terça-feira, 6 de setembro de 2016

Água



















Consegui sair a horas nesse dia e ter grande parte da tarde livre para passearmos nós os dois, eu e a carraça. 
O dia não estava muito quente e as nuvens pairavam no céu, dando-lhe muitas tonalidades, todas encantadoras para mim, que rejuvenesço com este tempo. 
Fiz-lhe uma surpresa e pelo caminho, muitas eram as questões suscitadas pela curiosidade. "Falta muito?" "O sítio onde vamos começa por que letra?" :) 
Taraaam! Fomos ao Castelo de Almourol, castelo pequeno edificado numa ilha pequena que obrigava a uma travessia de barco mais pequena ainda mas, para quem é pequeno, tudo é grande e assim foi. A excitação era muita.
Chegados lá, as minhas tentativas de lhe contar a lenda do castelo saíram frustradas, porque ele queria era explorar, debruçar-se, saltar, imaginar. Abrandamento apenas à beira da água, enquanto esperávamos o barco para regressar. Que calma... Que paz que a água nos transmite e que me faz pensar que bom seria morar à beira do rio e ter histórias encantadas para contar como aquelas vividas por uma amiga que cresceu nestas margens. Mas cada um com a sua realidade e o caminho de volta fez-se na ponta do barco - eu sei que isto tem um nome próprio! - como ele queria, para sermos os primeiros a ver a vista desafogada que se apresentava à nossa frente, apesar do caminho curto mas, repetindo, para quem é pequeno tudo é grande.
Na chegada os patos davam-nos as boas vindas no seu linguajar próprio e de boca aberta pediam-nos pão. Não tínhamos, mas tínhamos a nossa boa vontade... Após algum tempo a observar os patinhos no cais, voltámos para o carro para lanchar e ao mesmo tempo chegava uma senhora acompanhada de um cão de raça e que falava a língua dos patos, numa imitação para mim perfeita. Trazia com ela não só o cão mas uma serenidade contagiante, como se ela ali estivesse em harmonia perfeita com o rio e o ar. Sentou-se na beira do cais a observar e a absorver. Toda aquela energia boa contagiou-me e eu quis registar esse momento numa fotografia, da maneira melhor e mais discreta que consegui. 
Depois do lanche, a ideia era regressarmos a casa. Mas ainda parámos num caminho escondido, pois uma casa abandonada tinha-me chamado a atenção, vista do castelo e eu não resisto ao apelo de uma boa exploração :) Caminhámos pelo meio do campo, por entre árvores e ervas altas, atravessámos a linha do comboio, atravessámos uma ponte de madeira que dava passagem entre as duas margens de um ribeiro estreito e prosseguimos em direcção ao monumento. Enfim, mais uma das nossas relíquias votadas ao completo abandono, sem qualquer identificação ou informação que remeta para a história do local. E não nos detivemos muito tempo ali porque o sítio era completamente isolado e no meio das nuvens escuras, o ambiente era um pouco amedrontador, especialmente para uma criança pequena. O meu mariquinhas :) O caminho de volta ao carro fez-se com muita conversa, que o meu pequeno tem a característica sempre presente de nunca estar calado!
E com a barriga cheia das primeiras amoras do ano, regressámos. Foi um belo passeio. Daqueles que guardo no coração pela paz e descanso e renovação de energias que me proporcionaram.
Novas aventuras estão marcadas, a próxima com o Sr. Hilário! Só lhe conheço a voz. E o nome. Ambos bem rurais. Uma delícia. Mal posso esperar. Ninguém sabe. Só irão saber na altura. E espero que seja mais uma experiência para ficar e fazer prolongar na memória momentos únicos...


9 comentários:

  1. Que belo passeio e o menino interessado em ver ,sentirás águas...Eu também o faria. Lindas tuas fotos, uma mais que a outra! Outros passeios virão pra na memória ficar! bjs, chica

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    1. Obrigada, Chica, pela companhia neste passeio! ) Beijos.

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  2. Belo demais...com toda a carga que nela contém, com todos os significados, com uma dimensão intemporal.Por momentos viajei por memórias, sempre boas, com saudade. Puto Lindo o teu!!! Deus vos abençoe para todo o sempre.

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  3. Bem, como disse são momentos únicos, de praxer e relaxamento.
    Qdo vi a foto dessa moça sentada na beira do cais, pensei que eras tú!
    Me desperta também essa curiosidade de estradas escondidas e casas abandonadas.

    Enfim passei contigo.

    belas fotos! bjsss

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    1. Obrigada também a si, pelo companhia neste passeio. É sempre bom :) Beijos.

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  4. Margarida, miha flor!!!! Que maravilha de passeio! Hoje é feriado aqui no Brasil, dia da independência, e comecei meu dia com este belíssimo e relaxante passeio! Muito obrigada!
    Que sonho, encontrar castelos, mesmo que pequenos! Adoraria ver e entrar num, um dia!
    Também adoro casas abandonadas, me atraem muito! Há horas, que quero fotografar algumas que vejo por aqui, mas nunca paro... mas esta casinha que encontraste, dá um banho de história e charme nas que tem por aqui! Pensei que por aí, essas antiguidades fossem mais valorizadas. No Brasil é um descaso total com casas antigas que deveriam ser tombadas para manter viva a história de um lugar. Ninguém se importa, ou, poucos se importam...
    Obrigada pelo passeio! Lindo demais!
    As fotos ficaram lindas, mas a foto da casinha antiga com uma nuvem negra por cima e a a vegetação seca embaixo foi a grande vencedora! rererere
    Bjinho!

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  5. Obrigada pelo passeio! Adorei!
    Que beleza e serenidade!
    A contrastar com o turbilhão de pensamentos, quereres e incertezas que por aqui vão... :)

    Beijinhos!

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    1. Paciência... A seu tempo tudo ficará no seu lugar. Por aqui o turbilhão também é imenso, mas há que viver um dia de cada vez da melhor maneira e a vida assim se vai compondo no seu ritmo próprio. Acredita. Beijinhos.

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  6. Mais um post... em que só me apetece dizer... MARAVILHA!!!!!
    Beijinhos
    Ana

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