quarta-feira, 27 de abril de 2016

Em dia de poucas palavras...









O silêncio não é a ausência de fala, é o dizer tudo sem nenhuma palavra.



Mia Couto

🍀

domingo, 24 de abril de 2016

Domingo de gratidão



Domingo. Dia de abrandar. Dia de reconhecer as bênçãos da semana que passou. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato.



  • Planear os presentes que vou fazer e oferecer para uns amigos com quem conto estar daqui a umas semanas. É sempre um prazer planear estas coisas e empenhar-me no tempo investido em executar coisas giras e, de preferência, úteis.


  • Terminar um trabalho é sempre muito agradável. Finalmente cheguei ao fim do meu conjunto de tulipas, que comecei há uns tempos, e só falta passá-las a ferro para as pendurar na parede. Yupi!


  • E como não dá para ficar com as mãos paradas, começar outro trabalho foi o passo seguinte. Desta vez, para oferecer a uma amiga com quem vou estar, para um momento especial.


  • Ficar extasiada diante dos raios de sol a conquistar a casa depois de um aguaceiro bem forte acompanhado de alguns trovões. Momento de paz e agradecimento...

  • Ir ao mercado semanal. É sempre uma explosão de sentidos, não há dúvida. A cor, a variedade, a simpatia, os pregões, tudo junto faz de uma ida ao mercado um momento único.

  • Visitar a mãe e a tia. Uma tarde bem passada em família, com um bom lanche e uma boa conversa, e perceber como o envelhecimento de cada um de nós é uma óbvia e incontornável passagem do tempo, que não pára, e que traz com ele a continuação de cada vida.
  • Tomar o pequeno-almoço na varanda continua a ser sempre a minha melhor forma de começar o dia!
  • Ver o pequeno a distrair-se e a brincar com qualquer coisa em vez de se despachar para ir para a escola. Depois é um corre corre para não chegar atrasado porque perdeu o tempo na brincadeira, mas deixa-me feliz como também ele é feliz com pouco.
  • Tomar um café com uma amiga é sempre motivo de bênção para mim, momento que valorizo sem medida.
  • Passar tempo na minha varanda. Como eu gosto! A bordar, a petiscar, a ler, a jardinar, a pensar na vida, a não fazer nada... Ainda de férias, tenho feito do tempo o meu aliado e tentado aproveitá-lo da melhor maneira.
  • Ir dar com o pequeno a tomar o pequeno-almoço na varanda, tal como a mãe. Aha, também ele percebeu como aquele cantinho é bom e que a primeira refeição do dia pode mesmo ser um momento especial para enfrentar o trabalho árduo de crescer com a escola.
  • Conversar com vista a um maior entendimento é também algo mágico. É sempre bom fazer as pazes e crescer junto, de mãos dadas.
  • Conversar com o pequenito e perceber que, apesar de tão brincalhão como só ele é, não é assim tão pequenito no pensar, que de vez em quando demonstra que pensa nas coisas e que acerta no dizer.
  • Ver o dia a começar com o sol a brilhar, finalmente, ao fim de tantos dias sempre cinzentos, quando não a chover.


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Boa tarde!






Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas.
Johann Goethe


domingo, 17 de abril de 2016

Domingo de gratidão


Domingo. Dia de abrandar. Dia de reconhecer as bênçãos. Dia de agradecer. Independentemente das circunstâncias da vida, há sempre algo pelo que ser grato.




  • Ver a minha carracinha no seu momento zen, a ler um livro na maior descontracção. De vez em quando interrompia para me chamar e partilhar comigo alguma informação que lhe tinha despertado a atenção. E é tão bom vê-lo a ler um pouquinho, todas as noites, na cama, antes de apagar a luz para dormir. O meu lindo...


  • Caminhar com o tempo cinzento. Adoro. E desta vez, tive a companhia do Simão, o Serra da Estrela semi-abandonado do lugar. Um matulão com o seu peso em meiguice e fidelidade. 


  • Assistir ao espectáculo do arco-íris. Desde pequena, sempre que vejo um, é um momento de alegria. E hoje, sei que ele reflecte a promessa da aliança que Deus estabeleceu com o Homem. E não há forma de me sentir mais segura e mais amada.



  • Finalmente ver o escaparate pendurado na cozinha. Eu tenho as ideias, ele tem a habilidade e no fim, ambos ficamos felizes com o resultado do aproveitamento de materiais destinados ao lixo, que acabam como objectos úteis e bonitos.



  • Bordar na varanda. Muito tenho bordado eu na minha varanda, nestas férias, faça chuva ou faça sol. Não importa o tempo. Importa sim aproveitar todos os momentos para continuar algo tão prazeroso e sereno e no fim... bonito também.



  • Viajar à chuva. Adoro. Ainda mais quando a viagem apresenta a vantagem subentendida de renovar a perspectiva fechada de uma pessoa confinada a uma cadeira de rodas. Fazer a diferença na vida de alguém, ainda que seja pelo breve momento de uma tarde, tem um sabor sem igual.



  • Ir às cilercas, embora depois de uma semana de chuva fosse difícil encontrar alguma. Foi o que aconteceu. Não encontrámos cilercas, mas encontrámos um caminho novo para uma caminhada fantástica pela natureza, respirando o ar fresco e puro do bosque, ouvindo o zumbido das abelhas que invadem o rosmaninho abundante e que tinge a paisagem de lilás, e o barulho forte da água a correr por baixo de nós, no ribeiro que rompe a terra com violência. Não há como a força e a suavidade da natureza para nos revigorar e colocar no nosso devido lugar...
  • O pequeno almoço na varanda. Todos os dias. A minha refeição preferida do dia. É a que melhor me sabe. Demorada, saboreada, apreciada. Com ou sem companhia, não importa. Não tem preço. 
  • Pesquisar no computador e na vida real todo um mundo novo que se tem desvendado à minha frente desde que comecei a entrar mais em força nesta vida de campo. E em especial, aplicar todos os produtos que colhemos e outros à nossa disposição na natureza espontânea na culinária, manifestando-se tudo isto em verdadeiros actos de amor, que cada vez mais aprecio. 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Boa tarde!






Um coração grato encontra sempre o caminho.


domingo, 10 de abril de 2016

Domingo de gratidão


  • Plantar morangos na varanda. De tantos morangueiros que separámos da horta, trouxe alguns para ter na minha varanda. Utilizei duas floreiras para o efeito e foi terapêutico ter chegado a casa do trabalho e aproveitar o dia de chuva para fazer este trabalhinho de mexer na terra e depositar a minha esperança no nascer dos novos frutos.



  • Fazer uma nova receita de granola e constactar que em todas as que faço, há sempre um ingrediente da minha predilecção. Nas anteriores, tem sido a semente de abóbora. Adoro! Nesta, são as amêndoas. Adoro!



  • Pôr a barriga no fogão e provar que cozinhar é mesmo um acto de amor: por nós próprios, pelos que amamos e pelos alimentos. Estes, da horta, fizeram um excelente refogado de alho francês com cenoura, que me levou ao céu.



  • E as couves de bruxelas, também da horta, foram uma tentativa bem sucedida de devolver a este legume mal amado algum protagonismo. Continua a ser um legume que dispenso, mas gostei deste salteado.



  • Limpar árvores, cortar troncos, rachar lenha, empilhar lenha, ter lenha, vender lenha... É terapêutico para mim. Adoro o cheiro, a textura, a limpeza, a organização, o aquecimento, a beleza, os bichos, as flores do campo, adoro. E nem a inclinação do terreno, nem a rudeza do machado, nem as dores no corpo que ficam após o peso do trabalho me tiram o ânimo de uma tarde em volta desta tarefa.



  • Admirar os ovos das galinhas da Sofia. Acho o ovo um alimento lindo e delicioso e que se presta a muitas confecções, e se ele vier de "galinhas a sério" então, é ouro sobre azul.



  • Ir apanhar cilercas, mais uma vez e desta, para aprender mesmo como se reconhecem e se apanham.



  • Ir, após uns poucos meses de espera, tirar novamente o estrume do curral das ovelhas. Tarefa terapêutica, especialmente num dia como este, meio cinzento, meio soalheiro, com alguns pingos à mistura. Força, limpeza, trabalho orgânico para fertilizar a terra, tudo se mistura num hino à natureza.



  • Sonhar com a apanha das flores de sabugueiro, que começam agora a aparecer, para experimentar fazer xarope e licor de flor de sabugueiro. Já tenho as receitas, já tenho o odor na memória, só falta esperar pelo tempo certo...
  • Repetição da apanha das cilercas agora também com a carracinha que, tal como a mãe, ficou viciado, pois até ele conseguiu encontrar duas e isto é coisa que deixa uma pessoa "apanhada". E coroar o fim do dia com um arroz degustado em família. Do melhor!
  • As vossas manifestações de apoio no post em que anunciei o meu desejo de mudança. Vocês são o máximo!
  • O meu momento zen, sentada num café, à janela, a ler a minha habitual Country Living, momento que muito valorizo pela paz que me traz.
  • Parar numa passadeira para deixar passar um casal com o seu pequenito, que aprendeu a andar há pouco. E pouco importado com o trânsito, a meio do caminho o pequenito pára para apanhar qualquer coisa do chão que lhe chamou a atenção. A mãe pediu muitas desculpas, o pai agarrou-o ao colo para o apressar e eu não pude deixar de dar o maior sorriso de compreensão e solidariedade para com eles e o pequenino. Lindo!

Que grata sou por todas estas bênçãos!

Decidi começar uma rubrica, se assim lhe posso chamar, que nunca fui de criar rubricas aqui, mas pareceu-me importante, à semelhança do que vi em outros blogs, registar "oficialmente" momentos importantes da semana para marcar as coisas simples que me são tão importantes e que dão beleza aos dias menos bons e engrandecem aqueles que já o são. Salientar as bênçãos é de todo importante. 
E porquê ao Domingo? Sim, podia ser noutro dia qualquer, mas talvez conote o Domingo com o dia mais calmo da semana, o dia após o reboliço do Sábado e o antes do reboliço da segunda-feira. Um dia que se quer suave, lento, preguiçoso e cheio de gratidão.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Férias!!


Que boa é esta sensação de antecipar os dias que aí vêm de fuga à rotina do dia a dia e poder dispor do tempo conforme a vontade e a disponibilidade. 


Enfim, depois da hora do almoço posso dizer que entrei em modo férias. Yupi!! E fomos à procura de cilercas, iguaria que eu desconhecia e que, pelos vistos, é muito apreciada e extremamente cara. Ora, como por aqui o pessoal é expert em encontrá-las, lá fui eu tentar aprender como reconhecê-las e apanhá-las. Mas, tal e qual uma criança, tudo à minha volta me encantava no bosque e eu estava igualmente interessada em fotografar tudo.


Mas sem dúvida, se já tenho o olho treinado para focar o que me interessa numa máquina fotográfica, não posso dizer o mesmo no que à vida na floresta diz respeito! Por exemplo, pisaria com a maior descontracção este sapo que se encontrava meio escondido debaixo da terra a dormir a sua sesta, completamente alheia à sua existência ali.


Estranho, o bicho, mas fantástico na mesma. A nossa busca continuava e eu, já habituada a estas saídas à procura das ditas mas sem qualquer sucesso, ia bebendo toda a cor e odor que me rodeavam. Inebriada, era o meu estado.


Não sabia o que observar primeiro. Se a vegetação à nossa volta, se a paisagem lá ao fundo, ora banhada pelo sol, ora pelas sombras das nuvens.


E continuei a invejar o olho treinado de quem está habituado a estas andanças de passear de olhos postos no chão à procura de cilercas. Mas graças a ele, fiquei a conhecer as pútegas! Adorei. Planta parasita com uma cor adorável.



E eis a nossa primeira cilerca!



Exibi-a com orgulho, apesar de não ter sido eu a encontrá-la nem a apanhá-la, mas enfim, eu estava ali apenas para aprender... Trouxemos 8! Com a promessa de lá voltar num destes próximos dias das minhas férias.



Foi um óptimo começo de férias. Com este fim de dia diante de um pôr do sol meio farrusco e de ar frio. Um começo auspicioso. Nada de planos megalómanos, nada de viagens marcadas para uma ilha paradisíaca. Tudo por cá. Mas cada dia uma descoberta, cada tarefa uma realização. Férias são férias. Tudo depende do espírito. Não da carteira.


quarta-feira, 6 de abril de 2016

Pois é...




Tem coisas que Deus dá para a gente aprender. E tem coisas que Deus só dá quando a gente aprende.

Clarice Lispector


domingo, 3 de abril de 2016

A beleza da nossa terra e um anúncio







 





Estes dias têm sido intercalados com sol, nuvens e muita humidade. É Primavera... Mas tiramos partido de tudo e de todos os dias, o melhor que podemos. E esse melhor inclui contornar problemas de saúde com problemas de crescimento interior e com percepções de direcções a seguir. Tudo é um emaranhado, mas enquanto isso, há toda uma vida a desenrolar-se, que não pára. E temos de cuidar dela! A nossa terra é disso exemplo. Este ano não está a ser tão cuidada como no ano passado. Problemas de logística têm atrasado a nossa assiduidade, mas fazemos o melhor que podemos... Enquanto isso e como sempre, vou contemplando a beleza em tudo. 
Os abelhões continuam a fazer a sua tarefa, as flores selvagens fervilham de cor e vida, as árvores dão sinais de um desabrochar que não pára e os morangos do ano passado multiplicaram-se de uma maneira incrível. Este ano, embora já um pouco tarde, estamos a mudá-los para outro sítio. Tarefa terapêutica, tirar os morangueiros da terra, separá-los, "pentear-lhes" as raízes desta terra encharcada, para depois os colocar num outro pedaço de terra, pronta para os receber. Continuamos a colher alhos franceses que, provenientes das sementes do ano passado, deram como "cabelo em cão" e temos consumido este legume sem interrupções, para minha grande delícia e dos amigos com quem partilhamos. As couves estão a "queimar os últimos cartuchos", pois toda a terra já clama por renovação e está ansiosa por receber a semente para produzir. 
Assim é esta natureza. Nunca pára, sempre se renovando nas promessas de dádiva. Tantas lições temos a tirar desta simplicidade que, de tão simples, é do mais profundo que há. Não tenho dúvidas: é meu desejo viver da terra, viver uma vida o mais natural e saudável possível, o mais simples possível, usufruindo do sol que me permite gozar momentos cá fora no meio das flores, da chuva que me permite gozar do calor interior ao dedicar-me a tudo o que a casa solicita, do trabalho do campo que me permite cuidar dos que amo, e da serenidade de um dia após o outro, sem correrias e ambições desmedidas que só atrasam o desenvolvimento daquilo que é útil e eterno.
Posto isto, creio que 20 anos a morar na mesma casa são já um período razoável para criar alguma consistência na vida e desejar dar agora um novo rumo à mesma. Desde há quase 5 anos, fruto de mudanças dramáticas, que tenho vindo a sentir este desejo. 5 anos de espera, de tentativas e frustrações, várias conquistas e algumas vitórias mas, para mim, a maior de todas, foi confirmar a certeza daquilo que quero. E o que quero com muita intensidade de coração, é mudar. Daí ter o meu apartamento à venda. Não quero arrecadar dois pássaros na minha mão, não só porque não faz sentido, mas também para não me arriscar a ver os dois a voar. Além disso, não há progresso sem renúncia. Eu quero abraçar o novo e por isso oro para que alguém venha tomar conta do que tem sido a minha casa por 20 anos. Mais do que paredes, tem sido casa mesmo, onde tenho posto muito amor e muita alegria. Oro para que, quem quiser vir para cá, que seja tão feliz aqui como eu o tenho sido. E se alguém conseguiu ler este texto até ao fim e se estiver interessado ou conhecer alguém que o esteja, poderá entrar em contacto comigo. E obrigada por estarem aí desse lado :)
Um bom Domingo a todos!