Este foi o primeiro quadro grande que bordei. Há uns 12 anos! Demorou pouco tempo a bordar, tal era o vício. Desesperei o tisoiro, na altura ainda namorado, que estava a ver que não chegava a marido. Reconheço, parecia haver alturas em que era difícil para ele competir com a obra a crescer, a ganhar cor e forma, mas ele venceu. Vence sempre.
Todos perguntam se é o projecto da nossa casa. Eu rio. O projecto é diário e vai sendo construído dia-a-dia. A nossa casa é o nosso coração, o resto são paredes, mais ou menos bem decoradas, mais ou menos enfeitadas conforme o gosto.
O seguinte foi o segundo grande quadro. Gosto de faróis. Não sei bem porquê. Mas transmitem-me qualquer coisa de grandioso, ao mesmo tempo que lhes reconheço humildade. Devaneios...
O seguinte foi emoldurado à pressa. Telefonou-me o dono da loja à meia-noite, já eu estava a dormir. "Já está pronto! Quer vir buscar?" Não fui, claro, àquela hora... Era para levar para a feira de artesanato de Constância, para a qual estava em ir caso houvesse alguma desistência na já completa lista de artesãos. Não houve, não fui, portanto fui buscar o quadro no dia seguinte, já sem pressa, e está hoje na minha sala.
O próximo está na minha cozinha. Foi o único que sobrou da feira de artesanato de Almeida. Vendi bem, naquela feira. A minha primeira feira e a mais especial por isso mesmo. Era tudo tão rudimentar. Alguns artesãos expunham nos antigos currais, entre muros de pedra, e outros entre tábuas e andaimes, que nós prontamente transformámos em formosas vitrines. Também houve os que ficaram no pátio do celeiro. Lindo. No Domingo de manhã era ver a invasão de espanhóis. Nunca, só em Espanha, vi tanto espanhol junto num espaço tão pequeno, mas eram todos tão simpáticos.
Estes são alguns dos meus exemplares.
Já perdi a conta aos quadros que já bordei, às toalhas, aos panos, aos conjuntos de cozinha, aos lençóis, aos sacos, aos naperons, às fitas, a tanta, tanta coisa. Quase tudo para oferecer ou vender. Portanto, são tantos os que têm um bocadinho de mim em suas casas.
É um prazer ver um trabalho a evoluir, seja ele qual for, mas o ponto cruz tem o sabor especial da cor, da mão, da agulha a furar o pano e a criar imaginações e sonhos e fantasias e anseios, e no fim ver, com satisfação, que ainda que tudo pareça igual, já tudo está diferente.
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