sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Bom fim de semana!



Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros 
e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não
existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Meu amor, meu filho




Meu amor, a vida trocou-nos as voltas, ou melhor, talvez eu te tenha trocado as voltas e tu nem tenhas dado por isso. Aquilo que inicialmente sonhei para ti não se concretizou, mas quem sabe se não é melhor assim, não é melhor a realidade que vivemos do que aquilo que sonhei? A verdade é que me resta a consciência de que te amo com tudo o que sou e amor não te falta de nenhum lado. Amor e acompanhamento. Mesmo na tua rebeldia e distracção, acredito que sabes deste amor e nele te sentes seguro. Mesmo naquelas fases em que andas de maneira a que eu tenho vontade de te deserdar e por isso a nossa relação não é só beijinhos e abraços e sim mais ralhos e disciplina, mesmo nesses dias, quando longe de mim, não te esqueces de mim. Passando um dia sem te ver, chegas e portas-te logo mal e eu tenho de ralhar, já cansada ou melhor... esgotada. Tu pões distraidamente a mão no bolso e lembras-te: "Ah! tenho aqui uma coisa para ti." E tiras esta pedra, que encontraste no chão no teu passeio pelo pinhal com a Súria. "Tem a forma de coração. E eu lembrei-me de ti porque sei que gostas de corações." Pois gosto. E logo o meu se derrete e me lembra que, quando por vezes vemos pedras, no seu lugar podem estar corações sensíveis. Apenas escondidos, talvez à espera de atenção, direcção, sei lá... Só sei que esta pedra é um dos símbolos do teu amor por mim e que a guardarei para toda a vida, enquanto a vida me der um coração que bate por ti. Obrigada, meu amor.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pedaços de uma tarde de Domingo





















Quando era pequena os Domingos representavam, para mim, uma certa angústia. Invariavelmente, os fins de semana consistiam em partir à Sexta-feira à tarde para a aldeia do meu pai, chegar lá e preparar-me para uma noite bem dormida, porque o Sábado era o dia grande, o dia em que podia viver a minha vida de campo por inteiro. O Domingo já implicava vestir um fato limpo, ir à missa e preparar para à tarde regressar à cidade e no dia seguinte, à escola, coisa que para mim nem sempre era o mais agradável porque representava uma obrigação, uma obrigação por vezes amarga.
Mas actualmente, o Domingo representa um dia relaxante, o único em que me permito não ter obrigações laborais e por isso mesmo, um dia bom, sem a angústia do passado.
Acho que se está a tornar tradição fazer uma sobremesa ao Domingo para levar e comer em família. Delícia, voltar a "meter as mãos na massa" e usufruir do prazer de proporcionar momentos de alegre convívio ao sabor de uma coisinha doce :). 
E no campo, esse convívio é tão mais aberto, quando se proporciona. Então nestes dias cinzentos, é o máximo, para mim. O cinzento exalta os verdes da natureza e eu delicio-me. Respiro fundo, fecho os olhos e sou feliz.
E foi numa destas tardes cinzentas que conheci o Rafa, o novo "xodó" da cunhada e claro, de todo o resto da família; que passei parte do tempo no sótão de outra cunhada a resgatar fragmentos do passado e a trazer comigo trapos para vestir a casa e o corpo; que passei outro pedaço de tempo no jardim a admirar a beleza à nossa volta e a agradecer por estar viva, de saúde e poder ter consciência da importância disto tudo na minha vida. 
Como diz o povo: "pobrete, mas alegrete" :).

sábado, 24 de outubro de 2015

Um dia o dia chega

















Quando tirei estas fotos, há uns poucos anos, o dia ainda não tinha chegado. Eu sonhava, ansiava, esperava... E então, um dia, o dia chegou. E eu estou feliz. Nem tudo são as rosas que imaginei, mas sem dúvida que, por entre os espinhos, a beleza e o aroma se destacam.
E enquanto esperamos o dia chegar, o melhor é usufruir o dia que vivemos hoje, pois é nele que temos a capacidade de agir e agir sempre pelo melhor.
Bom fim de semana a todos!


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Passeio de Outono
















Há muito que não íamos à Mata passear. Num dia à tarde, em que saiu mais cedo da escola, recebeu a sugestão com um excitado siiiim!!!. Do alto dos seus 9 anos, a minha carracinha continua a ser uma das minhas companhias preferidas para passear. Sempre curioso, atento, conversador, brincalhão, uma criança a fazer-se homem. Foi, sem dúvida, um fim de tarde muito bem passado.