sábado, 31 de julho de 2010
Lar
Mudámos há pouco tempo a nossa entrada porque quisemos disponibilizar um dos quartos, que era o nosso escritório/biblioteca. Agora não temos nenhum escritório, mas voltámos a ter um quarto para receber quem connosco queira vir partilhar os seus dias.
Adoro este móvel. Tem mais de quarenta anos. Era o móvel de parede do escritório onde o meu pai trabalhava em casa, divisão que depois passou a ser o meu quarto. Deixámo-lo como estava, com todas as marcas do tempo e só lhe demos uma demão de verniz para lhe dar um ar mais "limpo". O móvel ao lado também é antigo, feito especialmente para receber a enciclopédia luso-brasileira de que o meu pai tinha tanto orgulho e que eu tanto usei nas minhas pesquisas. Hoje é destronada pela internet, mas faz ali brilharete.
Em frente temos outro móvel cheio de livros, o móvel preferido da carraçita. É lá que também estão alguns dos trabalhos manuais dele mas principalmente, é lá que ele vai buscar os livros para as suas "pesquisas". Às vezes senta-se no chão, tira um e vai virando as páginas, falando baixinho, para si próprio. Adora os livros dos animais e quando me faz alguma pergunta que eu não sei responder, diz logo: "Olha... vai ali ao livro ver!" E lá vou eu.
Também gosto de janelas abertas! Sempre que posso, abro tudo. Adoro a luz a entrar, o vento a bater. Enganar-me e imaginar que lá fora ninguém vive com pressa, ninguém sente que a vida lhe passa ao lado, ninguém passa por cima de ninguém para chegar onde quer. Imaginar que todos se abraçam, que dialogam, que sentem que se morressem hoje morreriam felizes, que sentem a brisa a acariciar o rosto e sabem que não são donos da vida, por isso a respeitam.
É bom viver livre.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Pano velho há-de virar novo
Não resisti a mostrá-lo aqui. Ainda enrugado das dobras de ter estado guardado. Pena que a máquina não capte o cheiro a mofo, o que lhe daria um ar mais autêntico.
Nunca se sabe o que ainda poderá vir a ser. Talvez almofadas, saquinhos, individuais, quadros, cortinas..., as opções são imensas. Por enquanto vai ficar ali guardado, juntamente com outros tecidos bonitos. Acho que se trabalhasse numa daquelas lojas de tecidos, me perderia completamente. Mas o que me encanta mesmo, é todo este tempo que ele atravessou para chegar até mim. Vou mimá-lo bem.
Obrigada
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Brincar às escondidas
Sim, porque quem já brincou às escondidas com crianças pequenas, sabe que a luta que elas dão é pouca. Ou falam, ou tossem, ou mexem, fazem tudo o que cabe na típica expressão "gato escondido com rabo de fora". Correcção: "gato escondido com TUDO! de fora".
É lindo. E nós ali a fingir: "Mas onde será que ele está?", "Oh... não está aqui.", "Será que está aqui? Também não." Mas é bom ver que, do alto dos seus 4 anos, os esconderijos vão sendo cada vez mais elaborados, a ousadia cada vez maior, a coragem também. Está a crescer, o meu menino...
terça-feira, 27 de julho de 2010
Tarde quente
Depois de muitas piruetas, gritos, risos, jactos de água a voar piscina fora, fomos para dentro comer bolachas. Que tarde boa. Nem parecia que estava assim tanto calor. Até dava para ficar à porta a ver os reflexos do sol, vindos por entre as folhas das parreiras, a bater na água. Pontinhos de luz no chão e na água, tão brilhantes. Que calma.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Entardecer na cidade
Gosto muito da minha cidade. É muito bonita, muito agradável, cheia de sítios bons para estar. Não me contive, embevecida: "É mesmo bom estar aqui, não é? Imaginem um turista que venha cá pela primeira vez. De certeza que pensa que esta é a cidade ideal para viver. Olhem pra isto: uma esplanada, um grupo folclórico a actuar, uma praça pacífica, uma igreja bonita, esta cor de fim de tarde adorável." Ao que o F. respondeu: "Pois, deve pensar isso. Mas também só tem isto mesmo, não há mais nada pra ver..." Oh meu amigo, eu até compreendo a perspectiva, porque a falta de condições económicas desalenta qualquer um, mas não será assim por todo o país? Não é característica exclusiva da cidade de Tomar, de certeza.
Desde pequenina que ouço comentários deste tipo. A cidade é pequena, não tem nada para ver, não há nada de novo, não se faz nada, não há para onde ir... Uma infinidade de nãos, quando eu acho que há uma infinidade de sins.
Sim ao bem-estar, sim à beleza, sim ao ritmo desacelerado, sim à possibilidade de brincar com os filhos nos jardins, sim à possibilidade de visitar os monumentos, sim à possibilidade de participar dos eventos, sim ao passear sem medo, sim ao almoçar em família, sim ao chegar a casa cedo e fazer um jantar delicioso e comer sem pressas, sim ao andar de bicicleta lá fora, sim ao ver as diferentes tonaldades da luz ao longo do dia, sim ao cumprimentar as pessoas na rua, sim ao tempo para fazer tudo isto.
E sim à disponibilidade de espírtio para fazer e apreciar tudo isto. Pelo que observo, só alguns possuem uma alma que transborda de alegria e gratidão pelas pequenas coisas que se podem realizar. E assim se satisfazem. É um privilégio. Nesta capacidade diária de renovação, de ver nova beleza nas coisas velhas da vida, está o encanto de viver a novidade que a maioria considera cansativa. De outro modo, como duram os casamentos de 30 anos?
domingo, 25 de julho de 2010
Finalmente nasceu!
Ei-lo. Margarida de seu nome. Novinho em folha. Meio sem saber o que fazer, meio não sei se rio se choro, mas cheio de vontade de viver e de mostrar o valor da vida. O bem mais precioso.
Bem-vindos todos os que partilham a vida comigo e os que por acaso por aqui passarem.