sábado, 16 de agosto de 2014

Esta tarde e as outras também
















Os meus dias são feitos de fruta e de cor. De azul e de sol. Não do azul do mar nem do sol da praia, mas do azul do céu e do sol que queima a terra, tudo do campo, como do campo me sinto e do campo estou a aprender tudo. Os meus dias não são passados num qualquer resort, mas são feitos de apego à terra, à agua, à semente e a todos os sonhos que nascem daí. Conforme vejo tudo a crescer, cresce também a minha ânsia de conquistar aquilo que a maioria despreza e cresce a necessidade de fazer criar aquilo que a maioria compra já no supermercado, sem bem saber o que compra. É esta minha relação com o simples que me alimenta a vida e se em tudo estou atenta, também em tudo me surpreendo e me maravilho. Os meus dias são feitos de doce de todos os frutos que a natureza nos dá por aqui. Experiências, provas, resultados, projectos... Doce de ameixa, melão, pêra, maçã, curgete, amoras silvestres. Licor de ameixa, hortelã... Tudo se aproveita. Do caroço faz-se o licor, da polpa faz-se o doce, da casca faz-se a geleia. O corpo anda moído, dores novas vão aparecendo, mas alegrias maiores enchem o coração e a antecipação do gozo futuro também. Ir ao mercado toma agora outra forma. As cores e os aromas são já mais familiares, os semblantes e as peles curtidas pelo sol também, há identificação com os vendedores que vendem aquilo que produzem porque o amor à terra está presente nos rostos da maioria. Ainda que não tenham tido outra escolha na vida, a terra é o seu sustento e a sua forma de existir, o seu orgulho e a sua frustração, mas conhecem-na como poucos e por ela são abençoados. E o pulsar que começou em mim há uns anos, está agora a tomar forma. Eu, flor do campo sustentada num vaso, sinto-me agora a ser guardada para ser colocada na terra. Já sinto a frescura do vento da liberdade, já sinto a prisão da terra larga por onde vou poder multiplicar-me, já sinto a satisfação de viver aquilo para o qual fui chamada a viver neste momento da vida. E todos os medos e preocupações e doenças e pesares não são maiores do que isto. Neste Verão que mais parece Outono, é isto que vivo. O borbulhar de uma nova vida, a excitação de um primeiro amor apaixonado, a embriaguez de voltar a ter 20 anos e saber que se pode alcançar o mundo inteiro. É isto que o ter voltado às origens me trouxe. E aqui me ajoelho, em gratidão.

3 comentários:

  1. E eu, sempre me encanto ao aqui chegar. Lindo de ver, de ler, tudo!! E a gratidão é linda


    Acabou de entrar céu teu no blog! Obrigadão! bjs, tuuuuuuuuuuuuuudo de bom e podes ver aqui,espero, gostes: chica

    http://ceuepalavras.blogspot.com.br/2014/08/ceu-da-margarida.html

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  2. Obrigada, Chica. Vou já ver. E já sei que vou ficar emocionada mais uma vez! Obrigada. Beijos.

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  3. Sempre bom te ler, emociona! bjsss e boa semana!

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