e nós vencemos Deus porque fomos vencidos pela bênção de Deus na nossa vida. 




E, se ficou alguma marca - e esta é uma geração que carrega marcas diversas: marcas familiares, marcas conjugais, marcas morais, marcas emocionais, marcas psicológicas - nenhuma delas nos impedirá de andar na direcção de todas as reconciliações que nós temos de fazer, e aqueles que nos assistiram verão o nosso coxear como uma liturgia do Amor de Deus, verão a marca que está sobre nós como um sinal da gravidade da Graça de Deus que não é barata, é gratuitamente cara porque para nós não custou nada, mas ela é o resultado do precioso sangue do cordeiro, como sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo. É uma graça que resulta da briga do Espírito Santo connosco, da revolta dos anjos por amor a nós, e que nós todos digamos: eu não te deixarei ir se tu hoje não me abençoares, e não abençoares a minha vida e a minha casa. Chega de escamotear, chega de fugir, chega de escorregar.
Vamos dizer sim a Deus!



segunda-feira, 24 de abril de 2017

Peniel é um lugar no meu ser! I




Adoraria ter, hoje, mais uma daquelas conversas longas sobre Deus, pelo que, quem não a desejar ler, já sabe, pode passar à frente :) O que aqui escrevo é produto das minhas leituras, escutas, meditações. Como tal, escrevo em primeiro lugar para mim, e é-me muito importante deixar registado aquilo com o qual concordo. Para mim e para alguém que sinta desejo de se chegar mais a Deus, de O compreender melhor, de O tratar por Pai e concluir que não há melhor colo que o dEle. 
E o pensamento de hoje parte do primeiro livro da Bíblia: Génesis.

Assim, passou o presente diante da sua face; ele, porém, passou aquela noite no arraial.
E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboc.
E tomou-os, e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
Jacob, porém, ficou só: e lutou com ele um varão, até que a alva subia.
E vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura da sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacob, lutando com ele.
E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares. 
E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacob.
Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacob, mas Israel: pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. 
E Jacob lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.
E chamou Jacob o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e minha alma foi salva.
E saiu-lhe o sol quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.
Por isso, os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto ele tocara a juntura da coxa de Jacob no nervo encolhido.
Génesis 32, 21-32




Jacob é o personagem principal desta história. Jacob é neto de Abraão e filho de Isaque. Reportando para esta conversa e para um contexto actual, Jacob é a terceira geração de uma família de pessoas ligadas a Deus, cheias de histórias com Ele, com os rituais, com as pessoas envolventes, com todo o processo que gira à volta desta questão. 
Para os dias de hoje, Jacob é aquele que, ou quer fugir da religião por ter sofrido alguma espécie de trauma, ou por cansaço. 




A atestar isto, podemos ver a sua faceta de espertalhão ao lidar com o sogro Labão, fugindo da casa deste, e fugindo da sua própria casa devido ao problema da primogenitura com o irmão Esaú. Quem conhece, sabe do que falo; quem não conhece, pode procurar saber, mas não disserto sobre isso agora para não deixar a conversa demasiado extensa.


 


Chega a uma altura, porém, em que ele se reconcilia com o irmão, e no dia anterior ao reencontro, ele fica em grande aflição, decorrente de tantos conflitos internos, dando continuação a uma grande inquietação e crise iniciada no seu coração há algum tempo atrás. Como consequência, ele começa a ter experiências de outra natureza e um desejo enorme de voltar para casa, uma vontade de retomar às raízes, de reencontrar as pessoas que ele amara um dia. E aí, quando ele começa a querer sentir o cheiro da família, quando ele começa a querer retornar ao ambiente do seu pai Isaque, deseja ver se aqueles que tinham servido a seu avô e a seu pais ainda estão vivos, começa a querer ser ele próprio herdeiro das promessas que um dia ele ouvira e que corriam dentro daquela casa, daquela linhagem, daquele historiar de fé. Aquilo tudo começou a crescer dentro dele, e foram anos e anos até que ele se foi despertando mais vivamente para esse interesse. E lá vem ele...




Penso que não é difícil reconhecer que ser a terceira geração numa casa de crentes, em geral, não é lá essas coisas. Mesmo quando o pai foi piedoso e o avô também, a terceira geração está assim meio de "saco cheio", ou está traumatizada, ou então pensa assim: "o meu pai era um santo piedoso, o meu avô também, mas isso era para eles, para o tempo deles. Eu fiquei com overdose de pregações, overdose de mensagens, overdose de crentes, de igreja, etc."




Mas chega uma hora em que não interessa se o teu avô Abraão ou o teu pai Isaque eram dos bons ou dos maus. Chega uma hora em que a Palavra de Deus não volta para Ele vazia, chega uma hora em que a bondade de Deus começa a militar contra a nossa natureza, chega uma hora em que Deus declara guerra ao nosso cinismo, em que as milícias celestiais, os anjos, decretam que o tempo de nós andarmos na dissimulação e no conforto de quem diz "eu creio, mas não é preciso ser tanto", é findo. Chega uma hora em que os céus gritam e tu vais enfrentar a Deus, em que Deus mesmo se faz homem e vem lutar contigo. Chega uma hora em que os anjos, de raiva apaixonada, vêm ao teu encontro, numa noite qualquer e te tiram o sono para te perturbar, para te incomodar. Chega uma hora em que a conspiração do amor de Deus começa a preparar-se de tal modo, que tudo em ti é desconforto, que todas as coisas chamam e falam por uma saudade daquilo que tu repudias, por um desejo de aproximação com o que antipatizas, por uma vontade de correr o risco de reentrada naquilo a que antes dirias jamais entrar. Chega uma hora em que uma coisa estranha, uma maldita saudade toma conta de ti e tu ganhas razões absolutamente inexplicáveis para te aproximares daquilo de que antes fugias.
E é aí que tudo recomeça. Lindo! Mas continuarei num outro post...


sábado, 25 de março de 2017

Sobe, poço, e vós cantai dele! II



Gostaria de terminar a nossa conversa sobre Moisés, lembram-se?
Ficámos em Moisés ter ensinado o povo, ele próprio, a fazer nascer poços no deserto, sem depender de terceiros.
Retomo a passagem da Bíblia relativa a esta conversa:

"E dali (Moabe) partiram para Beer; este é o poço do qual o Senhor disse a Moisés: Ajunta o povo e lhe darei água. (Então Israel cantou este cântico: Sobe, poço, e vós cantai dele: Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões.) E do deserto partiram para Matana;" - Números 21, 16-18



Tal como Moisés fez para com o seu povo, há tempos em que precisamos de alguém que fira a água e nos traga livramentos; que abra mares e nos ajude a passar; que ore e Deus faça vir provimentos, codornizes e manás; que indique caminhos, que mostre soluções.




Mas mesmo esse que seja o mediador de tantas coisas importantes da graça de Deus na vida do povo é somente um ser humano e tem o seu limite; carrega, nas soluções que traz, a sua própria tentação e a sua própria sina; carrega, na graça que produz, a sua própria fragilidade. Na mesma medida em que ele é instrumento das águas, ele é tentado por elas. Na mesma perspectiva em que ele traz soluções pela água, ele traz complicações pessoais pelo cansaço de trazer água, mas ele mesmo não ter, jamais, a sua sede dessedentada pelo descanso. E na sua canseira ele tropeça nas soluções que traz. Isto, do ponto de vista de Moisés.



Do ponto de vista do povo, chega a hora em que cada um tem que aprender a fazer evocações ao chão do deserto, com o coração nos céus e os olhos no chão; tem que aprender a desenvolver a inspiração que não depende de ninguém nem de um terceiro. Isto é o crescimento da consciência individual e colectiva e que tem de chegar ao nível capaz de aprender a fazer poços no deserto; e a fazê-los sem que os baptize com nome especial; e a fazê-los com a consciência de que no deserto só fazemos poço quando cavamos com louvor e gratidão.




Muitos de nós já nos acostumámos a ter sempre ajuda de pessoas - e isso é natural; a ter a ajuda de alguém mais sábio, alguém mais maduro, alguém mais experiente, alguém mais enraizado na fé, alguém com mais consciência, alguém com mais história, de uma certa liderança e visibilidade que produz encaminhamento.


Tudo isso é normal, mas tudo isso tem um tempo. Todo o Moisés morre. Todo o ser tirado das águas pode tropeçar nas águas. Nenhum de nós é chamado para permanecer dependente de um único, pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem. E também porque Jesus nos disse: "Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai". E já dissera também: "Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva".




Já entrámos numa era onde nenhum ser humano é chafariz de todos os demais; onde nenhum Moisés, de tanto que serviu, se canse de servir e peque, no acto de servir. Já entrámos numa era em que está dito que cada um daqueles que crêem em Jesus, segundo a Escritura, do seu interior fluirá Beer, o poço, a fonte das águas da vida.



Que possamos ter a alegria de olhar e dizer que os príncipes do povo, todos, se reuniram; e que o povo todo aprendeu a reunir-se; e que todo o povo de Deus aprendeu a cantar junto: "Sobe, poço, e vós cantai dele. Sobe, poço, e vós cantai dele: Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões.Sobe, poço, e vós cantai dele." Que cada um aprendeu, pela fé, a abrir poços, com canções, com poesia, com louvor; com essa fé que faz um ceptro sair da nossa boca, das palavras da positividade do nosso ser grato e confiante na providência de Deus. Que por tal ceptro de palavra e de fé, de alegria, de gratidão e de confiança, cada um de nós aprenda a cantar para os céus, fazendo uma poesia que rasgue o chão. E que do chão da nossa vida, conforme a nossa necessidade, brote o poço da misericórdia de Deus, bem diante de nós.




Que cada um de nós possa aprender hoje, possa começar a exercitar agora, possa entender que no deserto só abrimos poços quando os cavamos com louvor, com gratidão, com confiança desamargurada, com alma cheia de poesia aos céus.




Agora, sobe, poço, e vós cantai dele! Vais voltar para o teu deserto? Vai, mas vai a cantar. E não cantes apenas para dentro, tem a coragem de cantar para fora, também. Louva! Louva na mente, louva com o coração, louva com atitudes, louva com pensamentos: Sobe, poço! Sobe, poço! E vós cantai dele!




Sem nos isolarmos e continuando a reunir-nos com os nossos próximos na fé. Sabendo que eu individualmente cavarei os meus poços; e sabendo que nós, conjunta e colectivamente, também nos reuniremos para cantar aos céus, enquanto olhamos para o chão da realidade; e, juntos, abrimos poços de louvor que vão dessedentar a sede de todos nós. Em nome de Jesus :)


domingo, 19 de março de 2017

Sobe, poço, e vós cantai dele! I





Moisés. Conhecem? Figura incontornável do Velho Testamento.
Vamos falar sobre ele e consequentemente, sobre nós? Então convido-vos mais uma vez a sentarem e a pegarem uma bebida quentinha ou fresquinha, conforme a vossa localização no globo :)




"E dali (Moabe) partiram para Beer; este é o poço do qual o Senhor disse a Moisés: Ajunta o povo e lhe darei água. (Então Israel cantou este cântico: Sobe, poço, e vós cantai dele: Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões.) E do deserto partiram para Matana;" - Números 21, 16-18




Mais do que ler a Bíblia, sempre achei preferível entendê-la. O que não se revela tarefa linear, em especial se se tratar do Velho Testamento. Então adoro pesquisar, estudar, analisar pontos de vista, aprender, portanto, para que tudo faça mais sentido no contexto que leio e que sinto dento do coração. Esta passagem refere-se a Moisés, quando este atravessava o deserto com o povo rumo à terra prometida. E, apesar de, para nós, serem palavras traduzidas para a nossa língua, no original elas são poesia pura, são um cântico cheio de beleza e melodia. Pena que não o consigamos perceber apenas ao ler...




Lembro-me da figura de Moisés nos filmes que passavam na televisão (e certamente ainda passarão, eu é que quase não vejo televisão...) e lembro-me da imagem que guardei dele, desde o seu nascimento, numa história que alimentou o meu imaginário infantil e me ajudou a crescer a acreditar em milagres.




Moisés é um homem marcado pela sina da água, pois o seu próprio nome já significa "tirado das águas". Ele carrega, desde o nascimento, essa dor, esse problema com a água, diante da possibilidade de ter morrido quando puseram na água o cestinho onde ele, bebé, estava.



E na sua vida adulta, durante a sua caminhada de quarenta anos com o povo de Israel pelo deserto, tudo teve a ver com água. Senão vejamos: começou por ferir as águas do rio Nilo, que se tornaram em sangue; teve que abrir as águas do Mar Vermelho e lá vai ele; mais adiante, problemas do povo com a sede. Água é sempre um problema no deserto; e de vez em quando ela não existia e eles esperavam que Moisés fosse o provedor de água para o povo - através de uma mediação de Moisés junto de Deus.




E de tanto que pediram água e reclamaram por outras coisas a este homem a quem, de todas as vezes que o chamavam pelo nome, ele ouvia o nome de água, ele já estava que não aguentava.




E chegamos a este episódio em que, mais uma vez, o povo pede água. Tendo Moisés buscado a Deus sobre este assunto, Deus diz-lhe: "Fala à rocha e ela dará água". Tão somente isto. Mas Moisés estava tomado pelo cansaço e pela ira e, em vez de o fazer, levantou a mão, pegou na sua vara e com ela feriu a rocha duas vezes.




Apesar de ele não ter feito como Deus dissera e porque o Senhor é bom e a sua misericórdia dura para sempre, saíram muitas águas da rocha e bebeu a congregação e os seus animais. Mas esta desobediência teve como consequência o facto de Deus não ter permitido que Moisés fizesse entrar o povo na terra prometida.
Mas antes disso, antes que Moisés viesse a morrer, houve este episódio sobre o qual lemos.




Depois da desobediência de Moisés ao Senhor, o povo voltou a pedir água. E aqui a delicadeza divina diz: "Moisés, tu estás livre desse mal, agora tu vais ensinar o povo a, ele próprio, lidar com o problema da água. Reúne o povo, tu não vais mais ser o mediador da água." Um pouco ao estilo do "dá-me um peixe. não, dou-te a cana e ensino-te a pescar". Porque mesmo o indivíduo que carregue a consciência de um Moisés corre o risco de ficar tão acossado, tão oprimido, tão pressionado por demandas tão exigentes, tão extravagantes, tão contínuas, tão desumanas, tão imponderadas e tão ferinas, que perde a sobriedade.




Então, Moisés reuniu-os. E eles ficaram à espera de uma providência com aquela famosa vara que ferira o Nilo, abrira o Mar Vermelho e fizera tantos outros sinais e prodígios no curso daquele período. Mas agora a vara está quietinha, ao lado de Moisés, e ele, calado, a olhar para o povo.




E a voz de Deus no seu coração apenas diz o seguinte: "Reúne o povo e à frente dele põe os príncipes das tribos de Israel - todos os príncipes, todos os líderes - e manda que eles cantem enquanto olham para o chão; que eles façam uma poesia à terra, que eles façam uma poesia à aridez, que eles façam uma poesia à secura; que eles componham um cântico à poeira, que eles façam brotar dos seus corações um manancial poético e de louvor, com rima e com gratidão; e que eles cantem aos céus enquanto olham para o chão e que entoem um cântico que diga: "Sobre, poço, e vós cantai dele! Sobe, poço, e vós cantai dele! Sobe, poço, e vós cantai dele!" E a canção prossegue ainda noutro verso, que diz: "Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões." Não esqueçamos que isto era um cântico cheio de beleza e de rima.




E Moisés quieto, enquanto segurava a sua vara e assistia àquela multidão, com os príncipes em círculo, diante do nada, da poeira do deserto, de coisa alguma, apenas a cantar aos céus e a fazer poesia para o chão, enquanto diziam: "Sobe, poço, e vós cantai dele! Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões. Sobe, poço, e vós cantai dele!" Enquanto eles assim faziam, as águas começaram a brotar. Daí o lugar se chamar Beer, que significa "poço". 
Antes, aquele lugar era árido, mas ali aconteceu um poço, que brotou do nada - evocado pelo louvor, pela poesia, pelo cântico, pela gratidão. Como Deus é bom!
E esta história tem continuação em nós, mas espero partilhar o resto convosco, num próximo post. Até lá, que o vosso Domingo seja repleto de amor paternal, para quem tem os seus pais junto de si :)


sexta-feira, 10 de março de 2017

Estrada & Caminho II




Na nossa conversa anterior sobre estrada e caminho e de formas de caminhar, gostaria de retomar o ponto em que fiquei ou seja, na citação de Jesus quando Ele diz: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". 




E o que tão simplesmente quero acrescentar é que o convite de Jesus é para virmos para o caminho da vida. Caminho onde vamos descobrir que a estrada é a mesma, que a vida é perversa, que a existência é absurda, que há todas as razões para ser nauseante e insuportável. Cada um acrescente o seu ponto de vista à lista. 




Basta ver o caminho de Jerusalém para Jericó na já citada parábola do Bom Samaritano. O trabalhador sai para trabalhar e vem o ladrão para o roubar. É o caminho dele na estrada que também é do trabalhador. Este fica prostrado no chão devido ao assalto e vem o sacerdote e mal lhe liga, pois percebe que não ganha nada com isso. Vem o levita e pensa que, se o sacerdote nada fez, para que vai ele fazer alguma coisa? E é aqui que chega o samaritano, o anti-herói desta história, pois os samaritanos eram considerados hereges pelos religiosos da época. Ironia das ironias, o anti-herói da estrada da religião, é o escolhido por Deus para ser o herói deste caminho da vida, pois foi ele quem socorreu o trabalhador.




Posto isto, a verdade é que não há nenhuma promessa de que o mundo vai mudar. Jesus disse: "No mundo tereis aflições". A profecia está feita. "Mas tende bom ânimo, eu venci o mundo".




Tudo isto para dizer que, o caminho só muda do lado de fora quando ele muda do lado de dentro. Não existe nenhum caminho do lado de fora que nos vá ser bom, a menos que carreguemos um bom caminho no coração.
O caminho de Deus é um caminho de graça, de misericórdia e quem olha a vida com estes atributos, jamais ficará amargo. Porque sempre vai entender que por trás de qualquer adversidade, há um tesouro oculto, há um bem guardado, há bênção.





Não podemos ter medo de viver, vamos ter de viver! E viver pela fé, e viver desassombradamente, e viver como quem contabiliza todas as coisas como lucro. Tudo é bênção, meus companheiros de caminhada :)