sábado, 13 de janeiro de 2018

Aqueduto dos Pegões - parte I


Caminhos sempre me fascinaram. Aventuras que levam à descoberta, também.


Trilhos de caminhos de ferro antigos, trilhos pela floresta, casas antigas sempre exerceram fascínio e atracção sobre mim. Mas com a idade, esta coisa de levar a vida a sério e sem frio na barriga, que é uma chatice, muitos projectos interessantes vão ficando adiados e alguns até, acabam por nunca ver a luz do dia.


Já há muitos anos, muitos mesmo, que me intrigava o Aqueduto dos Pegões, aqui ao lado da minha cidade. A sua magnificência sempre me encantou, em qualquer momento do dia ou do ano, mas não me chegava.  


Aquele pedaço de pedra exposto para turista apreciar, não me chegava. Sempre me interessou saber a totalidade do seu percurso. 


Até onde ia, eu sabia. Aliás, faz parte da descrição da sua história, tendo sido este aqueduto construído para levar água até ao Convento de Cristo, abastecendo assim a população residente na altura. Mas onde nascia, apesar da pesquisa, eu não sabia exactamente.


Então um dia destes, munida de companhia, que isto de percorrer caminhos desconhecidos não é para solitários, pelos riscos envolventes, fomos visitar o Aqueduto. 


Com obras de reconstrução aqui e ali, que o desgaste já se vai fazendo notar, para além do risco de derrocada em alguns trechos, decidimos ir à descoberta.
De frente para o Aqueduto, fomos pelo lado esquerdo, aquele que leva ao Convento de Cristo.


Nestes dias curtos de Inverno o dia cai cedo, mas isso não nos desencorajou, antes nos brindou com uma luz fantástica... e um frio cortante, mas isso já são outros pormenores...


Pena parte do caminho ter sido queimado pelos fogos do Verão. Mas mesmo assim, ainda nos restavam pinheiras frondosas, vegetação densa, terrenos limpos e um aqueduto ainda preservado, embora danificado aqui e ali. Não mostrado aos turistas, porque sei lá por onde andámos, provavelmente por terrenos privados, mas preservado nalgumas partes ainda com a sua majestade antiga, com arcos gigantes no meio de nenhures.


Saberão as pessoas a riqueza que ali se esconde? Melhor, terão curiosidade acerca disso? 


Porque é com estas riquezas que a vida é valorizada. Não com o exposto para todos verem, não com o grande e bonito, mas com o escondido, com o que se descobre de surpresa em surpresa, com o que não se mostra para todos e que no fim, acaba por ser tão ou mais bonito que o "oficial". 


No fim do caminho, detivemo-nos por longo tempo, já quase não se via, a apanhar pinhões do chão, resgatando mais momentos da infância, quando ia com os meus pais e amigos para o pinhal e, enquanto os adultos preparavam o almoço, com sardinhas assadas e saladas, as crianças deambulavam pelo terreno a brincar, a saltar e apanhar pinhões. Comi muitos pinhões assim, nessa altura da minha vida.


E era tão fácil que, chegada à idade adulta, fiquei sem perceber o porquê deste fruto seco ser tão caro. Percebo agora que o seja, mas taaaanto? 


Concluímos que o aqueduto vai até certo ponto por cima da terra, e depois desse ponto prossegue debaixo dela até à Mata, onde encontra a Cadeira d'El Rey, grande tanque que recebia as águas transportadas pelo Aqueduto e que daí a conduzia até ao Convento, numa extensão daquele, que é possível ver enquanto caminhamos calmamente pela Mata, o pulmão verde da nossa cidade.


Bom, a verdade é que viemos para casa com uma mão cheia de pinhões e a barriga cheia de descobertas e aventuras pelo trilho percorrido.


Mas o bichinho da curiosidade ficou mais forte e ficou com ele a promessa de fazer a parte direita do Aqueduto, o Aqueduto - parte II, como lhe chamamos.


O mais engraçado é que, mal sabíamos nós, que a parte II ainda iria levar a uma parte III. Isto promete! :)



7 comentários:

  1. Ai oh pá...Jazus!!! Que inveja pá!!! tb kero!!!

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  2. Opá que engraçado! Ao ler-te e a ver estas imagens, pensei que somos mesmo parecidas na forma de estar na vida!
    Beijinho minha querida, tem um fim de semana maravilhoso

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    1. Que giro, querida Catarina. É sempre reconfortante encontrarmos com quem nos identificamos. Beijo grande e bom fim de semana.

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  3. E que bom passear através dos seus olhos! Beijinho

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    1. É um privilégio ter a sua companhia, querida Manuela. Beijo.

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  4. Mas que passeio delicioso e que história interessante!!! Tudo isso, toda esta construção para levar água até o convento?? Que loucura!!! Fiquei louca de vontade de "turistar" por aí!
    Obrigada pelo passeio, minha flor!
    E obrigada pelo carinho e pelas lindas palavras que deixas no meu blog! Falo isso por todos os comentários feitos até hoje, mas em especial porque acabei de reler o que deixaste quando falei da morte do amigo Trieste. Me emocionei relendo!
    Mais uma vez, obrigada pelo passeio de domingo! Fiquei muito curiosa para saber mais sobre este aqueduto!
    E um excelente começo de semana para vocês!
    Bjinho!

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    1. Percebi o quanto a morte do teu amigo te tocou. Por isso fico contente que as minhas palavras possam ao menos ter deixado um pouquinho de alento no teu coração. Quanto ao aqueduto, sim, é uma obra grande, com cerca de 6 ou 7km de extensão, tudo para levar a água da nascente até aos habitantes do convento. Antigamente faziam-se obras bem grandes, tendo em conta que não existiam a maquinaria nem a tecnologia que existem hoje. O ser humano é incrível. Vamos aproveitar o que cada um de nós tem de bom! :) Beijo grande, querida Tiane.

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