sábado, 25 de agosto de 2012
Casa amarela
Foi naquele pedacinho amarelo que cresci. Tinta descascada, cortinas rasgadas, pedra escurecida, madeira gasta. Recordações, é só o que resta. Muitos momentos à janela a ver a água da levada correr, a atirar pão aos patos e a ver as pessoas passarem. Muitas bandas, procissões e cortejos foram vistos da varanda do primeiro andar. Muitos pensamentos correram com os pingos de chuva que escorriam dos fios da electricidade. Muitos raios que caíram no pára-raios da chaminé em frente, e eu que sempre gostei de assistir a trovoadas. Muitas inundações quando a levada transbordava em invernos rigorosos. Isto tudo de quando a vista era de lá para cá, naquele pedacinho amarelo a que chamei casa durante 23 anos. De tudo, gosto de reter sempre o bem.
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Nas andanças pela net, cheguei até aqui.
ResponderEliminarTem um blog muito agradável, parabéns!
Patricia.
Por que, mesmo as pessoas que não têm o dom da poesia, ao falarem de sua infância, o fazem de forma tão poética?
ResponderEliminarSeu texto é pura poesia.
Ao lê-lo pareceu-me ver um filme doce e suave, tendo você como protagonista.
Beijo carinhoso.
E assim deve ser. O que poderia estampar no rosto um sorriso e trazer alento ao coração???
ResponderEliminarSomente o bem.
;)
Que lindo te ler.Nos levaste até lá poeticamente.Lindo,adorei!!Bela casa amarela e foto! Linda semana!beijos,chica
ResponderEliminarÉ pena que hoje esteja assim, com as cortinas rasgadas e a parede descascada. Pelo menos, ficam as boas memórias!
ResponderEliminarTenho saudades...
ResponderEliminarComo é que conseguiste fotografá-la?
Do lado de cá do rio, do lado do Convento de Sta. Iria, que se vê da ponte velha, e onde costumam estar os pescadores, a margem foi limpa e dá para passear. E como a "central" dá de costas para essa parte e está a ser restaurada, num dos meus passeios, por entre um dos arcos, vi a minha casa. E resolvi registá-la. Dá pena olhar para ela assim... Muitas conversas tivemos nós à janela! Beijo.
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