Adoraria ter, hoje, mais uma daquelas conversas longas sobre Deus, pelo que, quem não a desejar ler, já sabe, pode passar à frente :) O que aqui escrevo é produto das minhas leituras, escutas, meditações. Como tal, escrevo em primeiro lugar para mim, e é-me muito importante deixar registado aquilo com o qual concordo. Para mim e para alguém que sinta desejo de se chegar mais a Deus, de O compreender melhor, de O tratar por Pai e concluir que não há melhor colo que o dEle.
E o pensamento de hoje parte do primeiro livro da Bíblia: Génesis.
Assim, passou o presente diante da sua face; ele, porém, passou aquela noite no arraial.
E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboc.
E tomou-os, e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
Jacob, porém, ficou só: e lutou com ele um varão, até que a alva subia.
E vendo que não prevalecia contra ele, tocou a juntura da sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacob, lutando com ele.
E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se me não abençoares.
E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacob.
Então disse: Não se chamará mais o teu nome Jacob, mas Israel: pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste.
E Jacob lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.
E chamou Jacob o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e minha alma foi salva.
E saiu-lhe o sol quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.
Por isso, os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto ele tocara a juntura da coxa de Jacob no nervo encolhido.
Génesis 32, 21-32
Jacob é o personagem principal desta história. Jacob é neto de Abraão e filho de Isaque. Reportando para esta conversa e para um contexto actual, Jacob é a terceira geração de uma família de pessoas ligadas a Deus, cheias de histórias com Ele, com os rituais, com as pessoas envolventes, com todo o processo que gira à volta desta questão.
Para os dias de hoje, Jacob é aquele que, ou quer fugir da religião por ter sofrido alguma espécie de trauma, ou por cansaço.
A atestar isto, podemos ver a sua faceta de espertalhão ao lidar com o sogro Labão, fugindo da casa deste, e fugindo da sua própria casa devido ao problema da primogenitura com o irmão Esaú. Quem conhece, sabe do que falo; quem não conhece, pode procurar saber, mas não disserto sobre isso agora para não deixar a conversa demasiado extensa.
Chega a uma altura, porém, em que ele se reconcilia com o irmão, e no dia anterior ao reencontro, ele fica em grande aflição, decorrente de tantos conflitos internos, dando continuação a uma grande inquietação e crise iniciada no seu coração há algum tempo atrás. Como consequência, ele começa a ter experiências de outra natureza e um desejo enorme de voltar para casa, uma vontade de retomar às raízes, de reencontrar as pessoas que ele amara um dia. E aí, quando ele começa a querer sentir o cheiro da família, quando ele começa a querer retornar ao ambiente do seu pai Isaque, deseja ver se aqueles que tinham servido a seu avô e a seu pais ainda estão vivos, começa a querer ser ele próprio herdeiro das promessas que um dia ele ouvira e que corriam dentro daquela casa, daquela linhagem, daquele historiar de fé. Aquilo tudo começou a crescer dentro dele, e foram anos e anos até que ele se foi despertando mais vivamente para esse interesse. E lá vem ele...
Penso que não é difícil reconhecer que ser a terceira geração numa casa de crentes, em geral, não é lá essas coisas. Mesmo quando o pai foi piedoso e o avô também, a terceira geração está assim meio de "saco cheio", ou está traumatizada, ou então pensa assim: "o meu pai era um santo piedoso, o meu avô também, mas isso era para eles, para o tempo deles. Eu fiquei com overdose de pregações, overdose de mensagens, overdose de crentes, de igreja, etc."
Mas chega uma hora em que não interessa se o teu avô Abraão ou o teu pai Isaque eram dos bons ou dos maus. Chega uma hora em que a Palavra de Deus não volta para Ele vazia, chega uma hora em que a bondade de Deus começa a militar contra a nossa natureza, chega uma hora em que Deus declara guerra ao nosso cinismo, em que as milícias celestiais, os anjos, decretam que o tempo de nós andarmos na dissimulação e no conforto de quem diz "eu creio, mas não é preciso ser tanto", é findo. Chega uma hora em que os céus gritam e tu vais enfrentar a Deus, em que Deus mesmo se faz homem e vem lutar contigo. Chega uma hora em que os anjos, de raiva apaixonada, vêm ao teu encontro, numa noite qualquer e te tiram o sono para te perturbar, para te incomodar. Chega uma hora em que a conspiração do amor de Deus começa a preparar-se de tal modo, que tudo em ti é desconforto, que todas as coisas chamam e falam por uma saudade daquilo que tu repudias, por um desejo de aproximação com o que antipatizas, por uma vontade de correr o risco de reentrada naquilo a que antes dirias jamais entrar. Chega uma hora em que uma coisa estranha, uma maldita saudade toma conta de ti e tu ganhas razões absolutamente inexplicáveis para te aproximares daquilo de que antes fugias.
E é aí que tudo recomeça. Lindo! Mas continuarei num outro post...
Curioso, já tinha pensado nisto. Acho que "ELE" já me salvou uma série de vezes...Devo ter ainda alguns planos por realizar, logo eu , que deixei de fazer planos. Sim, eu, que sou um chato do caraças, mas "ele" até vai à bola comigo!!! Lindo texto Guiduxa. Boa noite. Bjo.
ResponderEliminarEle vai à bola com todos! Sem excepção. Apenas confia e vive um dia de cada vez. O mais, Ele fará. Tenho preparada já a segunda parte desta reflexão. O amor de Deus é sublime. Que o possas experimentar a cada dia também. Oro por ti. Bom regresso!
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