Um ano que culmina sempre com a Conferência do Desafio Jovem, o ponto "alto" do ano (e ponho alto entre aspas apenas por ser o mais mediático), que ocorre anualmente no final de Julho. Muita preparação, muito trabalho de montagem, de logística, de tudo! Após um ano intensivo de pequenas conferências, visitas a hospitais, prisões, cafés convívio (onde se tenta resgatar toxicodependentes da rua), muitas visitas, muito trabalho prático com a cozinha, lavandaria, oficina de artesanato, carpintaria, serviços na igreja, campanhas de rua, campanhas por todo o país na grande tenda Vida Nova e sei lá que mais, e com o calor que sempre se faz sentir por esta altura, o que apetecia mesmo eram umas férias restauradoras. Mas não. Ainda tínhamos a Conferência pela frente. A líder da nossa equipa, a Mimmi, uma sueca especial que integrou a nossa equipa alguns anos antes e que por cá ficou depois de encontrar o homem da sua vida, liderava quase todas as manhãs o nosso tempo de equipa. Era um momento que tínhamos logo cedo para cantar, partilhar e orar. Vendo o nosso cansaço e no intuito de nos tentar animar, partilhou algo connosco nesta fase final.
Disse-nos que estava cientificamente provado que, quando o ser humano pensa que já chegou ao limite das suas forças, tem capacidade para aguentar, física e emocionalmente, mais 60% daquilo que já está a aguentar! Científico ou não, o engraçado é que muitas vezes a minha irmã, em conversas, costuma dizer que "Deus não nos dê aquilo que nós conseguimos aguentar". Não o diz com base em grandes conhecimentos cientificamente comprovados, mas com base na sua experiência de hospitais e de histórias que com ela são partilhadas.
Tudo isto para quê?
Para dizer que muitas são as lutas da vida. Mas muitas também são as nossas forças. Choramos hoje porque nos dói, mas a nossa dor pode ser ainda maior amanhã. E se for, é porque a conseguimos suportar.
E no meio de tudo isto, tudo o que sei é que Deus não permite que venha à nossa vida mais do que aquilo que conseguimos aguentar. E juntamente com a dor, Ele traz também o consolo, para que aquilo a que chamamos de insuportável possa ser um pouco mais suportável.
Claro que quem não acredita nisto, pensará que o que acabo de escrever são psicologias baratas para sustentar o que não tem explicação, ou a tê-la, será revestida de um carácter mais complicado e científico. Cada um é livre de pensar por si. Eu creio nisto porque, mais do que psicologia, isto é vida em mim. E isso basta-me.
E por hoje já fiz o meu desabafo...