domingo, 31 de janeiro de 2016

Recomeços

















Gosto desta sensação de recomeçar aos poucos diversas acções que tinha deixado para trás e aberto mão em nome sei lá do quê...
Gosto desta sensação de me reencontrar, de abrandar para me voltar a conhecer.
Gosto desta sensação de dar prioridade àquilo que considero verdadeiramente meu e de o partilhar com quem me rodeia. Não adianta querer ser o que não sou, querer agradar a outros e esquecer-me de mim, não adianta fugir do óbvio.
Adoro parar e observar o que me rodeia, o que me cativa, o que prende o meu coração. Em definitivo, a natureza sempre me acompanha. Impossível dissociar-me disso. Ponto.
Momentos assim, só ou acompanhada, são sempre garantia de coração cheio. E sem dúvida, partilhá-los com alguém tem outro sabor. Conquistar esse alguém para ver o invisível, o tal que é essencial na vida, é por demais empolgante. É como observar uma criança a dar os primeiros passos na descoberta do mundo fantástico que a rodeia. 
Abrandar faz todo o sentido, neste momento. Parar até, se for necessário. Observar. Escutar. Sentir. Seguir. Faz todo o sentido, neste momento.
Parar para admirar a água que flui com a corrente e os pássaros que planam por cima de nós e nos observam lá do alto, sentar a ver a tarde que cai em silêncio num sítio diferente, lanchar um lanche simples à beira de um laranjal, descobrir novos lugares, é o que vos desejo nesta semana que começa, se sentem o mesmo que eu...


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Domingo de reconciliação



 












Olá!
A noite está calma por aqui... Eu também estou calma...
Já é quase fim de semana novamente e não me sai da cabeça o meu Domingo passado.
Dizem que Domingo é o dia do Senhor. E se o são todos os dias, Domingo tende sempre a ser O dia. E o meu foi-o. Não que tenha marcado a minha presença nalgum serviço religioso, não que tenha passado o dia de joelhos em oração e adoração, mas porque talvez tenha feito tudo isso e ainda mais no meu passeio solitário à Mata. 
Há já bastante tempo que não ia lá. Ter ido sozinha foi um misto de emoções que correram soltas e se fizeram sentir com muita intensidade. Ir à Mata, para mim, é sempre um acontecimento único. Cada passeio é especial e de cada um saio renovada e reconciliada com a vida.
Ao trespassar o portão, é como se entrasse num outro mundo. E de facto é. Afinal, este é o pulmão da nossa cidade. Mas quando entro e decido por que lado começar o caminho, o cheiro, a luz e todo o ambiente invadem-me por completo como se nunca dali tivesse saído. O cheiro é-me sempre tão familiar, seja Inverno ou Verão. Desta vez, o cheiro húmido e o sol tímido envolveram-me e aguçaram todos os meus sentidos. Subir pelo caminho e antecipar o que vinha depois das curvas foi sublime. Lá em baixo, na praça, as crianças divertiam-se e faziam chegar os seus gritinhos excitados até mim. Prossegui, detendo-me a cada flor, a cada tom de verde, a cada arbusto, a cada chilrear dos passarinhos que no cair da tarde disputavam o melhor poiso para passar a noite, a cada detalhe que captava a minha atenção. Quando arranquei a folha de um loureiro e a apertei na minha mão, as lágrimas vieram-me aos olhos diante da intensidade do aroma que se desprendeu. Fui coleccionando pedacinhos de arbustos para me ir inebriando ao longo do meu percurso. 
Por entre altos e baixos, curvas e caminhos planos, subidas e descidas, o sol foi-se pondo atrás do monte e regressei. Regressei ao meu 3º andar. Mas desta vez renovada e reconciliada. Percebi que se tudo o mais falha, que se aquilo que eu mais espero não acontece, que se a derrota me bate à porta, há sempre um lugar onde é possível ir para recolher o entusiasmo pela vida que sempre me pertenceu. 
É isso que nos move: o entusiasmo. Isso e também o Deus dos Domingos e de todos os dias, que nos leva a prestar-lhe adoração em todo e qualquer lugar, porque onde estiver o nosso coração, Ele aí está também.


sábado, 23 de janeiro de 2016

Doce Sábado



Com o sol a brilhar ou com o cinzento das nuvens, que o nosso fim de semana seja de conforto, aconchego, serenidade, paz, alegria, amor e bebidas quentinhas....


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Um pensamento para hoje...







Em criança 
não nos despedimos dos lugares. 
Pensamos que voltamos sempre. 
Acreditamos que nunca é a última vez.
Mia Couto


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Viver ao sabor da vida






O pequeno almoço é outro dos meus momentos altos do dia. O meu momento. Também passado na varanda, a que chamo quintal, no verão. No inverno, em manhãs de sol, e porque as janelas se encontram fechadas para proteger a casa do frio, torna-se o lugar mais apetecido por ser bem quentinho.
E é aqui que eu adoro começar o dia. Sentada no pequeno sofá, a comer e a agradecer pelo dia. Faça chuva ou faça sol, não dispenso este momento. 
E penso neste abrandamento a que me proponho nestes dias que ainda são curtos, com noites longas e frias, que remetem ao recolhimento apetecido de uma alma que quer percorrer o caminho certo.
E só vejo uma maneira de o percorrer: estando atenta, não forçar nada e continuando a caminhar.
Sempre fui de correr atrás do que queria. Algumas coisas consegui alcançar, outras não. Faz parte. Mas sempre fui uma alma inquieta e insatisfeita, querendo atingir o nível seguinte, sempre mais e mais. Acho que também faz parte. Mas chegada aqui, pergunto-me o que de facto sobreviveu ou frutificou do tanto pelo que lutei... 
É uma resposta minha, que guardo para conferir. Mas do que vejo e sinto agora, tudo o que quero é que seja a própria vida a mostrar-me o caminho. Não me apetece correr mais, não me apetece ficar demasiado ansiosa por coisa alguma. Porque vejo que aquilo que a vida me deu, foi o que de facto persistiu ao longo do tempo e continua a frutificar.
Parece passivo demais? Não creio. Esperar pela vida implica um auto-controle muito grande e um desenvolvimento enorme da paciência, sabedoria e atenção de cada um. E atrevo-me a dizer que um desafio destes não é, em definitivo, para qualquer um!
Por isso espero. Do muito que já consegui alcançar e que mantenho ou não em funcionamento, quero prosseguir o caminho em direcção ao alvo a que se propõe o meu coração. E preciso estar atenta para saber se é para seguir por aquela estrada ou pela outra ao lado, ou se até nem é para seguir por nenhuma agora e ficar a descansar um pouco na encruzilhada. Só quero estar em paz. Paz. E tudo isto só conseguirei se conseguir abrandar. Abrandar o meu ritmo interior, abrandar a minha ansiedade e impulsividade, abrandar revoltas antigas e substituí-las por sentimentos de amor.
Saio ou não saio revigorada destes meus pequenos almoços? Se estiver a chover, aprecio o cinzento lá fora e os vidros húmidos das janelas. Se estiver sol, aprecio as cores lá fora e as pontinhas do astro rei cá dentro. Tudo é motivo para agradecer. E o resultado é começar o dia revigorada, fortalecida e, por isso mesmo, pronta para mais um dia.


sábado, 16 de janeiro de 2016

Sossego, em casa, num dia bonito










Casa, uma das palavras do meu jogo do post anterior. Estou numa fase em que, mais do que nunca, adoro estar em casa e me sinto em casa na minha casa. Estou de novo a construir um lar e isso tem muito peso na minha vida. Não só pelas pessoas que habitam estas paredes, mas sobretudo pela forma como as sinto e me sinto. E poder passar aqui, sozinha, uma tarde a fazer tudo o que gosto, livre de pressões, num dia de inverno soalheiro, é algo que não se pode descrever com palavras.
Adoro os dias de sol de inverno. O ar frio empresta à luz um brilho todo especial que se espalha pelas fachadas dos prédios, pelas árvores, pela terra e pelo próprio céu. 
Apesar de todo o terreno cultivado, ainda não me posso gabar de poder sair de casa e pisar a terra, inspirar o ar puro e tomar o pequeno almoço na mesa posta lá fora. Esse é um privilégio que ainda não me assiste, mas sou muito grata pela vista que tenho do meu ainda 3º andar... E pela luz do sol que banha a minha casa durante praticamente todo o dia, de um lado e do outro, de verão e de inverno. E pelo sossego que tenho, por ser uma vizinhança calma. Sentada na varanda fechada, protegida do frio, com a mantinha em execução no colo, paro o trabalho de vez em quando para ver o sol lá fora, para apreciar as cores que estão a crescer ao ritmo das minhas mãos, para ouvir as conversas das pessoas que passeiam mais alegremente porque mais alegre é o dia também e propício para pôr todas as roupas a secar no estendal.
Deus. Outra das palavras do meu jogo. E outro dos momentos altos do dia, quando paro tudo e me sento na janela do quarto ao sol, a ler, a falar e a ouvir. Outro momento sem palavras que o descrevam, porque só com o coração se pode sentir o que sinto. E sou grata por isso. Sou grata porque sei que Ele é Deus mas, para mim, desde que o é, sempre foi e será um Pai.
E volto à varanda. Revigorada. Porque entreguei tudo o que sou e tudo o que tenho e posso descansar na certeza de que sou continuamente carregada ao colo. E assim, levezinha, é com redobrado prazer que aprecio o céu, as nuvens que já nos trouxeram muita chuva para regar a terra, as casas em tons alaranjados pelo sol que se põe e tudo o que posso ver e respirar. 
Não tenho tudo o que queria? Não. Não sou tudo o que queria? Não. Mas tenho e sou o que me é possível neste momento e sou muito, muito grata por isso. Por esta força que Deus me deu de poder ver o copo meio cheio, mesmo quando por vezes ele está vazio... 
Tardes assim são perfeitas.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Se o janeiro não tiver trinta e uma geadas, tem de as pedir emprestadas











Adoro estas coisas das tradições, da velha sabedoria popular, da comunicação da natureza, da interligação humana. 
O ano começou e eu estou atenta a este nosso janeiro para ver se bate certo com o velho ditado. Bom, já deu para perceber que vai ter de pedir emprestadas as geadas a um outro mês que virá. Mas enfim, apesar de sabermos que os tempos andam trocados, também é bom saber que já os nossos antepassados acautelavam estas hipóteses e sabiam que em janeiro ou noutro mês qualquer, o frio a sério teria de vir. Que venha o tempo que Deus mandar e que nos capacite para o receber.
Nunca fui muito destas coisas de resoluções de ano novo, como já por aqui falei, mas a verdade é que, de há uns anos para cá, tenho estado mais atenta à passagem do tempo, à demarcação do calendário e a esta história dos recomeços. E tenho presente que, mais do que resoluções de ano novo, para cada ano, mesmo sem fazer por isso, o que me vem à mente é uma palavra chave. Há dois anos foi a palavra esperança. O ano passado foi a palavra concretização. Este ano, a palavra abrandamento.
Acaba por ser interessante perceber, deste modo, as mudanças por que uma pessoa passa a nível interior e como cada fase da vida tem as suas demandas. Mais interessante ainda é perceber como isso são gritos interiores de um apelo profundo acerca daquilo que somos e como é importante ouvir e responder a esses apelos. 
Assumirmos quem somos é por demais importante. Viver de acordo com isso, é vida. Para nós e para quem nos rodeia. Não adianta fugir, isso só nos fará rodar em círculos, deixando-nos tontos e desorientados. 
Desacelerar. 
O meu anseio é viver uma vida calma, apenas com as agitações da alma que decorrem das nossas motivações interiores. Essa é a vida que vale a pena viver. Aquela que vem do mais profundo do nosso ser e que nos move em direcção ao alvo, como uma árvore que no seu tempo próprio virá a dar frutos doces e abundantes.
Vamos jogar o jogo das palavras?
Desacelerar. Coração. Família. Casa. Deus. Campo. Terra. Sol. Paz. Quietude. Sorriso. Crochet. Mãos. Trabalho. Pessoas. Cor. Mesa. Cadeira. Pano. Deus. Casa. Família. Coração. Desacelerar.