segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Viver ao sabor da vida






O pequeno almoço é outro dos meus momentos altos do dia. O meu momento. Também passado na varanda, a que chamo quintal, no verão. No inverno, em manhãs de sol, e porque as janelas se encontram fechadas para proteger a casa do frio, torna-se o lugar mais apetecido por ser bem quentinho.
E é aqui que eu adoro começar o dia. Sentada no pequeno sofá, a comer e a agradecer pelo dia. Faça chuva ou faça sol, não dispenso este momento. 
E penso neste abrandamento a que me proponho nestes dias que ainda são curtos, com noites longas e frias, que remetem ao recolhimento apetecido de uma alma que quer percorrer o caminho certo.
E só vejo uma maneira de o percorrer: estando atenta, não forçar nada e continuando a caminhar.
Sempre fui de correr atrás do que queria. Algumas coisas consegui alcançar, outras não. Faz parte. Mas sempre fui uma alma inquieta e insatisfeita, querendo atingir o nível seguinte, sempre mais e mais. Acho que também faz parte. Mas chegada aqui, pergunto-me o que de facto sobreviveu ou frutificou do tanto pelo que lutei... 
É uma resposta minha, que guardo para conferir. Mas do que vejo e sinto agora, tudo o que quero é que seja a própria vida a mostrar-me o caminho. Não me apetece correr mais, não me apetece ficar demasiado ansiosa por coisa alguma. Porque vejo que aquilo que a vida me deu, foi o que de facto persistiu ao longo do tempo e continua a frutificar.
Parece passivo demais? Não creio. Esperar pela vida implica um auto-controle muito grande e um desenvolvimento enorme da paciência, sabedoria e atenção de cada um. E atrevo-me a dizer que um desafio destes não é, em definitivo, para qualquer um!
Por isso espero. Do muito que já consegui alcançar e que mantenho ou não em funcionamento, quero prosseguir o caminho em direcção ao alvo a que se propõe o meu coração. E preciso estar atenta para saber se é para seguir por aquela estrada ou pela outra ao lado, ou se até nem é para seguir por nenhuma agora e ficar a descansar um pouco na encruzilhada. Só quero estar em paz. Paz. E tudo isto só conseguirei se conseguir abrandar. Abrandar o meu ritmo interior, abrandar a minha ansiedade e impulsividade, abrandar revoltas antigas e substituí-las por sentimentos de amor.
Saio ou não saio revigorada destes meus pequenos almoços? Se estiver a chover, aprecio o cinzento lá fora e os vidros húmidos das janelas. Se estiver sol, aprecio as cores lá fora e as pontinhas do astro rei cá dentro. Tudo é motivo para agradecer. E o resultado é começar o dia revigorada, fortalecida e, por isso mesmo, pronta para mais um dia.


12 comentários:

  1. Que bela imagem , que bela varanda ou quintal como lhe chamas . Cheia de vida e que transmite tanta paz , e sabes, de momento estou assim como tu à espera do que a vida tem para me oferecer . Já me deu tanto e outras vezes puxou-me o tapete , faz parte - como dizes - mas sabedoria é também apreciar o que vem de surpresa não achas ?
    beijinhos

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    1. Claro que acho, especialmente quando são surpresas boas! Assim não custa nada ser sábia, eheh. Esperemos então, e que a vida nos traga coisas boas! Beijinhos.

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  2. Essa força é o que mais precisamos pra começar nossos dias! Lindo aqui! Bom poder estar de volta! bjs, chica

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    1. Chiquinha, que bom poder estar de volta!! Força e beijos :)

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  3. Acho que a idade para alguns tem este efeito desta busca da simplicidade, tranquilidade, abrandamento de que falas. Nao acho que seja nem resignaçao nem passividade, sao simplesmente fases da vida. O importante é respeitá-las, nao ir contra. Aproveita esses momentos!

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    1. Sim, tenciono aproveitar e tirar o máximo proveito desta fase. Mas como dizes, o importante é cada um perceber qual é a sua e vivê-la intensamente. Um dia de cada vez...

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  4. Viu? Eu disse, que somos parecidas! Não só no temperamento, mas, pelo jeito, estamos vivendo fases parecidas. Gostaria muito de te conhecer pessoalmente, poder conversar contigo aí, na tua varanda aquecida pelo sol, ou quem sabe, aqui no Recanto, no gramado. Seria bom!
    Só não entendi uma coisa... o almoço de vocês é a primeira refeição do dia? O café da manhã? É que falaste em almoço e tem uma fatia de pão na foto.

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    1. Por isso é que quem vive fases parecidas se identifica, né? Que engraçado... E adorei a tua pergunta, bem significativa no que toca às diferenças entre países :) Não, o almoço não é a nossa primeira refeição do dia e sim o café da manhã, como vocês lhe chamam. Nós chamamos pequeno almoço. Cada um come o que gosta, mas o meu típico pequeno almoço é uma chávena de leite com café ou chocolate e pão com manteiga. Às vezes gosto de variar, mas esta é a minha comida consolo para esta hora do dia :) E nunca se sabe, um dia podemos vir a tomar uma refeição juntas, aí ou aqui! Nada é impossível. Já conheci um casal brasileiro que veio cá a Portugal e ficou em minha casa e tudo através do blog! :)

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  5. Isto sim, chama -se viver! E que bom que esta é a tua escolha minha querida. Nada melhor que viver o presente, aceitando e agradecendo pelo que temos. Procurando a inspiração e alegria nas pequenas coisas que nos rodeiam. Este também é o meu lema de vida.
    Beijinho grande e tem um bom dia!

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    1. É tão bom quando as pessoas se identificam e encontram apoio naquilo que vivem! Obrigada por estares aí desse lado :) Beijinhos e... boa noite ;)

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  6. Margarida... que bonitas e que trxto cheio de sentido! E mais uma vez poderia ter sido escrito por mim!! Também eu estou nessa fase de necessitar imperiosamente de abrandar! E já agora, tal como a Ana, também eu não dispenso o meu pão com manteiga e o leite com café... na varanda, ou na cozinha junto ao fogão a lenha!Beijinhos.

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  7. Estou precisando de mais forças, as vezes devido a cirurgia elas se enfraquecem.
    Mas falta pouco, não gosto de frio , mas o calor que está por aqui é mto ruim.
    Tu ecreves muito bem , parece até poemas, nossa! esse abrandar ansiedade e revolta é o que estou precisando!
    Tentando melhorar cada dia, tenho ficado muito só, e não aprendi a lidar com isso ainda! obrigada pelo carinho!bj

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