sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ao cair da tarde

Da minha varanda avisto a tarde que cai. As nuvens estão cinzentas e as primeiras luzes dos candeeiros lá ao fundo começam a acender-se. Não está frio. Apetece pousar os braços no parapeito da janela e ficar quieta, a inspirar o momento. Daqui vejo pedaços de campo que as pessoas ainda cultivam, vejo borralheiras no outono e inverno, ouço ovelhas e galos, vejo pessoas a andar de bicicleta e atravessar os caminhos a pé. O apelo da natureza torna-se irresistível para mim neste momento e o bulício que vai cá dentro prende-se com o facto de não a poder abraçar ainda como quero. Impossível desistir de sentimento assim quando esta ligação à terra se faz urgente, quando todo o ritmo da natureza se impõe e me toma, quando o milagre do nascimento se oferece, quando a felicidade do sustento alcança os braços que trabalham.

Da minha varanda também ouço o chilrear dos passarinhos. Aos poucos vou-me apercebendo dos diferentes cantos, aos poucos vou conseguindo diferenciá-los. E é uma felicidade indescritível quando um pássaro simpático pousa à minha frente e levanta voo e torna a pousar e dança numa árvore e canta, feliz por ter uma canção.

3 comentários:

  1. Amiga querida,
    Seu texto de hoje é pura poesia!
    Tudo o que você descreve é encantamento que só olhos e corações muito sensíveis sabem ver e sentir.
    Desejo a você e Bernardo uma feliz, santa e abençoada Páscoa do Senhor.
    Beijos.

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  2. Flor querida,
    Feliz você que tem em si a percepção de tudo que de fato
    é essencial à vida. Feliz de mim, que passo por aqui e tenho a sensação de estar aí, fazendo de tuas palavras um tipo de tapeta mágico que me transporta para aonde eu desejo ir.
    Obrigada.

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  3. Boa Páscoa e que o teu sonho se concretize depressa, depressa!

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