domingo, 27 de novembro de 2016

Domingo de gratidão


Domingo. Dia de abrandar. Dia de contar as bênçãos da semana que passou. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato. Esta semana fui grata por:


  • Ver as formações de nuvens no céu antes e depois das chuvadas que têm caído.

  • Calçar as galochas pela primeira vez esta estação, com as quais me sinto a miúda mais sexy da cidade ;)
  • Passar um dia em casa, com chuva lá fora e crochet cá dentro, num conforto sem igual.
  • Passar uma manhã na cama a ouvir chover lá fora - oh coisa mais boa.
  • Pausa para um café, sozinha para pensar, escrever e ler a Country Living.
  • Ver o sol brilhar e iluminar tudo com o brilho que a chuva deixou.
  • Receber a encomenda de uma amiga do outro lado do oceano e ver como sou abençoada com tanta dedicação e perfeição materializadas numa mala a tiracolo.
  • Ver que as notas da carraça se mantêm em níveis bastante satisfatórios para alguns dos seus problemas de comportamento :)
  • Chegar a casa à noite, depois do trabalho, e ser recebida com muitos beijinhos do meu mais que tudo pequenino - do melhor!
  • Limpar a cozinha a fundo, trazendo um cheiro de limpeza fantástico à casa e que eu adoro.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Boa noite!







terça-feira, 22 de novembro de 2016

O nosso azeite







Ai, como eu gosto deste clima frio e húmido, cinzento e agreste. Um dos melhores dias da minha memória recente foi precisamente o último Domingo. Choveu praticamente o dia todo, mas que bem que soube ficar aninhada no sofá a continuar o cinzento da mantinha de Outono, entrecortada por conversas ocasionais ao sabor da inspiração. A salamandra eléctrica sempre a bombar, o forno a fazer um bolo e a cunhada a bater à porta para falar qualquer coisa. Há muito tempo que não tinha um dia assim, inteiro, tão quieto e tão saboreado. A chuva caía lá fora, o vento uivava de vez em quando e a tarde escura transformou-se em noite, trazendo consigo o descanso.
Não tenho estes momentos, muito menos estes dias, como adquiridos. A vida pode mudar a qualquer instante e com o emprego que tenho, a minha "mangueira de bombeira" tem de estar sempre pronta para qualquer eventualidade e a qualquer hora. Como tal, é com gratidão e satisfação extras que vivo dias assim.
O Outono prepara-nos para a introspecção, para o recolhimento, para o voltarmos a conhecer-nos a nós próprios, para a renovação das forças que se esgotaram com o fulgor do Verão. E é no Outono que vivo com mais intensidade, porque me sinto mais quieta para apreciar os bons momentos. Como o que vivemos há semanas atrás, quando fomos trocar a nossa azeitona pelo azeite do lagar.
Fomos à tardinha, já era noite, que os dias agora são mais curtos. O frio cortava, nesse dia. E num espaço amplo como o do lagar, mais ainda, pois o ar ali circula livremente, e castiga quem não se mexe!
Adoro ir ao lagar! Sempre gostei, desde pequena. Só tenho uma grande pena por não podermos ver o processo completo da moedura da azeitona, devido às leis actuais. Mas o cheiro, ai o cheiro, esse ainda é o mesmo. Assim que abri a porta do carro, caí em êxtase. Só por aquele cheiro tinha valido bem a pena ter lá ido!
A azáfama era enorme, num entra e sai de carrinhas carregadas de sacas de azeitona, de carrega e descarrega, pesa e tira, espera e troca. No nosso caso foi rápido. Bastou esperar a nossa vez e fazer a troca da azeitona pelo respectivo azeite, num compartimento à parte.
Tudo ali era aproveitado. A torneira por onde saía o azeite tinha um "pucarozinho" para não desperdiçar nem um pingo e despejar o líquido para dentro do nosso garrafão também era feito com muito cuidado, lentamente, até à última gota. Líquido precioso, se o estávamos a pagar, quem nos estava a vendê-lo respeitou isso muito bem.
Aliás, foi algo a que fui sensível este ano: eram rapazes novos quem estava a trabalhar no lagar, com garra, com desenvoltura e com muito respeito pelo que faziam. Nesse aspecto, foi como voltar lá atrás no tempo. Mudaram as técnicas, a essência não. Pelo menos não naquele lagar. E isso deixou-me muito feliz.
Não há sabor que bata o do azeite vindo do lagar. Não há sabor que bata o das batatas com couves regadas com o azeite novo. Não há cheiro como o do lagar. Nem há maior gosto que ver a carraça a molhar o pão no azeite.
Por tudo isto, por todas estas experiências e vivências, o Outono é uma estação maravilhosa!

domingo, 20 de novembro de 2016

Domingo de gratidão


Domingo. Dia de abrandar. Dia de contar as bênçãos da semana que passou. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato. Esta semana fui grata por:




  • Comprar mais uma caneca. Não preciso de mais, é verdade, mas não resisti a esta, naquela manhã cinzenta, que só convidava a encostar no sofá com uma boa caneca de leite ou outra bebida qualquer, quentinha e reconfortante.




  • Ver os meus bolbos a despontarem da terra e que daqui a nada estão a florir e a inundar a varanda com o cheiro delicioso dos jacintos :)




  • Apreciar o ambiente confortável da minha casa, nesta época do ano em que as luzes se acendem cada vez mais cedo, emprestando esse ambiente apetecível, de que tanto gosto.



  • Fazer caramelo líquido caseiro. Adoro fazer tudo aquilo que possa ser feito em casa em vez de ir comprar ao supermercado. E este caramelo, tão fácil de fazer e guardar, pronto a utilizar para quando se fazem aqueles docinhos que pedem uma dose extra :)
  • Usufruir de um dia sem trabalho de clínica. Cinzento, tão apetecível para fazer tudo o que há a fazer sem pressas, e foi o que aconteceu - o máximo.
  • Ter os abraços da minha carracinha e enfiar o nariz no seu cabelo fresco e fofinho :)
  • Ajudar nas mudanças da nova vizinha/cunhada no prédio. É bom ter alguém de confiança no prédio, alguém que basta subir as escadas para nos bater à porta e pedir emprestada uma concha para tirar a sopa.
  • Arrancar risos e gritinhos felizes da filha da nossa gestora, cuja leucemia teima em debilitar.
  • Aproveitar uma hora de almoço para conversar com uma das doutoras da clínica e falar sobre vida rural, economia doméstica e histórias de tempos passados que só têm a acrescentar à nossa vida presente.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

À procura do Outono






















Fomos à procura do Outono, a carraça e eu, um destes dias, numa tarde um pouco mais soalheira que a de hoje, mas densa e húmida. É mágico o ar que se respira na Mata.
Achei os caminhos mais frondosos, os cheiros mais apurados, os sons mais carregados. Ao fim da tarde, os passarinhos agitavam-se em busca de poiso onde descansar durante a noite e a carraça fazia perguntas sem fim, como sempre faz, que ele tem uma curiosidade e imaginação inesgotáveis. 
Por onde passámos, os caminhos fizeram-se de loureiros cujas folhas esmagámos nas mãos para levarmos o cheiro connosco, de cores misturadas de folhas de árvores que não resistiram ao passar da estação, de chuvas de folhas dos castanheiros, de tapetes de folhas caídas do alto, de oliveiras carregadas de azeitonas e que ninguém aproveitou, de cogumelos espalhados nos sítios mais húmidos, de troncos cortados de árvores em risco de queda que o frio já aí está e é preciso aquecer o esqueleto, de medronhos já a cair de maduros, de pessoas que passeavam tal como nós e que diziam "boa tarde", de sol a pôr-se e a sombrear toda a Mata bem como a esfriá-la. A mão quentinha do meu pequenito aquecia-me e o seu ar esperto e sereno ao mesmo tempo, aquietavam-me.
Sem dúvida, o Outono encerra em si um sentimento enorme de nostalgia. Porquê? Não tenho respostas, só sentimentos, e bem fortes, daqueles que se vão transformar em memórias dentro de nós e nos vão acompanhar para sempre.
Já não ia há um bom tempo à Mata. Foi bom regressar. É sempre bom. A Mata é para mim um lugar especial.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Boa noite!





Nunca deixes que as coisas que tu queres te deixem esquecer as coisas que tu tens


domingo, 13 de novembro de 2016

Domingo de gratidão


Domingo. Dia de abrandar. Dia de contar as bênçãos da semana que passou. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato. Esta semana fui grata por:


  • Ir ao lagar trocar a nossa azeitona por azeite "verdadeiro". Do melhor!
  • Conseguir manter a esperança contra todas as expectativas numa situação de trabalho.
  • Ir descarregar lenha a vários clientes. Um jogo de cintura para driblar o tempo e conseguir fazer tudo, mas muito satisfatório.
  • Passar as noites já frias, aquecida pela salamandra eléctrica que, embora dê chamas fictícias, são muito próximas da realidade e produzem na mesmo o efeito calmante que o fogo verdadeiro proporciona.
  • Aproveitar todos os buraquinhos no tempo para estar com a minha carracinha, porque a vida é muito curta e cheia de adversidades, e há momentos em que a vida nos faz tomar consciência da necessidade de aproveitar aquilo que é realmente importante.
  • Fazer uma mistura caseira para chocolate quente que se revelou uma das receitas mais fantásticas de sempre!
  • Fazer extracto de laranja, para juntar aos de canela e baunilha que já fiz, aumentando assim o leque de extractos para adicionar aos cozinhados/doces que pretendo fazer.
  • Fazer doce de batata doce. Adorei o sabor surpreendente.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Pescaria II








Mais um feriado, mais uma tarde de pescaria. Dia bonito, temperatura agradável, mas tivemos de vir cedo, que agora faz-se noite mais depressa. Desta vez não pescámos nada, ou melhor, não trouxemos peixe nenhum, os poucos que foram pescados foram devolvidos ao rio.
Mas o bom humor dominou a tarde e o passeio à beira rio, por sobre pedregulhos escorregadios em busca de melhor local onde o peixe picasse, fez-nos descobrir águas cristalinas cheias de lagostins, sons maravilhosos de pássaros em liberdade e felizes, sol de fim de tarde que dourava toda a paisagem, patos que mergulhavam à nossa frente em busca de alimentos, fazendo-nos suster a respiração diante do imenso tempo que eles aguentavam debaixo de água. Lanchámos, conversámos, rimos, continuei a mantinha de Outono e no fim, ainda fomos para o lanche dos Santos, onde enfardei castanhas, tremoços, broas, vinho tinto caseiro, mousse de chocolate, entre outras coisas boas.
Adoro dias sem pressa, em que a tranquilidade dita a forma como recebemos a vida, em especial as suas partes menos boas. São dias assim que nos fazem acreditar que, independentemente das circunstâncias, é sempre possível acreditar que a felicidade e a possibilidade estão dentro de nós - sempre.


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O que quer que sejas, sê bom




Considero-me uma a-política assumida. Não acredito na política como ela é praticada, não acredito em ideais políticos porque todos eles têm falhas e muito menos acredito nos políticos. Contudo, tenho de aceitar que ela faz parte da forma como nos mantemos como sociedade e que votar faz parte do direito e obrigação de qualquer cidadão.
Mas hoje, hoje até nem tenho falado muito disso, mas a minha alma grita. Penso que há muito não era atingida por um resultado político como o fui hoje. E ainda me sinto incrédula. Acho mesmo que acreditei até ao fim que o resultado iria ser diferente, mas não foi. Ainda não acredito. 
O problema é que somos todos afectados com este resultado político, vivendo como vivemos num mundo pequeno, interligado e ainda hoje, se a América espirrar, podemos muito bem ficar constipados. 
Neste dia em que a incredulidade insiste em permanecer, talvez num sentimento de negação do óbvio, conforta-me saber que cada um de nós pode fazer a diferença, pode continuar a percorrer o seu caminho da melhor forma que pode e sabe, pode continuar a praticar pequenos actos revolucionários, porque a revolução também se pode fazer mansamente em pequenos gestos de amor. Neste dia, em que parece que começou um novo mundo, sabe-me muito bem poder continuar a contar com aqueles que amo, pegar no meu crochet e construir mais um pedaço da minha história, acender a salamandra eléctrica e aquecer-me ao calor da uma chama fictícia mas ainda assim aquela que posso ter e sonhar que amanhã cada um de nós poderá ser melhor naquilo que é e naquilo que quer ser, almejando crescer e tornar-se um ser humano melhor, um ser humano bom.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Domingo de gratidão à Segunda :)

Domingo. Dia de abrandar. Dia de contar as bênçãos da semana que passou. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato. Esta semana fui grata por:


  • Passear em família por Figueira, ficando a conhecer mais uma das nossas aldeias do xisto.


  • Passar mais uma tarde fantástica a pescar.

  • Fazer doce de abóbora com abóbora da nossa horta e nozes da vizinha num dia em que estive xoxa e foi isto que me deu ânimo.

  • Sentir união no trabalho, apesar de tantas dificuldades.
  • Continuar a mantinha de Outono e estar a adorar o cinzento escolhido, a lembrar as imensas borralheiras que se fazem nesta estação.
  • Reencontro de uma amiga do Brasil, de há 20 anos que, graças às novas tecnologias e à sua vontade, voltou a contactar comigo.
  • Usufruir de um feriado a meio da semana, que me permitiu ter tempo para fazer algumas tarefas necessárias e pendentes, feitas sem pressa e com um sol brilhante a entrar pela casa adentro.
  • Ter tempo para estar com a carraça, para o ouvir, para lhe responder, para o abraçar.

sábado, 5 de novembro de 2016

Novembro à porta, geada na horta




Há dias nostálgicos... como o de hoje. O tempo esteve cinzento, chegou a chover até, bastante, o trabalho correu bem, calmo, sem sobressaltos e a tarde caiu cedo. O facto de não ter a minha carracinha comigo hoje deixou-me meio sensível. Acredito que ele está bem, mas queria-o comigo e há alturas em que isto me afecta. Bom, em dias nostálgicos como este, o melhor remédio é inspirar, absorver o ar húmido e fresco do Outono e ir comprar mais lãs para continuar a mantinha. E chegar a casa e pôr a barriga no fogão a fazer doce de abóbora com noz. É nestes dias, em que parece faltar algo dentro de mim, que a cozinha me compensa e me dá os melhores pontos, os melhores temperos, as melhores combinações e os melhores resultados, portanto. E isso deixa-me feliz. Este doce de abóbora vai ter o sabor do Outono e o sabor da nostalgia acoplado, numa doce combinação de bons sentimentos, daqueles que, parecendo não tão bons, são apenas peças da vida que compõem o puzzle maior, belo quando visto no seu todo.