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segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Sinto a minha vida a mexer




Sinto a minha vida a mexer.
Muito, muito lentamente, sinto-me a erigir das cinzas. Não tem sido fácil este caminho. Muitas vezes sinto saudades de quem fui, esquecendo-me de agradecer o tanto que ainda sou. Às vezes esqueço-me de valorizar tudo o que tenho e que o tão pouco que por vezes julgo ter é o tanto que muitos desejariam. Os últimos anos não têm sido fáceis. Já várias vezes o referi. E desengane-se quem acha que sabe do que falo e que tem a solução para mim, porque ninguém calça as minhas botas e só Deus me sonda e me conhece para além de mim própria. E Esse diz-me para esperar. Para persistir. Para não desistir. Confesso que tem sido duro. Duríssimo, em alguns dias. O que se passa na mente e no coração de cada um, só cada um tem noção. A maior parte das vezes, o que se mostra para fora pouco condiz com o que vai cá dentro. 
Mas sinto a minha vida a mexer.
Com mais frequência sinto vislumbres de luz, de força, de amor, de energia, de optimismo, de esperança. Numa forma persistente. Cada vez mais. Um dia de cada vez, um passo de cada vez. A vida tem-me tirado muitas coisas, algumas das quais julgava bem enraizadas. Mas afinal parece que não. Ou talvez apenas estejam em banho-maria para ressurgirem com mais força um dia destes. Mas a verdade é que parece que o vazio se instala. Ao mesmo tempo que se enche de qualquer coisa de novo, que ainda não sei o que é, mas estou a gostar. 
Sinto a minha vida a mexer.
De repente, de um dia para o outro, sem pré-aviso, coisas acontecem. Algumas. Várias. Uma delas: quem diria que, passados tantos anos, um amigo de infância do meu pai me procuraria para conhecer a filha daquele que um dia foi o seu melhor amigo e de quem tem imensas recordações felizes? Um comendador. Sim, um comendador. Título para mim só conhecido nos livros de Eça de Queiroz, nos anos de mil oitocentos e troca o passo! O que me obrigou a nova pesquisa da palavra e da pessoa e fiquei fascinada com a sua energia e vitalidade, cultura e discernimento e, acima de tudo, grande coração para ajudar causas nobres. Não o conheço ainda. Procurou-me, não me encontrou. O meu ritmo de trabalho aliado ao meu lado anti-social que a vida me tem agudizado, não me permitiram ainda devolver a visita.
Mas sinto a minha vida a mexer. 
Está na hora de sair do lugar de conforto desconfortável, tapar os ouvidos às vozes interiores que me dizem que isto não faz sentido e ir em frente. Afinal, de forma inesperada, um dia acontece algo inusitado, vindo aparentemente do nada mas com vista a mudar tudo, nem que seja apenas uma pequenina porta que nos vai abrir um grande mundo. O mundo da energia, da vitalidade, da esperança, do amor, da alegria. Pois é essa energia que faz a vida mexer.


segunda-feira, 30 de julho de 2018

Vamos parar um pouco?



Uma das coisas mais interessantes que li nos últimos dias, e tenho lido muitas!, tem a ver com o tempo que disponibilizamos para nós próprios. Isto é algo do mais importante que há. Para nos conhecermos, para nos mantermos no trilho certo, para sermos mais e melhores. E o tempo é a maior desculpa que damos para não fazermos aquilo que é de suma importância para nós! Sempre o tempo. Está na hora de parar com esta desculpa e começar a dedicar mais tempo a nós, para bem da nossa qualidade de vida, a nível emocional e a nível físico.
Então, o que li a esse respeito dizia mais ou menos o seguinte: dizer que não podemos parar para nos dedicarmos a nós, a ler, a meditar, a orar, a fazer o que nos dá prazer, a escutar o silêncio, a simplesmente estar, tudo isto por falta de tempo, porque temos demasiadas outras ocupações importantes que demandam a nossa urgência, é o mesmo que dizer que não podemos parar o carro para pôr gasolina durante uma longa viagem, porque estamos demasiado ocupados a conduzir.
Faz sentido? Para mim faz! Todo.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Somos mortais a viver como imortais...




Muitas vezes somos confrontados com a pergunta: o que farias se soubesses que estás a morrer?
A maioria daria como resposta imediata que aproveitaria melhor a vida, teria mais paciência, ponderaria sobre aquilo pelo que vale realmente a pena despender energia, daria mais abraços, estaria e seria mais presente, colocaria em prática algum sonho não realizado, etc.
Raramente a resposta seria que trabalharíamos mais para ganharmos mais dinheiro para comprarmos mais coisas...
Pois bem, a notícia é que estamos a morrer. Todos. E muitas vezes até sabemos isso. Mas raramente o vivemos. Ou seja, somos mortais, mas vivemos como se fossemos imortais. E perdemo-nos na vida, em vez de a encontrarmos e de nos encontrarmos. Que desperdício...
Nós, seres humanos, abençoados com tanta inteligência, e no fim vivemos à toa, sem propósito e massificados.
Pior do que estarmos a morrer fisicamente, pois na realidade todos partiremos um dia, só não sabemos quando nem como, é estarmos a morrer espiritualmente.
Isto é um facto, mas não tem necessariamente de ser um facto consumado. Cada um de nós pode ainda mudar o rumo da sua vida e viver no aqui e no agora com convicção, tranquilidade, harmonia e paz. Que assim seja.


segunda-feira, 2 de julho de 2018

E do velho se fez novo...




Ferros e ferrinhos aproveitados ao longo do tempo, mais um velho tabuleiro de um fogão já inexistente, deram lugar a uma mini churrasqueira na minha varanda.
Só não sou mais adepta do "guarda o que não presta, saberás o que te é preciso", porque isso significa acumular muuuuuita coisa ao longo do tempo e acumular é algo que detesto. Mas a verdade é que por vezes isso se pode revelar eficaz.
Do velho se fez novo e útil. Da mesma forma, se juntarmos os nossos pedaços de modo consciente e com propósito, podemos fazer um novo eu muito mais forte e belo.
Questões e mais questões se têm levantado na minha vida ultimamente. Devagarinho, mas ao mesmo tempo quase de repente, dou por mim a pôr muitas coisas eu causa. Eu diria quase tudo.
Portanto, o meu silêncio aqui no blog não significa silêncio na vida real. Pelo contrário, muito ruído se tem feito dentro de mim. Mas creio que em nome de um bem maior.
Uma das questões que tenho colocado, de entre muitas, é:
Para que trabalhas tu? Para que mantens mais do que um emprego ou sais do país para ganhar dinheiro? O trabalho que tens satisfaz-te? És feliz? Cresces como ser humano? Ajudas outros? Com toda a certeza, o dinheiro não é o motivo principal pelo qual trabalhas? Trabalhas para pagar as despesas? Porque elas são muitas e não terminam nunca? E quando pagas umas aparecem logo outras, porque a tua ambição nunca pára de querer alcançar mais? Trabalhas por amor à missão que sentes que tens de cumprir ou para pagar as despesas? Se é para pagar as despesas, o que te mantém nessa linha de conduta? Se és feliz, 'bora lá pra frente, permanece nesse caminho. Mas se vives frustrado, angustiado, exausto, porque o trabalho não te satisfaz, o chefe é demasiado exigente, os colegas são aquela mesquinharia que muitas vezes existe quando se trabalha em equipa, as horas que passas a trabalhar doem-te no corpo porque podias estar a fazer milhentas outras coisas mais úteis e interessantes... serão esses argumentos suficientes para te manterem num caminho que leva ao mesmo que o do cãozinho que corre atrás do próprio rabo? 
Atenção, não quero ofender ninguém que, com o seu empenho, acredita ser esse o caminho certo. O caminho do esforço, da luta, do suor, das lágrimas. Porque na nossa sociedade existe muito essa cultura: tudo o que vale a pena viver e ser conquistado, tem de o ser com muito esforço, porque se não o for, a pessoa é uma cretina que tem tudo de mão beijada. E às vezes a mão beijada é apenas a pessoa que faz o que gosta e por isso recebe os beijos da vida. Porque está de acordo com a sua essência. É, simplesmente. E quantos de nós não nos escondemos por detrás dos rótulos da sociedade e daquilo que ela exige de nós?! Quantos de nós não abdica daquilo que é, daquilo que realmente gostaria de realizar, apenas porque não tem força para sair do caminho e enfrentar a oposição?! A crítica, o apontar do dedo, o desdém, a incredulidade? Somos todos tão maiores do que aquilo que a maioria de nós faz ser... Falo por mim e para mim. E tenho pena que assim seja. Mas esta pena já é um sentimento de consciência da realidade que vivo e que não quero viver. E quando decido mudar de rumo, a vida alinha-se comigo e eu com ela para que o propósito seja cumprido. Creio nisto.
No mais, descansemos no facto que Deus nos ama e nos fortalece a cada passo que damos na direcção do Amor.
Caramba... no que uma simples churrasqueira feita a partir de ferros dispersos deu... :)


segunda-feira, 12 de março de 2018

Voltou...










Voltou. Voltou aquela velha sensação que eu já tão bem conheço de querer largar tudo e viver um novo tipo de vida. De querer largar os padrões estabelecidos por esta sociedade e abraçar um estilo de vida mais natural e sustentável. Faço o que posso dentro da vida que levo mas os passos que dou parecem-me tão pequeninos que parece que não avanço nada. 
Mas sim, por vezes dá-me ganas de mandar tudo para as "cucuias" e ir comer raízes para a minha caravana. Ou largar tudo e ir viver num barco a percorrer os rios e canais da minha terra. Ou esquecer do mundo corrente, aprender a fazer fogo por fricção e ir viver numa cabana junto ao rio.
Sei lá, tudo serve se servir de evasão. Talvez isto sejam devaneios da minha mente, talvez sejam escapadelas imaginárias que, por não serem reais, sabem bem e correm em direcção a um final feliz. Mas que cansa viver na sociedade actual, cansa. Detesto viver no consumismo, no ter, no alcançar, no correr. Se assim for, que seja num propósito construtivo do ser. Mas não é o que vejo, na maioria das vezes.
Mas enfim, como sempre digo, um dia de cada vez. E até é giro estar atenta e observar os caminhos da vida e por onde eles me levam. Já que ainda não consegui ser radical e largar tudo, que aquilo que abraço agora me sirva de estrada rumo ao destino que sonho.
Mas, o mais importante de tudo, é que a chuva voltou! E essa sim, voltou com efeitos muito positivos na terra, nos rios e em mim. Renova-me voltar a ver os regatos a borbulhar de vida e a terra a palpitar de flores. Graças a Deus.


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Consciência




E se de repente uma mudança de vida nos batesse à porta e nos víssemos a braços com alterações dramáticas de rotina e com escassez daquilo a que estamos habituados na vida moderna? 
Falo, por exemplo, do imediatismo da luz, da água, das redes sociais, do vestuário e da alimentação.
E se de repente o nosso orçamento só desse para adquirir um número muito limitado de itens e tivéssemos de estabelecer prioridades ainda mais rígidas? 
Penso nisto, por vezes... Penso nisto porque já me vi em situações quase de risco e penso porque sim, porque sou frugal e responsável. E gosto de o ser.
Bom, actualmente vivo uma situação que, não sendo desafogada, é-me confortável, tendo em conta por onde já passei. Mas... Tendo acesso a água canalizada, abro a torneira com consciência, fazendo-o apenas quando necessário e reduzindo o caudal, no caso em que as torneiras dão para o fazer. Ligo o interruptor e desligo quando deixa de ser necessário, não utilizando muitos equipamentos em simultâneo, fazendo assim uma melhor gestão do uso dos mesmos. Roupa, é-me praticamente toda oferecida, a mim e ao meu filho e quando se desgasta, tento arranjar para prolongar o seu tempo de vida. A comida, essa parte tão importante da nossa vida, passa agora por uma fase de ligeira mudança, também de maior consciência. Deixei de "alambazar" :) Adoptei o lema de um criador de perus britânico: coma menos, coma com mais qualidade e coma tudo. Fantástico, não é? Qualidade sem desperdícios. 
De certa forma, sempre fui assim, mas agora faço-o de uma forma mais consciente, agradecida e convencida de que a vida me retornará com bons frutos o resultado desta forma de estar. E já o está a fazer com uma conta da luz e da água mais baixinhas e um peso corporal também mais agradável. Portanto, tudo lucro. Com a graça de Deus :)

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Por estes dias





Por aqui os dias fazem-se de espera, anseios, desilusões, sol, chuva, vento, muito vento, previsões, alegrias, preocupações, ralhos, beijinhos, abraços, amuos, sonhos, pesadelos, preocupações com a escola, brincadeiras, passeios, comidas novas, ingredientes novos, mercearias biológicas, gente bonita, noites aconchegantes, lareira eléctrica a bombar, férias, trabalho, convívios de Natal, Árvore de Natal natural, tudo o que compõe uma vida normal e a deixa preenchida e a pulsar. Neste Outono quase Inverno sinto os meus níveis de energia a recuperarem-se lentamente do Verão intenso, mas aconchega-me a alma pensar nas noites frias que estão aí e nas preparações (sem stress!) do Natal que se aproxima. E assim se vive. Um dia de cada vez...


sábado, 18 de novembro de 2017

Bom fim de semana!



Cada vez mais o simples faz sentido para mim. Descomplicar, abrandar, observar, apreciar, dizer não ao que não acrescenta paz, alegria e crescimento. 
Deixar o pó em cima dos móveis e ir à floreira da janela apanhar uma flor para pôr num simples frasco de vidro com água em cima da mesa, reparar na luz de Outono que entra pela casa, sentar na varanda a ler uma revista cujo sentido é esse mesmo: abrandar e apreciar as coisas simples da vida.
Respeitar o corpo tendo atenção à sua comunicação conosco. São tantas as distracções da vida, são tantas as imposições, as amarras, os pedidos. E nesta percepção, não é fácil mudar. Mas é possível. Sim, é possível. Não ir com a corrente é ser contra-corrente e qualquer dia a contra-corrente já é corrente, mas neste meio tempo, importa respeitarmo-nos e vivermos por inteiro, de acordo com a necessidade que o nosso ritmo pede.
Sim, é possível. 


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Um dia de anos como se quer











Um dia de anos sem prendas, sem festa, nem sequer bolo. Que importa?  Fui eu que escolhi assim. Para mim, o importante são os momentos e as emoções. E essas, foram do melhor. 
Um dia calmo, muitas mensagens e telefonemas mas, sobretudo, muito passeio, e com a melhor companhia. Por sítios da minha infância e juventude onde eu não ia há muito, revisitados e redescobertos com outros olhos e outro coração. 
Para mim, esta foi uma das melhores maneiras de celebrar os meus 45 anos :)


segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Praia, pedras e vida









Quando uma pedra se transforma em fio e quando esse fio se transforma num baú portátil de memórias a acarinhar. Carregar esta pedra ao pescoço tem para mim o valor simbólico de me fazer regressar às férias do Verão, onde caminhei pela praia, joguei beach ball, tomei banho, comi bem, vi os pescadores trazerem peixe do mar e essencialmente, onde sonhei e redimensionei a minha vida. De lá, trouxe o compromisso de abrandar cada vez mais e pôr cada coisa no seu devido lugar. De lá, trouxe esta certeza de que é no desacelerar e tomar consciência do aqui e do agora que a vida toma outro sabor e outro sentido. De lá, abracei a convicção de que não é pecado usufruir das coisas bonitas da vida e de que não é errado descansar aquilo que o corpo pede. Não faz sentido correr, se essa corrida não nos leva a um destino de paz e felicidade interior. Não faz sentido lutar por coisas materiais se, como diz a velha frase: as coisas mais importantes da vida não são coisas. Talvez me sinta desajustada neste mundo, mas isso só significa que talvez tenha sido criada para ajudar a construir um mundo novo!

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Casa







Quem me conhece, sabe que há uns poucos de anos que anseio ir morar para o campo. Há 5 ou 6 anos, não me lembro bem, pus o meu apartamento à venda, pesquisei, encontrei, negociei, tudo, só me restava que alguém o comprasse para eu poder comprar a casinha dos meus sonhos. As coisas não correram como eu desejava, e conformei-me, adquirindo novas formas de amar a minha casa. Novamente, há coisa de dois anos, voltei ao mesmo sentimento forte e voltei a pôr o apartamento à venda. A tal casinha dos meus sonhos já não estava à venda e encontrei outra. Novamente a espera saiu infrutífera. 
E hoje? Hoje mantenho o sonho. Mas aprendi a amar a minha casa. E percebo que, para onde quer que vá, é aqui que criei raízes, que já vivi o melhor e o pior da minha vida, de onde já saí e acabei por voltar. E amo-a. Por vezes desejo que não seja definitivo este amor, mas tenho, realmente, de ser muito grata pela casa que tenho. Muito arejada, muito luminosa, muito bem situada, com vista para o campo, de um lado e vista para a cidade de outro, e mesmo esta, com um jardim bonito e cuidado. Quando saio e regresso, sinto as mesmas emoções de há 21 anos atrás: a minha casa. A luz das diferentes estações, os cheiros dos dias, as pessoas que vão envelhecendo e outras crescendo, um pormenor aqui e ali que muda, mas o mesmo velho bairro onde me sinto em casa. Do lado com vista para o campo, é onde, afortunadamente, tenho a minha marquise, arejada no Verão e acolhedora no Inverno, de onde ouço o galo cantar a altas horas da madrugada, de onde ouço as ovelhas balirem, de onde vejo o vizinho a cultivar o seu terreno, transformando-o num jardim hortícola, com os seus sons próprios: o motor de rega, o tractor a fresar, os amigos que se juntam para a patuscada, um ou outro que pára para cumprimentar e trocar uns dedos de conversa. A minha casa. É aqui que vivo hoje. Com a graça de Deus.
E depois, convenhamos, qual é a casa que é abençoada com a visita de passarinhos que aqui ficam por horas? Ok, provavelmente muitas, mas deixem-se sonhar, está bem? ;)
E já agora, um feliz mês de Outubro a todos! :)

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Como o rio que flui...



Vejo o sol cintilar na água.


Vejo ao longe um peixe a saltar.


Vejo na outra margem uma pessoa a pescar enquanto outros passeiam de bicicleta.


Vejo as nuvens brancas e cinzentas no céu, anunciando esperança de chuva.


Ouço os passarinhos que chegaram depois de mim.


Sente-se o ar e a paisagem secos à minha volta. Não está a ser fácil, este Verão.


Sinto o cheiro do sol a aquecer a minha pele.


Sinto o cheiro da rama dos pinheiros pequeninos perto da mesa onde me encontro.


Sempre imaginei como seria viver à beira da água...
Esta mistura de cheiros e de sons é completamente envolvente. Toma conta de mim. E faz-me sentir que a vida é isto. Que é perfeita.
Todos nós devíamos dedicar momentos da nossa vida a momentos como este, só nossos, para partilharmos se quisermos ou para deixarmos assim, só entre nós e Deus...


segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Desta vida real



Mais um marco na vida. Daqueles transformadores. Daqueles que não nos permitem ficar na mesma. Ou avançamos, ou recuamos. Ficar parados é morrer aos poucos. Bom, recuar, neste caso, será morrer... 
Momento de decisões. Principalmente as que partem do lado de dentro e se resolvem cá dentro.
Os meus dias, ou melhor, o meu interior, tem-se feito do que mostra a foto. Tapete, livros e luz.
Descobri o yoga há vários meses. Nada transcendente, no meu caso. Bem leve, online, ao meu ritmo, mas de uma descoberta bonita das maravilhas do corpo, das suas necessidades e dos seus limites. A professora é muito bem disposta e consciente do que fala. Nunca estou sozinha a movimentar o meu corpo. Nuns dias suo, noutros o ritmo é mais lento, nuns puxo por mim, noutros permito-me relaxar, mas quase sempre entregue à prática. Tem sido uma descoberta fantástica, esta, a qual já não passo sem.
Livros. De viagens interiores mas, principalmente a Bíblia e um pequeno devocional. Porque há momentos, ao longo do meu percurso, em que me pego afastada do essencial e da fonte da Vida e é a mesma vida que, por vezes de uma forma dura, me mostra que tenho de voltar ao Caminho. Muito, muito bom. Muito profundo. Restaurador voltar a ouvir, a falar, a ler, a ver Deus, o Pai em todos os momentos da minha vida. Que não estou só, eu já sei, mas sentir isso cravado na pele e no coração, é de todo vivificante.
Luz. A consequência mais natural. Porque quando nos predispomos a seguir a nossa voz interior, colocada ali pelo amor do Pai, por muito que a escuridão se faça sentir, a luz brilha por cima dela, tornando o caminho mais fácil de ser vislumbrado, ajudando a dar passos mais leves. O que é de todo importante para a leveza da vida. 
Sem dúvida, o mais importante não é o que nos acontece, é o que fazemos com o que nos acontece. É claro que a dor é inevitável, mas o sofrimento não. Que possamos sempre fazer as melhores escolhas na nossa vida, de modo a carregarmos um fardo o mais leve possível e a podermos iluminar o mundo com o nosso sorriso.


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Já com saudades das férias... :)









Fazer as coisas de todos os dias sem pressa, com mais pormenor, com mais intenção, com mais consciência. Fazer as coisas que não se tem tempo de fazer nos outros dias, que são mais corridos. Tirar um tempo para sair, ainda que pouco que seja, sabe sempre a evasão. Desta vez, caminhar pela praia, receber a brisa marítima, jogar beach ball e sonhar com dias de quietude. E também receber o inesperado quando ele acontece, ainda que esse inesperado seja o mais comum da vida: a morte.
Todos devíamos de ir a um funeral, de tempos a tempos. De preferência de alguém distante, que a dor de perder alguém próximo é demasiado pesada para ser escrita assim com leviandade, claro.
Digo isto porque é de todo importante lembrarmo-nos que não somos nada nesta vida e que um dia, mais cedo ou mais tarde, vamos todos para o outro lado. E já agora, também é importante lembrarmo-nos de agradecer cada dia que permanecemos do lado de cá e fazer dele o melhor possível.
Não tinha qualquer ligação com a falecida, mas sim com o filho, um homem que admiro muito, pela sua bondade e espontaneidade. 
E admirei a serenidade diante do facto consumado da separação física da sua mãe. E admirei a pregação do padre católico. E admiro profundamente todos aqueles que são bondosamente sinceros diante de Deus, independentemente da sua denominação religiosa. Cada vez mais rejeito, dentro do meu coração, que haja fronteiras a respeitar entre os que não professam a mesma doutrina. Nem sei se doutrina é a palavra adequada. Já que, para Jesus, A Doutrina, é simplesmente o amor. E o amor não tem credo, cor nem medida. É, simplesmente. E cabe a cada um zelar o melhor possível pela parte que lhe compete. 
Admirei a simplicidade daquele padre, ao que ouvi, novo na paróquia. Com uma manchinha de cabelo branco na frente da cabeça, identifiquei-me de imediato com ele, já que tenho a minha cabeleira quase toda alva ;) Essencialmente, na sua pregação, aquele padre focou-se na vida, exaltando a vida que pertenceu àquela que jazia no meio da igreja, e a vida que a esperava no céu, com Deus. As suas palavras fizeram para mim todo o sentido. Mas creio que muitos dos presentes que as ouviram, não as receberam no coração. Digo isto diante do comentário de uma familiar que nos acompanhava: "E pronto, acaba-se tudo aqui..." Imediatamente lhe interrompi as reticências: "Não acaba nada! Não ouviste o padre? A vida continua depois da morte. Jesus veio para nos dar a vida eterna. Numa outra dimensão, um outro tipo de vida, mas agora é que começa!" Bem disse o padre que era preciso fé para compreender estas palavras...
Todos devíamos de ir um funeral de vez em quando. Muito importante para nos manter no nosso lugar e para, diante da presença da morte, termos um verdadeiro encontro de vida com Deus, através das palavras do Seu servo e da Palavra que Ele nos deixa.
Jesus disse: "Que tem ouvidos para ouvir, ouça".