Moisés. Conhecem? Figura incontornável do Velho Testamento.
Vamos falar sobre ele e consequentemente, sobre nós? Então convido-vos mais uma vez a sentarem e a pegarem uma bebida quentinha ou fresquinha, conforme a vossa localização no globo :)
"E dali (Moabe) partiram para Beer; este é o poço do qual o Senhor disse a Moisés: Ajunta o povo e lhe darei água. (Então Israel cantou este cântico: Sobe, poço, e vós cantai dele: Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões.) E do deserto partiram para Matana;" - Números 21, 16-18
Mais do que ler a Bíblia, sempre achei preferível entendê-la. O que não se revela tarefa linear, em especial se se tratar do Velho Testamento. Então adoro pesquisar, estudar, analisar pontos de vista, aprender, portanto, para que tudo faça mais sentido no contexto que leio e que sinto dento do coração. Esta passagem refere-se a Moisés, quando este atravessava o deserto com o povo rumo à terra prometida. E, apesar de, para nós, serem palavras traduzidas para a nossa língua, no original elas são poesia pura, são um cântico cheio de beleza e melodia. Pena que não o consigamos perceber apenas ao ler...
Lembro-me da figura de Moisés nos filmes que passavam na televisão (e certamente ainda passarão, eu é que quase não vejo televisão...) e lembro-me da imagem que guardei dele, desde o seu nascimento, numa história que alimentou o meu imaginário infantil e me ajudou a crescer a acreditar em milagres.
Moisés é um homem marcado pela sina da água, pois o seu próprio nome já significa "tirado das águas". Ele carrega, desde o nascimento, essa dor, esse problema com a água, diante da possibilidade de ter morrido quando puseram na água o cestinho onde ele, bebé, estava.
E na sua vida adulta, durante a sua caminhada de quarenta anos com o povo de Israel pelo deserto, tudo teve a ver com água. Senão vejamos: começou por ferir as águas do rio Nilo, que se tornaram em sangue; teve que abrir as águas do Mar Vermelho e lá vai ele; mais adiante, problemas do povo com a sede. Água é sempre um problema no deserto; e de vez em quando ela não existia e eles esperavam que Moisés fosse o provedor de água para o povo - através de uma mediação de Moisés junto de Deus.
E de tanto que pediram água e reclamaram por outras coisas a este homem a quem, de todas as vezes que o chamavam pelo nome, ele ouvia o nome de água, ele já estava que não aguentava.
E chegamos a este episódio em que, mais uma vez, o povo pede água. Tendo Moisés buscado a Deus sobre este assunto, Deus diz-lhe: "Fala à rocha e ela dará água". Tão somente isto. Mas Moisés estava tomado pelo cansaço e pela ira e, em vez de o fazer, levantou a mão, pegou na sua vara e com ela feriu a rocha duas vezes.
Apesar de ele não ter feito como Deus dissera e porque o Senhor é bom e a sua misericórdia dura para sempre, saíram muitas águas da rocha e bebeu a congregação e os seus animais. Mas esta desobediência teve como consequência o facto de Deus não ter permitido que Moisés fizesse entrar o povo na terra prometida.
Mas antes disso, antes que Moisés viesse a morrer, houve este episódio sobre o qual lemos.
Depois da desobediência de Moisés ao Senhor, o povo voltou a pedir água. E aqui a delicadeza divina diz: "Moisés, tu estás livre desse mal, agora tu vais ensinar o povo a, ele próprio, lidar com o problema da água. Reúne o povo, tu não vais mais ser o mediador da água." Um pouco ao estilo do "dá-me um peixe. não, dou-te a cana e ensino-te a pescar". Porque mesmo o indivíduo que carregue a consciência de um Moisés corre o risco de ficar tão acossado, tão oprimido, tão pressionado por demandas tão exigentes, tão extravagantes, tão contínuas, tão desumanas, tão imponderadas e tão ferinas, que perde a sobriedade.
Então, Moisés reuniu-os. E eles ficaram à espera de uma providência com aquela famosa vara que ferira o Nilo, abrira o Mar Vermelho e fizera tantos outros sinais e prodígios no curso daquele período. Mas agora a vara está quietinha, ao lado de Moisés, e ele, calado, a olhar para o povo.
E a voz de Deus no seu coração apenas diz o seguinte: "Reúne o povo e à frente dele põe os príncipes das tribos de Israel - todos os príncipes, todos os líderes - e manda que eles cantem enquanto olham para o chão; que eles façam uma poesia à terra, que eles façam uma poesia à aridez, que eles façam uma poesia à secura; que eles componham um cântico à poeira, que eles façam brotar dos seus corações um manancial poético e de louvor, com rima e com gratidão; e que eles cantem aos céus enquanto olham para o chão e que entoem um cântico que diga: "Sobre, poço, e vós cantai dele! Sobe, poço, e vós cantai dele! Sobe, poço, e vós cantai dele!" E a canção prossegue ainda noutro verso, que diz: "Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões." Não esqueçamos que isto era um cântico cheio de beleza e de rima.
E Moisés quieto, enquanto segurava a sua vara e assistia àquela multidão, com os príncipes em círculo, diante do nada, da poeira do deserto, de coisa alguma, apenas a cantar aos céus e a fazer poesia para o chão, enquanto diziam: "Sobe, poço, e vós cantai dele! Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões. Sobe, poço, e vós cantai dele!" Enquanto eles assim faziam, as águas começaram a brotar. Daí o lugar se chamar Beer, que significa "poço".
Antes, aquele lugar era árido, mas ali aconteceu um poço, que brotou do nada - evocado pelo louvor, pela poesia, pelo cântico, pela gratidão. Como Deus é bom!
E esta história tem continuação em nós, mas espero partilhar o resto convosco, num próximo post. Até lá, que o vosso Domingo seja repleto de amor paternal, para quem tem os seus pais junto de si :)
Adorei ver as lindas fotos intercaladas com as palavras da Bíblia tão bem explicadas, tão didaticamente aqui trazidas. Uma leveza maravilhosa e nos faz ler e querer mais! Adorei! bjs, linda semana,chica
ResponderEliminarQue lindas as suas palavras, Chica! Obrigada. Acredito que seja um tema controverso, de pouco interesse para alguns, um pouco extenso até, mas adoro esta partilha, esta partilha do que sinto em Deus e do que vejo na natureza que Ele nos dá. E não é da minha natureza ir contra a minha própria natureza em partilhar aquilo que sinto e creio ser de bênção :) Beijo grande.
EliminarOlá bom dia minha querida!
ResponderEliminarComo sempre passar aqui transmite-me tanta tranquilidade! Obrigada por isso!
Lindas imagens acompanhdas de bonitas palavras!
Beijinho enorme e continuação de boa semana!
Obrigada, querida Catarina. Que a tua semana seja também muito abençoada e que tudo contribua para que possas sorrir, pois tudo é crescimento :) Beijo grande.
EliminarTe confesso que não sou uma leitora da Bíblia. Já pensei em fazê-lo várias vezes, mas nunca o fiz, a não ser nas aulas do colégio.
ResponderEliminarAs árvores são oliveiras?
Lindas imagens!
Um grande bjinho!