Da
minha varanda avisto a tarde que cai. As nuvens estão cinzentas e as
primeiras luzes dos candeeiros lá ao fundo começam a acender-se. Não
está frio. Apetece pousar os braços no parapeito da janela e ficar
quieta, a inspirar o momento. Daqui vejo pedaços de campo que as pessoas
ainda cultivam, vejo borralheiras no outono e inverno, ouço ovelhas e
galos, vejo pessoas a andar de bicicleta e atravessar os caminhos a pé. O
apelo da natureza torna-se irresistível para mim neste momento e o
bulício que vai cá dentro prende-se com o facto de não a poder abraçar
ainda como quero. Impossível desistir de sentimento assim quando esta
ligação à terra se faz urgente, quando todo o ritmo da natureza se
impõe e me toma, quando o milagre do nascimento se oferece, quando a
felicidade do sustento alcança os braços que trabalham.
Da
minha varanda também ouço o chilrear dos passarinhos. Aos poucos vou-me
apercebendo dos diferentes cantos, aos poucos vou conseguindo
diferenciá-los. E é uma felicidade indescritível quando um pássaro
simpático pousa à minha frente e levanta voo e torna a pousar e dança
numa árvore e canta, feliz por ter uma canção.
Amiga querida,
ResponderEliminarSeu texto de hoje é pura poesia!
Tudo o que você descreve é encantamento que só olhos e corações muito sensíveis sabem ver e sentir.
Desejo a você e Bernardo uma feliz, santa e abençoada Páscoa do Senhor.
Beijos.
Flor querida,
ResponderEliminarFeliz você que tem em si a percepção de tudo que de fato
é essencial à vida. Feliz de mim, que passo por aqui e tenho a sensação de estar aí, fazendo de tuas palavras um tipo de tapeta mágico que me transporta para aonde eu desejo ir.
Obrigada.
Boa Páscoa e que o teu sonho se concretize depressa, depressa!
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