quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Descanso

Conseguem ouvir o apito da chaleira?
Queria tanto ter uma. E uma amiga querida ofereceu-me uma. Aliás, parte do que tenho, foi por mim ansiado e a mim oferecido. Sem pedir. Sou tão abençoada. Tão mimada por aqueles que me Conhecem. Conhecem com "c" grande, porque há conhecer e Conhecer, conhecimento e Conhecimento. E tudo o que merece uma letra grande, é grande em si mesmo.
Hoje tive finalmente um pouco de descanso nesta semana que tem sido muito corrida. Hoje fiz uma paragem. De manhã, tarde na manhã, que até o cedo da manhã foi atribulado. Mas consegui sentar. Que bom, rever a amiga de perto e a amiga de longe. E também a amiguinha mais recente que, antes de nascer, já estava no coração. Que bom. Sentar, sorrir, conversar, partilhar, sentir o sabor quente do café a reconfortar e o doce do salame de chocolate, ali e em mais nenhum lugar, a consolar. Que bom sentir a energia da amizade, olhar e perceber que, diante daquilo que não vemos, o que nos unia era uma corda forte de amor do Pai. E depois aquela cabeçinha pousada no meu ombro, aqueles cabelinhos fininhos a roçarem a minha cara e uns sonzinhos de mimo a baterem no meu ouvido. Oh delícia.

E mais um intervalo speedado, até à noite. Já é tãããooo tarde! Já há taaaaanto tempo que devia estar a dormir. Porque estou a dever muitas horas ao meu amigo sono. Mas soube-me bem este cházinho. De borragem. Quase ninguém conhece. Mas foi o que safou o sogrinho de uma gripalhada daquelas no Inverno passado. Mas bebe-se bem, quente ou frio. Em paz. Em serenidade. A gozar o momento. A perceber que até os dias cinzentos têm o seu encanto, se estivermos bem atentos. A perceber que, como diz o povo, "depois da tempestade vem a bonança" ou, como diz Deus, "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã".
E agora vou deitar-me. Acender o candeeiro, encostar a cabeça e as costas na almofada e ler. É um bocadinho só meu. Tão calmo, ele é. E depois, ponho a almofada que serve de apoio à leitura no chão, deito a outra onde pouso a cabeça, apago a luz, viro-me de lado, aconchego-me e solto um suspiro profundo. Dou sempre este suspiro todas as noites, apercebi-me há um tempo. E é tão bom. Tira-me metade do cansaço e embala-me para entrar no outro lado em pouco tempo. Muito pouco tempo. Só desejo que o sono esta noite dure muito, muito tempo.
Para todos, um merecido descanso, mesmo que leiam esta mensagem pela manhã.

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