Mostrar mensagens com a etiqueta Outono. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Outono. Mostrar todas as mensagens

domingo, 8 de novembro de 2015

Os nossos Santos







Viver ao ritmo das estações significa não apenas olhar lá para fora e perceber que as cores e os cheiros são diferentes, ou que a temperatura mudou, ou que os produtos na horta são de outra variedade. Viver ao ritmo das estações implica também viver ao ritmo dos afazeres que a época em questão requer, bem como voltar, ano após ano, às mesmas conversas, às mesmas histórias contadas às vezes já com contornos um pouco diferentes porque afinal, quem conta um conto, aumenta um ponto.
Por exemplo, chegamos a Novembro e recebemos com celebração o Dia de Todos os Santos. 
Faz hoje uma semana que os cemitérios se encheram de gente e de flores, a vida a homenagear a morte, já que ambas são o mais natural e certo que temos; alguns tentavam a sua sorte montando banquinhas para vender flores à porta dos cemitérios, não fosse algum visitante mais esquecido aparecer. E as casas encheram as suas mesas com as iguarias da estação e com os tradicionais bolinhos repletos de frutos secos e especiarias. E sabia bem passar pelas ruas com cheirinho a erva doce, trazendo a doce recordação dos tempos antigos, em que as crianças saíam em rancho e de saco na mão a pedir o bolinho de porta em porta. Hoje, já raramente se vêem esses meninos, tendo sido substituída a nossa tradição pela americana :(. Nada contra as tradições dos outros países, mas há que honrar o que é seu e por isso, muito mais do que o "doçura ou travessura", eu prefiro o nosso "bolinho, bolinho, à porta do santinho!" :)
E à mesa por esta altura, fala-se também da apanha da azeitona e qual o lagar que está a fundir melhor, e quantos sacos deu este e deu aquele e fala-se também das tradições que se perderam e que tornavam tudo mais saboroso. Ouvem-se histórias contadas pelos mais velhos, histórias que nos levam para um tempo em que a vida se fazia de uma forma dura mas mais pura e que nos fazem ansiar por voltar lá mas com o conhecimento do hoje, numa tentativa de voltar às origens, à auto-subsistência, à sustentabilidade, ao aproveitamento de todos os recursos da natureza. Fala-se do S. Martinho que aí vem, do Verão que sempre o acompanha, do ir à adega e provar o vinho, do assar das castanhas e mais uma vez, das histórias antigas que são partilhadas. 
E é assim nesta estação, que nos leva a procurar o abrigo da casa cada dia mais cedo, porque mais cedo o sol vai espreitar o outro lado do mundo, que à volta de uma mesa e de uma lareira se faz a vida. De ouvidos à escuta e de mãos ocupadas, se faz a vida. E neste dia dos mortos, se fez a vida.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pedaços de uma tarde de Domingo





















Quando era pequena os Domingos representavam, para mim, uma certa angústia. Invariavelmente, os fins de semana consistiam em partir à Sexta-feira à tarde para a aldeia do meu pai, chegar lá e preparar-me para uma noite bem dormida, porque o Sábado era o dia grande, o dia em que podia viver a minha vida de campo por inteiro. O Domingo já implicava vestir um fato limpo, ir à missa e preparar para à tarde regressar à cidade e no dia seguinte, à escola, coisa que para mim nem sempre era o mais agradável porque representava uma obrigação, uma obrigação por vezes amarga.
Mas actualmente, o Domingo representa um dia relaxante, o único em que me permito não ter obrigações laborais e por isso mesmo, um dia bom, sem a angústia do passado.
Acho que se está a tornar tradição fazer uma sobremesa ao Domingo para levar e comer em família. Delícia, voltar a "meter as mãos na massa" e usufruir do prazer de proporcionar momentos de alegre convívio ao sabor de uma coisinha doce :). 
E no campo, esse convívio é tão mais aberto, quando se proporciona. Então nestes dias cinzentos, é o máximo, para mim. O cinzento exalta os verdes da natureza e eu delicio-me. Respiro fundo, fecho os olhos e sou feliz.
E foi numa destas tardes cinzentas que conheci o Rafa, o novo "xodó" da cunhada e claro, de todo o resto da família; que passei parte do tempo no sótão de outra cunhada a resgatar fragmentos do passado e a trazer comigo trapos para vestir a casa e o corpo; que passei outro pedaço de tempo no jardim a admirar a beleza à nossa volta e a agradecer por estar viva, de saúde e poder ter consciência da importância disto tudo na minha vida. 
Como diz o povo: "pobrete, mas alegrete" :).

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Pedaços de uma manhã de Domingo







Se há refeição que me dá prazer tomar, para além de todas, porque eu adoro comer, é o pequeno-almoço. E se o puder fazer sem pressas, maravilha! 
Hoje amanheceu fresco, cinzento e a chover. Mas quando se está no conforto do lar, sem pressa, isso só pode ser de bênção. E foi. Beber leite com café na minha caneca com tons de Primavera e comer o meu pãozinho com manteiga enquanto via um blog que acabei de conhecer, como não podia deixar de ser, em tons de campo, foi sublime. Algumas coisas do dia a dia são postas em ordem numa manhã de Domingo enquanto a sobremesa do almoço ganha consistência no frigorífico. Um mundo de chocolate para degustar, a tradicional e velhinha mousse de chocolate, bem caseira e deliciosa. Ter feito uma sobremesa ao fim de tanto tempo, soube-me pela vida. E ter sido devorada com gula pelos presentes, foi o cume da felicidade. Saboreada no campo, onde o Outono se faz sentir ainda com mais intensidade. Ao estacionar o carro, foi uma bela surpresa ver que as flores que caem dos arbustos para o chão, caem também em cima do carro, oferecendo-me de presente um pedacinho desta estação que adoro.
Mais uma vez, as pequenas coisas a fazerem a vida grande.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O que há para não gostar no Outono? II
















... quando o compasso ritmado das mãos e da agulha a tecerem uma manta, se faz com a exuberância das cores e no conforto do sofá; quando o chão se cobre de bolotas debaixo do carvalho, fazendo lembrar os esquilos que não existem por aqui, mas existem os javalis, bem menos românticos e mais destrutivos e é o que temos...; quando as couves desabrocham e apetecem comer assim mesmo, cruas, porque ainda na terra se percebe a sua macieza no prato; quando a guardiã do poço se mantém serena e imóvel na sua teia coberta de gotas de chuva; quando a nossa única alfazema se mantém firme em cor e aroma, deixando-me sempre grata pela sua existência; quando se percebe que as nossas azeitonas de Elvas já se encontram prontas para apanhar e retalhar, num gesto ancestral, bem tradicional e sem químicos; quando a nossa única maçã caiu com o vento e a apanhamos e provamos o sabor único, um sabor sem dúvida especial, só por ser nossa e por ser natural; quando o trabalho do campo se torna pesado neste tipo de terra, porque esta se pega às botas como se fosse daquela cola que cola cientistas ao tecto :), fazendo-nos dar passos esforçados pelo peso, tal e qual humanos a passear pela lua; quando as cores da horta se fazem mais intensas em contraste com o cinzento das nuvens e se vê lá ao fundo a serra coberta de nuvens, anunciando chuva e o frio da tarde que cai; quando se passam tardes com outro tipo de compasso ritmado, desta vez a descascar abóboras que colhemos e a rodar a colher de pau na panela grande para fazer doce, enchendo a casa do bom aroma reconfortante, fazendo afirmar quem entra: "aaah, cheira tão bem..." ou "já cheira a doce!".
E eu também digo: "aaaah... como é bom o Outono vivido assim, sem pressas e cheio de delícias..."


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O que há para não gostar no Outono?




Sim, o que há para não gostar no Outono, quando nesta altura se voltam a abrir as janelas de par em par, pois o ar exterior já não vem sufocar a casa com calor e a brisa entra leve e fresca, arejando os cantos e enchendo de luz os recantos? Quando um passeio pelo campo nos enche o regaço de flores e frutos para encantar e ainda nos enche os pulmões de vigor? Quando tudo isto nos predispõe a novas mudanças e limpezas, renovando o pó à nossa volta :), dando assim a impressão de um lugar novo? Adoro!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Desejando-vos a continuação de uma semana tranquila e aconchegante



É o que temos, mas mesmo o que temos, pode ser bom. Até que o sol venha.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

quinta-feira, 23 de outubro de 2014